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Técnico da Seleção Brasileira de futebol de cegos comenta mudanças de regras da modalidade

Fábio Vasconcelos passa instrução durante treino da Seleção Brasileira de futebol de cegos | Foto: Ale Cabral/CPB
O técnico Fábio Luiz Ribeiro de Vasconcelos, 47, está à frente da Seleção Brasileira de futebol de cegos desde 2013. Em nove anos, ele dirigiu a equipe em dois Jogos Paralímpicos (Rio 2016 e Tóquio 2020) e conquistou duas medalhas de ouro. Aliás, desde que a modalidade entrou no programa do megaevento, o Brasil sempre subiu ao lugar mais alto do pódio e nunca perdeu sequer uma partida. São 27 jogos, com 21 vitórias e seis empates. 

No entanto, tal predominância brasileira será colocada à prova neste ciclo paralímpico Paris 2024. Isso porque a IBSA (sigla em inglês para Federação Internacional de Esportes para Cegos) mudou algumas regras da modalidade.

A principal foi a alteração do tempo de jogo. Antes, as partidas duravam 40 minutos cronometrados (20 minutos cada período). Agora, os duelos duram 30 minutos, também cronometrados, divididos em dois tempos (15 minutos cada). Para o treinador, essa mudança específica pode prejudicar a Seleção Brasileira. Segundo Fábio, times menos técnicos vão se beneficiar de confrontos mais curtos para segurar empates. 

Por outro lado, ele elogiou a possibilidade de trocar goleiros para possíveis disputas de pênaltis. Fábio, inclusive, foi goleiro da Seleção Brasileira por nove anos, entre 2003 e 2012, sendo tricampeão paralímpico como jogador. Ou seja, ele participou das cinco conquistas do Brasil no futebol de cegos em Jogos Paralímpicos. 

Nesta entrevista, além de comentar as mudanças de regras da modalidade, o técnico também falou sobre a observação de novos talentos e os próximos desafios da Seleção, incluindo a Tango Cup, na Argentina, em Buenos Aires, competição para qual ele convocou jogadores que não têm tantas experiências internacionais. “O objetivo é dar rodagem a eles”, justificou. Confira a entrevista completa:

Qual é a sua opinião sobre as mudanças de regras no futebol de cegos?
Eu acredito que a diminuição de tempo é prejudicial para a modalidade como um todo. A cada ano que passa, o futebol de cegos tem atraído mais pessoas, pois as partidas são bem competitivas. Com menos tempo de jogo, seleções com menos nível técnico vão ser beneficiadas porque terão mais chances de segurar o empate e levar para os pênaltis. Além disso, com duelos mais curtos, a chance de termos tiros livres por excesso de faltas vai ser menor. Por outro lado, achei interessante a possibilidade de trocarmos os goleiros para as disputas de pênaltis. 

E quais as mudanças pretende implementar na Seleção para que a equipe se adapte às mudanças?
Apesar de não concordar com elas, não posso ficar reclamando. Vamos trabalhar para dar mais intensidade ao time, deixá-lo mais ofensivo e tentar decidir as partidas no tempo normal, evitando as decisões por pênaltis. No alto rendimento, não podemos viver do passado. Durante toda a trajetória da Seleção Brasileira, perdemos poucos jogos. As derrotas fazem parte do esporte, mas trabalhamos para ganhar mais do que perder. Além do trabalho, também sei que nossa comissão técnica e os nossos jogadores são humildes. Todos nós entendemos que precisamos treinar sempre para nos mantermos fortes na briga por títulos. 

Estamos em meio à Supercopa de futebol de cegos, com as quatro melhores equipes do Brasil na última temporada. Qual é a sua análise sobre a competição? 
O torneio é importante, pois consigo avaliar os atletas mais experientes, que eu já conheço, e entender como eles estão física e tecnicamente hoje. Além disso, analiso o comportamento dos jogadores jovens em uma competição de alto nível como é a Supercopa. 

No próximo mês de abril, a Seleção Brasileira vai disputar a Tango Cup, na Argentina. O que pode dizer sobre este torneio? 
São quatro seleções: Brasil, Argentina principal e de base e a Inglaterra. Pretendo rodar a nossa equipe e dar mais rodagem a atletas que não têm tanta experiência em competições internacionais. Tudo isso sem perder o foco de conquistarmos mais um título. Na única vez em que disputamos o torneio, em 2019, saímos vencedores. 

Tem percebido uma evolução de outras seleções?
Sim. Algumas seleções evoluíram bastante. Posso destacar a própria Argentina, que sempre foi uma rival muito forte, a China e o Marrocos, bronze nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Além delas, a Inglaterra também está evoluindo. Todos os continentes possuem times fortes. Isso é ótimo para a modalidade e o público também ganha, pois as partidas estão cada vez melhores. 

Patrocínio 
O futebol de cegos tem patrocínio das Loterias Caixa. 

Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)

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