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No Meeting Paralímpico de Palmas, velocista se reconcilia com o próprio passado

Domingos Ferreira (ao centro) posicionado para a largada, durante o Meeting Paralímpico de Palmas (TO) | Foto: Rafael Batista/CPB

Entre os cerca de 120 atletas que participaram do Meeting Paralímpico de Palmas, no Tocantins, neste sábado, 31, havia um que vislumbrava não apenas seus próximos passos na pista de atletismo, mas também os traumas que deixou no passado. O velocista Domingos Ferreira, 25, pensava no pai falecido enquanto se aquecia para a prova dos 100m, classe T46 (deficiência nos membros superiores).

Em Palmas, foram realizadas provas de campo e pista na Universidade Federal do Tocantins, com 104 atletas inscritos. Já o Colégio Militar (Unidade 2) sediou disputas com 14 arqueiros, totalizando 118 esportistas na capital tocantinense.

“A raiva que eu tinha do meu pai eu transformei em energia para mudar minha vida por meio do esporte”, disse o tocantinense, uma das referências no atletismo paralímpico no Estado. “Meu pai chegava bêbado em casa, me batia quase todo dia, dizia que eu não era filho dele. E eu cresci com essa revolta, com essa desconfiança em relação ao mundo. Até que eu descobri o esporte paralímpico e aprendi que era possível ter uma vida diferente.”

Seu primeiro sonho foi ser jogador de futebol, e a paralisia no braço esquerdo não o impediu de ser goleiro do time da escola, em Dianópolis, a 330 quilômetros de Palmas – além do braço direito, ele usava as pernas, o peito e a cabeça para defender. Mas mesmo o bom desempenho não o livrou do bullying e da exclusão no esporte convencional. “Eu achava que sendo uma pessoa com deficiência eu nunca conseguiria ser atleta.” Então, uma professora o levou às primeiras provas paralímpicas em Palmas.

No universo paralímpico, Domingos testou provas de pista e de campo até se encontrar como velocista. Destacou-se no esporte escolar e, aos 17 anos, pegou um avião pela primeira vez rumo a São Paulo para participar das Paralimpíadas Escolares, outro evento organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro. “Quando eu vi aquela estrutura, conheci os outros atletas, eu me senti um atleta mesmo e decidi que eu ia viver pra isso.”

De volta a Palmas, no Instituto Reviver, ao lado dos professores Soraia Tomaz e Jones Soares, Domingos desenvolveu valores com os quais nunca tinha tido contato em seu ambiente familiar disfuncional. “Foi lá que eu aprendi o que era amar o próximo ou o que era companheirismo, disciplina, respeito. E, antes de entrar no esporte paralímpico, eu seria incapaz de ter essa conversa de agora”, afirmou ele, sorrindo. “Eu ficaria aqui do seu lado, de cabeça baixa, desconfiado. Hoje eu sou outra pessoa.”

Como atleta profissional, ele treina todos os dias na pista da Universidade Federal do Tocantins e vive do esporte, nutrindo o objetivo de chegar no Mundial de Nova Déli, em setembro. Na semana passada, ele ganhou ouro na primeira etapa do Circuito Paralímpico de atletismo, no Centro de Treinamento Paralímpico, na capital paulista. Neste sábado, Domingos participou do Desafio Brasil, uma competição do CPB e da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) que envolve atletas paralímpicos e convencionais. O Desafio Brasil é um dos eventos do Meeting Paralímpico.

Nos 100m, Domingos marcou 11s52. Já nos 400m, ele fez 51s99. O tocantinense considerou dois ótimos resultados.

Irmãs cadeirantes vivem senso de comunidade no esporte

Além de representar uma oportunidade para atletas de alto rendimento melhorarem suas marcas pessoais, o Meeting também é um instrumento de inclusão social por meio do esporte. Foi, por exemplo, a primeira participação da jovem atleta Beatriz Dalmas, de 8 anos, que competiu no lançamento de pelota (F55) e nos 100m (T54). Com restrição de mobilidade por causa de mielomeningocele e hidrocefalia, ela ainda se adaptava a sua nova cadeira de rodas, comprada especialmente para competições. Na pista da universidade, Beatriz se dizia tranquila para a estreia, embora seus gestos revelassem uma ansiedade natural pré-prova.

Rafaela Dalmas, mãe de Beatriz e sua maior incentivadora, comemorou a empolgação da menina entre outras crianças com deficiência. “Na escola, ela é a única criança cadeirante e sempre ficava se perguntando por que ela era assim, o que ela tinha feito pra ter nascido assim”, conta a mãe. “E eu sempre falava que ter uma deficiência é normal, que as pessoas são diferentes, que tinha outras crianças como ela. Mas uma coisa é a teoria e outra é a prática. Quando ela começou a praticar o esporte, conheceu outras crianças com deficiência e se sentiu parte de uma comunidade.”

E também passou a desenvolver outras habilidades, tanto físicas – como maior resistência e coordenação motora – como sociais e mentais. A garota ganhou medalhas nas duas provas em que competiu e espera continuar participando de outros eventos. Se depender da mãe, a irmã de Beatriz, Isabella, que nasceu com a mesma condição, seguirá o mesmo caminho no esporte paralímpico.

Sesi-SP faz melhores marcas

Na prova dos 100m, destacaram-se os atletas Lucas de Sousa Lima (classe T47) e Fabrício Ferreira (T13), ambos do Sesi-SP, que marcaram 10s93 e 11s01, respectivamente.

O Meeting Paralímpico tem o objetivo de desenvolver o paradesporto em todo o território nacional, com a participação de novos talentos e de atletas de elite. É realizado desde 2021, como uma atualização dos tradicionais Circuitos Loterias Caixa, que aconteciam desde 2005. Entre abril e agosto deste ano, o evento irá passar por todos os estados e pelo Distrito Federal.

Desde abril, o evento teve etapas em Porto Alegre (RS), Rio Branco (AC), Florianópolis (SC), Porto Velho (RO), Curitiba (PR), Cuiabá (MT), Salvador (BA), Campo Grande (MS), Aracaju (SE) e Goiânia (GO). As próximas etapas serão em João Pessoa (PB) e Belo Horizonte (MG), no dia 7 de junho.

Patrocínio
Braskem e ASICS são as patrocinadoras oficiais do atletismo.

Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)

PATROCINADORES

  • Braskem
  • Loterias Caixa

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