No Dia Nacional do Cego, comemorado neste domingo, 13 de dezembro, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) destaca a importância dos atletas paralímpicos para o empoderamento das pessoas com deficiência visual. A data foi instituída pelo presidente Jânio Quadros em 1961 por meio do decreto nº 51.045 e tem como objetivo a diminuição do preconceito e a discriminação sofrida pelas pessoas cegas ou com baixa visão.
Uma das ferramentas para combater o preconceito é o conhecimento. Então, separamos cinco histórias de grandes atletas com deficiência visual, entre tantas, para você conhecer. Confira abaixo:
– Ana Carolina Duarte
A Ana Carolina Duarte, 33 anos, é jogadora de goalball. Essa modalidade paralímpica é a única que não foi adaptada para pessoas com deficiência, pois foi criada especificamente para ser praticada por pessoas cegas ou com baixa visão.
Aos 11 anos, Carol teve um tumor cerebral. Devido à doença, perdeu parte da visão. Logo após, fez reabilitação no Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, onde conheceu o goalball durante as aulas de educação física.
A ala da Seleção Brasileira de goalball participou da conquista do bronze no Mundial da modalidade de Malmö, na Suécia, em 2018, que garantiu a vaga feminina do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. A carioca também é bicampeã parapan-americana (Lima 2019 e Toronto 2015), além de ter contribuído para a conquista da prata no Parapan de Guadalajara 2011.
A Seleção Brasileira feminina foi a primeira da modalidade a representar o país em Jogos Paralímpicos, na edição de Atenas 2004. Mas foi a masculina que conquistou a primeira medalha no goalball ao ser vice-campeã nos Jogos de Londres 2012.
Na edição seguinte, Rio 2016, o time masculino subiu ao pódio para receber o bronze. Quem também participou desses feitos e merece ser lembrado nesta data é o brasiliense Leomon Moreno. O ala de 27 anos também integrou a equipe campeã no Mundial de 2018, quando o Brasil conquistou sua vaga nos próximos Jogos Paralímpicos.
– Antônio Tenório
Não tem como falar de judô paralímpico sem citar Antônio Tenório. O judoca, que é dono de seis medalhas paralímpicas (quatro ouros, uma prata e um bronze), completou 50 anos em outubro e ainda irá defender o país em sua sétima participação em Jogos, que será em Tóquio 2020.
Tenório é paulista de São José do Rio Preto. Aos 13 anos, quando brincava com amigos, foi atingido no olho esquerdo por uma semente de mamona, o que causou um descolamento de retina e o deixou cego deste olho. Seis anos mais tarde, uma infecção no olho direito o deixou totalmente sem visão.
O tetracampeão já praticava judô desde os oito anos de idade, então precisou fazer a adaptação para o judô paralímpico. A primeira vez que fez tocar o hino nacional em Jogos Paralímpicos foi na edição de Atlanta 1996. Nos próximos ciclos, sagrou-se campeão mais três vezes (Sydney 2000, Atenas 2004 e Pequim 2008). Ainda conquistou o bronze nos Jogos Paralímpicos Londres 2012 e a prata no Rio 2016.
Outros judocas com deficiência visual também têm feito história na modalidade. A paulista Alana Maldonado, 25 anos, conquistou a primeira medalha de ouro do Brasil em Mundiais no Campeonato de 2018, em Lisboa, Portugal. A brasileira também foi vice-campeã nos Jogos Paralímpicos do Rio 2016.
– Jerusa Geber
O atletismo é a modalidade brasileira com o maior número de medalhas paralímpicas, com a velocista Ádria Santos, que conquistou 13 medalhas (quatro ouros, oito pratas e um bronze), sendo a principal vencedora neste esporte. Atletas como Terezinha Guilhermina e Lucas Prado, entre outros, também são nomes importantes na história do atletismo paralímpico nacional.
