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Calheiro mais antigo da Seleção Brasileira de bocha revela códigos de motivação em quadra; pares BC3 e equipe BC1/BC2 se classificam

Beto (à esquerda) ajeita a calha para a atleta Evelyn Oliveira durante Mundial do Rio | Foto: Dantas Júnior / Ande / Divulgação

O paulista Roberto Rodrigues Ferreira não é atleta, mas é um dos convocados mais antigos da Seleção Brasileira de bocha que disputa o Mundial da modalidade, que acontece na Arena Carioca 1, no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Na função de calheiro, já está há nove anos na equipe nacional e participa da sua terceira edição do evento na carreira.

A principal competição da bocha do ciclo Paris 2024 reúne mais de 170 atletas de 40 países em disputas individuais, por pares e equipes. As partidas têm sido realizadas no mesmo palco dos Jogos Paralímpicos de 2016. Os jogos de bocha acontecem nas estruturas das Arena Carioca 1 e a entrada é gratuita ao público.

“Beto”, como é popularmente conhecido na bocha, auxilia a atleta Evelyn Oliveira, porta-bandeira nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, desde 2010 a utilizar o instrumento chamado calha para realizar o arremesso das bolas durante as partidas pela classe BC3 (para atletas com deficiências severas que podem usar o material e ter auxílio de outra pessoa, no caso, o calheiro). 

Neste Mundial, ambos foram eliminados no individual ainda nas oitavas de final, quando a atleta paulista foi superada no tie-break pela tailandesa Ladamanee Kla-Han, após empate por 4 a 4 no tempo normal. Já neste domingo, 11, na disputa nos pares BC3, ao lado do mineiro Mateus Carvalho, venceram os dois primeiros jogos pela fase de grupos (10 a 0 sobre Peru e Colômbia) e conquistaram a classificação antecipada às quartas de final. 

“A bocha veio como uma oportunidade na minha vida que jamais esperava, não conhecia a modalidade. Fazia o curso de Educação Física na época quando recebi o convite de um coordenador do Sesi [em Suzano-SP] para participar desse projeto. E, no mesmo dia em que iniciei lá, em 23 de fevereiro de 2010, a Evelyn também ingressou no clube e nos conhecemos. Desde então, estamos juntos nessa parceria”, recorda o profissional de 39 anos.

Em campeonatos oficiais, como o Mundial do Rio, o calheiro tem de ficar virado de costas para o centro da quadra e não pode conversar com o atleta que está auxiliando, apenas ouvir as orientações do mesmo durante as partidas. Qualquer ação contrária a essas regras, o atleta sofre uma penalidade.

“Se você analisar, neste Mundial do Rio, os 10 melhores do mundo da classe BC3, tanto no feminino quanto no masculino, têm uma caraterística em comum: eles não trocam constantemente de calheiro. São parcerias de longos anos. Porque o calheiro não pode olhar para o jogo, mas só de olhar para o atleta já entende o que está acontencedo na partida. E, é nesse momento, que temos que ter o discernimento de que forma você vai ajudar, com apenas um olhar, uma vibração, um toque”, afirma Beto.   

“Com a Evelyn, eu tenho os nossos códigos. Se ela faz uma boa jogada, eu dou dois tapinhas no pé dela. Se a jogada não encaixou, eu aperto mais forte o ombro dela para ela sentir que é capaz, que pode vencer. É uma intimidade profissional muito bacana e que não se constrói da noite para o dia”, completa.    

Sua estreia na Seleção Brasileira foi em 2013, em um torneio Open de bocha no Canadá. Já em Mundiais, participou de três edições: Pequim 2014, Liverpool 2018 e, agora, Rio 2022. Na primeira convocação, na China, auxiliou o atleta Anderson Oliveira, irmão da Evelyn, também da classe BC3. 

“Conversamos muito com outros calheiros da Seleção porque, quanto mais informação você troca, enrique os dois lados. Seja sobre bola, adversários, equipamentos. Buscamos conversar, inclusive, com os auxiliares de outros países para ampliarmos o nosso nível de competitividade e fortalecer a nossa modalidade”, explica.

