Apesar de os Jogos Paralímpicos terem sido realizados pela primeira vez em 1960, em Roma (ITA), as primeiras medalhas conquistadas por mulheres do Brasil vieram em 1984, quando os Jogos foram disputados em duas cidades-sede: Nova York (Estados Unidos) e Stoke Mandeville (Inglaterra). Márcia Malsar (200 metros rasos), Amintas Piedade (arremesso de peso e lançamento de dardo 1C), Maria Jussara Mattos (natação) e Miracema Ferraz (arremesso de peso 1A, natação e slalom) garantiram os primeiros pódios femininos para o país na história.
De lá para cá, muitas mulheres brasileiras ganharam destaque mundial por seus feitos paralímpicos. A velocista mineira Ádria Santos, por exemplo, tem até hoje seu nome na história do esporte paralímpico como a maior medalhista feminina do país, com 13 medalhas conquistadas (quatro ouros, oito pratas e um bronze) em seis edições de Jogos, de Seul 1988 a Pequim 2008.
Mais recentemente, as mulheres continuaram quebrando marcas no paradesporto. Por isso, nesta sexta-feira, 8, quando comemora-se o Dia das Mulheres, relembramos algumas conquistas inéditas que as mulheres realizaram no esporte paralímpico. Esses feitos levaram em consideração os dois gêneros (homem e mulher). Confira:
Aline Rocha – 1º ouro do Brasil no esqui cross-country
A paranaense Aline Rocha conquistou a primeira medalha de ouro brasileira em um Mundial de esqui cross-country paralímpico. O título veio em janeiro de 2023, em Ostersund, na Suécia. A medalha da paranaense, que tinha 33 anos à época, veio na prova rápida (sprint). Aline completou o percurso de um quilômetro em 3min10s38. Ao longo da competição, ela ainda obteve mais uma medalha de bronze na prova de média distância (10 km) e outra nos 18km.
A atleta compete em provas de neve desde 2017. No ano seguinte, em 2018, tornou-se a primeira mulher do país a competir em uma edição dos Jogos Paralimpícos de Inverno, em PyeongChang, na Coreia do Sul.
A paranaense, que ficou paraplégica após um acidente de carro em 2015, também compete nas provas de velocidade e meio-fundo em cadeira de rodas pelo atletismo.
Em 2024, ela tornou-se a primeira brasileira cadeirante a receber a mandala das Six majors, reconhecimento dado a atletas que completam seis provas da World Marathon Majors: Boston (EUA), Nova York (EUA), Berlim (Alemanha), Chicago (EUA), Londres (Reino Unido) e Tóquio (Japão). A última das provas foi realizada em março deste ano e a paranaense terminou os 42,195 quilômetros em 1h44min20, o que deu a ela a quinta colocação.
Débora Menezes – 1º ouro do Brasil em Mundiais de taekwondo
Em fevereiro de 2019, a paulista Débora Menezes fez história ao conquistar a medalha de ouro no Campeonato Mundial de taekwondo, que aconteceu em Antalya, na Turquia. Foi a primeira vez em que o Brasil conquistou o título mundial da modalidade. Com o resultado de 7 a 3, Débora Menezes, pela então categoria acima de 58kg, tornou-se campeã mundial ao derrotar a atleta do Uzbequistão Guljonoy Naimova, quarta colocada no ranking mundial naquela época.
A atleta, com então 28 anos, venceu as quatro lutas que disputou na classe K44 (para deficiência em pelo menos um dos membros superiores) no Campeonato Mundial. Nas oitavas de final, Débora passou por Palesha Goverdhan, do Nepal, por 15 a 13. Em seguida, nas quartas de final, ela superou a marroquina Rajae Akermach, segunda colocada no ranking, por 5 a 3 e avançou para as semifinais. Nesta etapa, sua adversária foi a francesa Laura Schiel, terceira no ranking mundial, e a disputa terminou em 16 a 5.
Débora nasceu com má-formação abaixo do cotovelo direito. A paulista é bacharel em Educação Física e conheceu os esportes paralímpicos no fim da graduação. Ela competiu no lançamento de dardo até 2013, quando começou a praticar o taekwondo paralímpico por hobbie. Em 2015, recebeu o convite para dedicar-se ao alto rendimento.
Jade Lanai – 1º título de Grand Slam no tênis em CR
A tenista brasiliense Jade Lanai, com então 17 anos, conquistou o título feminino de simples do US Open Junior em cadeira de rodas em setembro de 2022. Na decisão do Grand Slam norte-americano, um dos quatro torneios mais importantes da modalidade, ela superou a japonesa Yuma Takamuro por 2 sets a 1, parciais de 7/5, 2/6 e 7/6 [10-5], em uma partida que durou mais de duas horas.
Foi a primeira vez na história que o Brasil faturou um título de Grand Slam no tênis em cadeira de rodas. Além do troféu na chave de simples do US Open, Jade também foi campeã em duplas, ao lado da norte-americana Maylee Phelps, adversária que a brasileira derrotou na semifinal de simples. Elas derrotaram a britânica Ruby Bishop e a norte-americana Lily Lautenschlauger por 2 sets a 0: duplo 6/0.
Jade começou a se destacar nas Paralimpíadas Escolares, maior competição entre crianças e jovens com deficiência no mundo. Sua primeira participação no evento organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) foi aos 12 anos.
A brasiliense ainda participou de mais dois projetos do CPB: Camping Escolar, que insere jovens em uma rotina de alto rendimento, e o Centro de Referência, iniciativa que aproveita espaços esportivos em todas as regiões do país para desenvolver o paradesporto desde a base até o alto rendimento.
Mariana D’Andrea – primeiros ouros paralímpico e mundial do halterofilismo
A paulista Mariana D’Andrea, 25, conquistou as primeiras medalhas de ouro do halterofilismo brasileiro em Jogos Paralímpicos e em Mundiais da modalidade.
O título paralímpico veio nos Jogos de Tóquio 2020, quando a atleta, que tem baixa estatura, competiu na categoria até 73kg. Ela obteve o ouro ao erguer 137kg, três a mais do que a medalhista de prata, a chinesa Lili Xu.
Já a medalha de ouro inédita em Mundiais foi obtida em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em agosto de 2023. Competindo na categoria até 79kg, Mariana ergueu 151kg e superou por um quilo a nigeriana Bose Omolayo. O resultado garantiu a ela o recorde mundial da prova.
Mariana, nascida em Itu (SP), começou a treinar aos 15 anos, após receber um convite de seu técnico, Valdecir Lopes.
A primeira medalha do Brasil em Mundiais de halterofilismo, no entanto, foi conquistada pela paranaense Márcia Menezes, em Dubai 2014. Ela obteve o bronze na categoria até 79kg e tornou-se a primeira atleta do país a subir ao pódio da competição.
Seleção Brasileira feminina de vôlei sentado – 1º título mundial do Brasil
A Seleção Brasileira feminina de vôlei sentado conquistou o primeiro título Mundial do país na modalidade em novembro de 2022, em Sarajevo, na Bósnia. O título veio com uma vitória sobre o Canadá por 3 sets a 2.
A equipe fez uma campanha invicta, com seis vitórias em seis partidas. No caminho até o título, passou por Alemanha, Itália, Finlândia, Ucrânia e Estados Unidos.
A Seleção feminina também é dona das únicas medalhas paralímpicas do Brasil na modalidade — as duas de bronze, conquistadas nos Jogos do Rio 2016 e Tóquio 2020.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)