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Técnico da Seleção Brasileira de futebol de cegos afirma que renovação será o seu maior legado

Fábio Vasconcelos comanda treino do Brasil no CT Paralímpico | Foto: Alessandra Cabral/CPB

O técnico Fábio Vasconcelos, da Seleção Brasileira de futebol de cegos, está há mais de duas décadas na modalidade. Goleiro do Brasil, entre 2003 e 2012, e treinador a partir de 2013, ele coleciona todos os títulos possíveis da modalidade, incluindo cinco medalhas de ouro paralímpicas: três defendendo o gol (Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012) e duas à beira da quadra (Rio 2016 e Tóquio 2020).

Os títulos, porém, não serão o maior legado do paraibano de Campina Grande, segundo argumentou o próprio: o trabalho de renovação da equipe é o que mais lhe enche de orgulho.

Aos 49 anos e prestes a disputar sua sexta edição dos Jogos Paralímpicos, o técnico vive o desafio de comandar o grupo diariamente, já que os atletas se mudaram para João Pessoa (PB), no início do ano, para realizar a preparação aos Jogos de Paris 2024. Motivado e obstinado, ele comentou sobre a evolução após dois meses de atividades.

Confira a entrevista:

Completando dois meses desde o início do projeto, o que você, como treinador, já conseguiu identificar de mudanças positivas no seu grupo?

No início, foi aquela chegada, aquela mudança, todo mundo mudando de suas cidades. A gente fez uma pré-avaliação com o fisiologista da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) de pré-temporada. Como temos tempo até a competição principal, que são os Jogos de Paris, fizemos uma transição e, agora, chegamos à alta intensidade já com evolução. Dou o exemplo de Jefinho. Havia muito tempo que não via o Jefinho treinando como está aqui, praticamente sem dor. Mas o grupo todo está numa crescente. O grupo está muito feliz também. Isso é importante. Temos certeza de que chegaremos muito bem nos Jogos.

Das equipes que vão disputar os Jogos, você ainda acredita que Brasil e Argentina são as principais, ou poderemos ter alguma surpresa?

Do que eu vi no último Mundial, colocaria a China também no mesmo patamar. Tanto que eles empataram conosco na semifinal [venceram nos pênaltis] e com a Argentina na final [os argentinos levaram a melhor nas penalidades]. E outras seleções vêm evoluindo, como o Marrocos, que tem um atleta acima da média e pode surpreender. Se o treinador deles tiver uma estratégia correta e souber ler bem o jogo, é uma equipe para brigar. Mas as três mais fortes são Brasil, Argentina e China.

A gente tem uma geração que foi fantástica e continua dando frutos ao Brasil, com Jefinho, Ricardinho, mas ela não vai durar para sempre e, por isso, você iniciou um trabalho tão importante de renovação na base. Este será o seu grande legado como treinador, além dos títulos conquistados?

Acredito que essa renovação será o meu maior legado, mais até do que os títulos. Quando assumi o comando, em 2013, a gente não tinha Seleção de base. E quando rodei os Regionais e o Brasileiro para tirar dez atletas de até 25 anos, eu não consegui três. Com essa preocupação, fui mostrando à Confederação e, aos poucos, tínhamos uma fase de treinamentos por ano, depois duas. E hoje vejo com alegria que temos praticamente três Seleções: a sub-15, com crianças a partir de 9 anos, a sub-23 e a principal. E duas comissões técnicas, uma apenas para a base e uma para a principal. Para mim, este é o maior legado. Fico feliz de ver jogadores da base chegando à equipe adulta, como o Paraná, Lucas, Raynã, Anael… Hoje, já temos um celeiro para dar sequência e continuar brigando por medalhas.

Nos últimos anos, a gente viu, até por conta do equilíbrio maior entre os países, mudanças de regras como a que reduziu o tempo de jogo, a Seleção com muito mais dificuldades para ganhar algumas partidas. Isto é bom para o futuro da modalidade, ter cada vez mais equipes em condições de brigar de igual para igual com o Brasil?

Na minha visão, o futebol em si está evoluindo em todos os continentes. O Brasil ganhou muito, mas se você observar as finais, e eu participei de quase todas como goleiro ou treinador, nunca houve essa diferença de chegar um Brasil x Argentina na final e haver uma goleada. Nunca. É sempre pênaltis, prorrogação. Brasil x China, na semifinal em Pequim, o Brasil perdendo por 1 a 0, conseguiu virar nos últimos segundos. Então, pegando esses três países, nunca houve desequilíbrio. O Brasil ganhou muito, mas nunca foi fácil. O que eu fico feliz é em ver todos os continentes evoluindo. Marrocos, Japão… É interessante surgirem novos atletas, importante para todas as seleções.

Você começou a jogar em 2003 e já tem mais de uma década como treinador. O futebol de cegos ainda é uma motivação diária ou você já começa a pensar um pouco mais em família, no que gostaria de fazer após a carreira?

Quando era goleiro, eu me planejei para parar na hora certa, eu tinha isto na minha cabeça já. Havia ganhado três Jogos e sabia que iria encerrar em Londres 2012. E, como treinador, penso da mesma forma. Quero fazer a transição para encerrar na hora certa. Mas, como grande líder da Seleção em geral, tenho de pensar isso aos poucos, porque tenho responsabilidade com atletas, dirigentes, comissão técnica. Na minha concepção, preciso deixar tudo prontinho para sair na hora certa. Hoje, eu estou muito motivado. Tanto que teve gente que achou que, ao trazer a Seleção à Paraíba, ficaria mais fácil. Para mim, é muito mais trabalho, muito mais responsabilidade. Pensando como treinador, é muito melhor quando estamos em São Paulo, porque aí desligo tudo aqui na Paraíba, vou lá, chego com toda uma estrutura montada e fico só dando meus treinos de manhã e à tarde com uma comissão multidisciplinar. Mas eu quis trazer a equipe para cá porque eu sabia que estávamos precisando e, com isso, trouxe muita responsabilidade para mim. Tem gente achando que, agora, só porque estamos treinando diariamente aqui, chegaremos lá para sermos campeões. E não é assim. Pode ser que a gente chegue lá e não fique nem entre os quatro, futebol tem disso.

Como você analisa os treinadores de futebol de cegos, é uma função que também evoluiu junto com a modalidade?

Vem evoluindo. Acho que tem muito a melhorar ainda. E não falo só de treinadores, mas dos clubes. Se todos os clubes tivessem um trabalho diário, não precisaria dessa Seleção permanente, porque todos os atletas estariam trabalhando com bola. A maior preocupação da gente era que, depois da fase de treinamentos em São Paulo, a maioria voltava para casa e não trabalhava mais com bola. Ou treinava em um grupo que não é homogêneo, com gente mais velha, um trabalho menos puxado. Então, acho que parte dos clubes, precisariam se profissionalizar mais. Consequentemente, se o clube se profissionalizar, os técnicos vão evoluir e aí acontece o processo. Mas, como o futebol está crescendo em geral no mundo, a tendência é que isso melhore. A Confederação também está fazendo cursos, capacitando pessoal. A tendência é aparecer mais nomes ainda que, com seus trabalhos nos clubes, acabarão ajudando também no trabalho da Seleção Brasileira.

*Com informações da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV)

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