Para ele, apesar do profissional que atua como calheiro ser importante para os atletas da classe BC3 em quadra, sua maior contribuição para uma vitória de Evelyn foi quando estava fora dela – na conquista da medalha de ouro nos pares nos Jogos Paralímpicos do Rio 2016. 

“O jogo mais marcante nosso foi contra a Coreia [do Sul] em 2016. Não tenho outra data a não ser a final dos Jogos do Rio 2016. Por mais que eu não tenha jogado. Eu estava no ginásio, mas ela não me via. Isso era uma preocupação minha para não tirar a concentração dela. Você tem que preparar o atleta para ele, não para você. E aquele jogo coroou uma parte da nossa trajetória. E em um jogo que eu não estava em quadra”, finalizou.

“O Beto foi um presente de Deus na minha carreira. Cerca de 50% do que eu sou hoje é graças a ele. O Beto me construiu, me formou, fora de quadra. Ele me trabalha em vários aspectos e isso foi fundamental no meu desenvolvimento dentro do esporte e como pessoa. É um irmão que a vida me deu e hoje faz parte da minha família”, apontou Evelyn.  

Outros resultados

No primeiro dia da fase de grupos da disputa por equipes BC1/BC2, o Brasil também conseguiu a vaga antecipada às quartas de final. O trio brasileiro formado pela pernambucana Andreza Vitória, recém-campeã mundial no individual, além do cearense Maciel Santos e do potiguar Iuri Santos, venceu neste domingo, 11, com facilidade a Espanha na estreia por 15 a 1 e, mais tarde, fez 7 a 2 na Eslováquia. 

“Foi a nossa primeira partida e o nosso pensamento é encarar cada partida como uma final. Estamos preparados e confiantes para poder viver este momento e buscar trazer uma medalha para o Brasil. Jogar com a Andreza e Iuri é fácil, trabalhar com pessoas que ouvem, trabalham e querem o mesmo objetivo. Eles vão muito longe e vão trazer muita alegria para a nossa Seleção e para todo o Brasil”, afirmou Maciel Santos, o mais experiente do time e medalhista paralímpico e mundial.

Essa foi a primeira partida de Andreza Vitória na competição após a conquista do título mundial com a medalha de ouro na disputa individual neste sábado, 10, após a vitória sobre a croata Dora Basic por 3 a 1.  

Com isso, o Brasil chegou à sua oitava medalha conquistada na história da competição. Agora, são três ouros, três pratas e dois bronzes, conquistados em três edições – Lisboa 2010, Pequim 2014 e Rio 2022.

A dupla formada pelo paranaense Eliseu dos Santos e pela paulista Josi também entraram em quadra neste domingo, 11, pelo pares BC4 (para atletas com deficiências severas, mas que não recebem assistência) e tiveram uma vitória e uma derrota. Venceram a Croácia por 5 a 3 e foram superados por 8 a 0 pelo Canadá. Agora, decidem a classificação para a próxima etapa da competição contra o Japão nesta segunda-feira, 12. 

O Mundial de bocha acontece até a terça-feira, 13, quando acontecerão as finais das disputas de pares e equipes.

As partidas têm sido transmitidas ao vivo pelo Youtube da Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE), organizadora do evento. 

Serviço

Mundial de bocha paralímpica

Dias: de 6 a 13 de dezembro, a partir das 9h30
Local: Arena Carioca 1, Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro
Entrada: gratuita
Pela internet: Youtube da Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE)

Confira todos os jogos da Seleção Brasileira de bocha deste domingo, 11, no Mundial no Rio:

Equipes BC1/BC2
Brasil 15×1 Espanha
Brasil 7×2 Eslováquia

Pares BC3
Brasil 10×0 Peru
Brasil 10×0 Colômbia

Pares BC4
Brasil 5×3 Croácia
Brasil 0x8 Canadá

Patrocínio
A bocha é uma modalidade patrocinada pelas Loterias Caixa

Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)  

PATROCINADORES

  • Toyota
  • Braskem
  • Loterias Caixa

APOIADORES

  • Ajinomoto

PARCEIROS

  • The Adecco Group
  • EY Institute
  • Cambridge
  • Estácio
  • Governo do Estado de São Paulo

FORNECEDORES

  • Max Recovery