Mas, neste dia 13 de dezembro, o destaque será a história da atual recordista mundial dos 100m da classe T11 (atletas cegos), a acreana Jerusa Geber, de 38 anos. Ela também coleciona três medalhas paralímpicas: as pratas dos 100m e dos 200m nos Jogos Paralímpicos Londres 2012 e o bronze dos 100m em Pequim 2008
Jerusa nasceu totalmente cega. Fez algumas cirurgias que possibilitaram que ela enxergasse um pouco, mas aos 18 anos voltou a perder totalmente a visão. Conheceu o esporte paralímpico aos 19 anos a convite de um amigo também com deficiência visual.
A velocista estabeleceu a melhor marca nos 100m T11 feminino (11s85) no Campeonato Brasileiro de Atletismo de 2019. Menos de dois meses depois, foi campeã da mesma prova no Mundial de Atletismo de Dubai. Assim, ela chegou à marca de sete medalhas mundiais, sendo dois ouros e cinco pratas.
LEIA MAIS
– Conheça 5 profissionais que ajudam os atletas com deficiência visual
– Entenda por que os atletas com deficiência visual precisam usar vendas nas competições
– Como professores de Educação Física podem orientar alunos com deficiência visual à distância?
– Ricardo Alves (Ricardinho)
A Seleção Brasileira de futebol de 5 por si só merece uma homenagem no Dia do Cego, porque é a maior referência do futebol adaptado para jogadores com deficiência visual. A equipe nacional é pentacampeã mundial e tetracampeã parapan-americana, além de ser a única a subir no degrau mais alto do pódio paralímpico desde que a modalidade foi inclusa no programa dos Jogos em Atenas 2004.
Muitos atletas contribuíram para esse histórico impecável. Um deles é o atual presidente do CPB, Mizael Conrado, que foi bicampeão paralímpico (Pequim 2008 e Atenas 2004). Outro destaque da modalidade é o baiano Jeferson da Conceição, o Jefinho, que coleciona três ouros paralímpicos (Rio 2016, Londres 2012 e Pequim 2008).
Outro atleta que está entre os principais craques da Seleção veio de Osório, no Rio Grande do Sul. O gaúcho Ricardo Alves, 31 anos, foi eleito o melhor jogador do mundo duas vezes: em 2006 e em 2014. Conhecido como Ricardinho, o atleta começou a jogar futebol de 5 com 10 anos, após perder a visão devido a um descolamento de retina aos seis.
O ala ofensivo participou da conquista de três ouros paralímpicos (Rio 2016, Londres 2012 e Pequim 2008) e é tricampeão Mundial (Madri 2018, Japão 2014 e Inglaterra 2010).
– Wendell Belarmino
Brasiliense de 22 anos, Wendell Belarmino é o caçula desta lista, mas já garantiu sua vaga nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, que ocorrerão em agosto de 2021. O nadador da classe S11 (para cegos) conquistou a medalha de ouro nos 50m livre e prata nos 100m livre e no revezamento 4x100m livre 49 pontos no Mundial de Londres 2019.
Antes de chegar à capital inglesa, Wendell contribuiu para a campanha histórica do Brasil nos Jogos Parapan-Americanos de Lima com seis medalhas. Foram quatro ouros nos 50m e nos 100m livres, nos 100m borboleta, nos 200m medley, e duas pratas nos 100m peito e nos 400m livre.
Wendell nasceu com um glaucoma e, desde jovem, praticava natação em aulas como diversão. Com o tempo, passou a dedicar-se exclusivamente à modalidade. Atualmente, é considerado uma das principais promessas do Movimento Paralímpico nacional.
Outro grande nome da natação paralímpica atualmente é a pernambucana Carol Santiago, da classe S12 (atletas com baixa visão). Ela teve o ano de 2019 como o melhor da sua carreira, quando conquistou quatro ouros nos Jogos Parapan-americanos de Lima e outros dois ouros e uma prata no Mundial de natação paralímpica de Londres, garantindo sua vaga em Tóquio
Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível
Os atletas Alana Maldonado, Antônio Tenório, Maria Carolina Santiago são integrantes do Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível, programa de patrocínio individual da Loterias Caixa que beneficia 70 atletas e sete atletas-guia.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)