Modalidades mais novas no programa dos Jogos Paralímpicos, o badminton e o taekwondo tiveram um ciclo de crescimento no Brasil desde Tóquio 2020, atraindo mais atletas e acumulando medalhas em importantes competições internacionais. A exatos 200 dias de Paris 2024, atletas e dirigentes dos dois esportes relembram as conquistas recentes, bem como revelam as expectativas para o megaevento na capital francesa.
Ambas as modalidades estrearam nos Jogos Paralímpicos em sua última edição. Na ocasião, o Brasil foi representado no badminton pelo paranaense Vitor Tavares e no taekwondo pela paraibana Silvana Fernandes e pelos paulistas Nathan Torquato e Debora Menezes.
Ao final, o país se sagrou campeão geral do taekwondo, com um ouro para Nathan, uma prata para Debora e um bronze para Silvana. No badminton, faltou pouco para a primeira medalha, pois Vitor terminou a competição como quarto colocado.
Para Rodrigo Ferla, coordenador técnico da Seleção paralímpica de taekwondo, o resultado obtido no Japão incentivou o avanço da modalidade no Brasil para este ciclo, o dos Jogos de Paris 2024.
“Tóquio teve um peso muito grande. Depois de termos sido campeões, houve muita visibilidade. Atletas de outras modalidades migraram para o taekwondo. O Campeonato Brasileiro foi de 40 atletas para uma média de 100 lutadores em muito pouco tempo”, contou Rodrigo.
O bom momento do taekwondo paralímpico também se reflete em resultados. Em 2023, a equipe brasileira conquistou dois ouros no Mundial da modalidade, no México, com Silvana Fernandes e Ana Carolina Moura, e encerrou a competição na primeira colocação por equipes feminina e terceira colocação geral. O país também foi o único a se manter entre os três primeiros colocados em todas as quatro etapas de Grand Prix do ano passado.
Quando se observa o desempenho nos Jogos Parapan-Americanos, o saldo também é positivo. O país foi de oito atletas classificados e quatro medalhas em Lima 2019 para 21 participantes e 16 medalhistas em Santiago 2023.
O taekwondo brasileiro já classificou cinco atletas para Paris, dois a mais do que Tóquio. Ainda há possibilidade de mais duas vagas serem obtidas em abril, durante torneio qualificatório na República Dominicana.
Rodrigo também destacou o trabalho com atletas das categorias de base como um dos fatores que impulsionam a modalidade. “Trabalhamos com a categoria juvenil e a cadete para detectarmos novos talentos que possam aparecer no futuro. Temos atletas engatilhados para chegar à Seleção no próximo ciclo, de Los Angeles 2028. Alguns, inclusive, já treinaram com a Seleção adulta. Damos essa oportunidade desde 2018”, afirmou.
“A modalidade passa por uma ascensão muito grande, refletindo o trabalho tanto da comissão técnica da Seleção como também dos dirigentes da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKd) e do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), somado ao compromisso e aos resultados dos atletas”, avaliou a campeã mundial Silvana Fernandes.
Silvana disse que espera chegar nos próximos Jogos com uma preparação ainda melhor do que no Japão. “Ter saído com o bronze de Tóquio me mostrou a possibilidade de treinar ainda mais para voltar de Paris com o ouro. Também deu a mais atletas a vontade de chegar à Seleção Brasileira e buscar mais medalhas. No Japão, eu tinha apenas três anos na modalidade. Ainda não tinha participado de uma competição grande assim. Quando se chega aos Jogos, a experiência e a maturidade fazem a diferença, permitem levar a competição de uma maneira mais leve”, afirmou.
Badminton
No badminton, a principal conquista coletiva foi o resultado obtido no Parapan de Santiago. Com 32 atletas, a modalidade foi a terceira com mais representantes na delegação brasileira, atrás apenas do atletismo e da natação.
Ao final, a equipe voltou do Chile com 21 medalhas (nove ouros, nove pratas e três bronzes), encerrando a competição com mais da metade das 16 medalhas de ouro em disputa.
Individualmente, o destaque do ciclo foi novamente Vitor Tavares, quarto colocado no ranking mundial. Após ter chegado perto da medalha no Japão, o paranaense conquistou resultados expressivos, vencendo pela primeira vez adversários diretos por títulos. Foi o caso do líder do ranking mundial, Chu Man Kai, de Hong Kong.
Também subiu ao pódio em todas as competições internacionais que disputou, com destaque para as medalhas de prata e bronze (duplas masculinas e chave de simples SH6, respectivamente) no Campeonato Mundial de badminton paralímpico de 2022, realizado em Tóquio. Além disso, ele foi campeão na Austrália, Espanha, no Peru e Brasil em 2022 e 2023.
“Santiago 2023 foi mais uma nova e linda história escrita por todos os participantes da modalidade. O trabalho vem sendo muito bem desenvolvido. Claro que isso só está acontecendo por conta do apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro e da Confederação Brasileira de Badminton”, afirmou Rogério Oliveira, que obteve duas medalhas de ouro no Parapan (simples da classe SL3 e duplas mistas SL3-SU5).
“Vejo uma grande evolução da modalidade desde a participação do Vitor Tavares nos Jogos de Tóquio 2020. Foi um grande feito para a modalidade, que trouxe muitos benefícios para todos os atletas. Também tivemos várias participações em torneios internacionais, trazendo conhecimento, experiência e podendo competir no mesmo nível que atletas de elite”, completou o atleta.
Na avaliação de Victor Lee, coordenador esportivo na Confederação Brasileira de Badminton (CBBd), o incentivo à prática do badminton na base tem proporcionado o avanço da modalidade. “O Fundo de Iniciação e Fomento, fornecido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro [CPB], para a participação de atletas jovens e do sexo feminino no badminton teve papel fundamental nesse desenvolvimento da modalidade. Com ele, foi possível abrir novas frentes de trabalho, como a criação do Campeonato Brasileiro Diego Mota Sub-23 de badminton, que chega à sua 4ª edição em 2024. Ele também permitiu o desenvolvimento do programa PODE – Polos de Desenvolvimento de badminton, que está chegando ao seu segundo ano, tendo atendido 13 cidades e mais de 150 atletas em todas as regiões do país”.
Os recursos, explicou Victor, também viabilizaram a aquisição de mais de 300 raquetes de iniciação e mais de 200 tubos de petecas de nylon, distribuídos para as federações repassarem a seus afiliados, além da participação de atletas em competições internacionais, o que ajudou o país a ter mais de 15 atletas no top-20 do ranking mundial da modalidade.
Patrocínio
As Loterias Caixa são a patrocinadora oficial do badminton.
Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível
Os atletas Silvana Fernandes, Vitor Tavares, Nathan Torquato e Debora Menezes são integrantes do Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível, programa de patrocínio individual da Loterias Caixa que beneficia 91 atletas.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)