A bandeira brasileira tremulou no alto do pódio das provas de atletismo por oito vezes no quinto e último dia da modalidade nesta edição de Jogos Parapan-Americanos. O país lidera o quadro geral de medalhas com 75 ouros, 64 pratas e 56 bronzes (195 medalhas no total). Os Estados Unidos estão em segundo com 49 ouros de um total de 136.
A quarta-feira reservou momentos marcantes na natação, com o tão esperado 30º ouro de Daniel Dias em quatro participações de Jogos Parapan-Americanos. Ainda foi celebrado o ouro no vôlei sentado masculino, com o triunfo sobre os Estados Unidos, no início da noite, por 3 sets a 0. O Brasil é tetracampeão Parapan-Americano, desde o Rio 2007 que não conhece outro resultado que não seja o título continental. Para arrematar, conquistou a vaga nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, a partir de 25 de agosto do próximo ano.
O ouro de Daniel Dias veio com a mesma tranquilidade dos outros dois que já abocanhou no Parapan de Lima. Nos 100m livre da classe S5 ele nadou para 1min11s88, mais de 16 segundos antes do segundo colocado, o colombiano Miguel Narvaez.
“É sempre incrível, estou super feliz, agradeço à minha família, obrigado a todos porque é uma conquista de todos nós. A gente trabalha duro para ter todas essas conquistas, não fiz isso sozinho. Clodoaldo SIlva, André Brasil, Edênia Garcia e tantos outros construíram essa história e todas as conquistas da natação paralímpica brasileira”, disse Daniel Dias, paulista de Campinas, que nasceu com má formação congênita em três membros.
Ele chegou a Lima com 27 medalhas, todas de ouro, desde que estreou, 12 anos atrás, nos Jogos Parapan-Americanos do Rio de Janeiro 2007. Em Lima, garantiu ouro nos 50m costas e nos 50m livre. Até o sábado, 31, último dia de disputas da natação, ele nada os 200m livre.
Já o último dia do atletismo foi nesta quarta-feira, 28, e rendeu oito medalhas de ouro ao Brasil, a nação que mais campeões formou em Lima. Dos 82 medalhistas brasileiros, 33 saíram-se campeões apenas nos cinco dias de provas de campo e de pista. E a sessão final do atletismo contou com momentos dramáticos e eletrizantes envolvendo os atletas brasileiros.
Com o fim do atletismo, entram em cena outras três modalidades importantes.
Leia, abaixo, como foi o desempenho brasileiro nesta quarta-feira, 28, nos Jogos Parapan-Americanos de Lima.
Atletismo
Os atletas cegos e com baixa visão começaram a sessão desta em altíssimo estilo. Os 100m da classe T11 (cegos) Lucas Prado, 34, chegou à oitava medalha em Jogos Parapan-Americanos, em uma eletrizante vitória contra o carioca Felipe Gomes, com uma diferença de 3 milésimos. Prado e seu guia Anderson dos Santos fechou fecharam a distância em 11s244, já Gomes e guia Jonas Alexandre, 11s247.
“Estratégia foi terminar a prova sem me lesionar. Em Toronto eu estava machucado, no Mundial de Doha naquele mesmo ano, eu rompi o tendão. De lá para cá, eu me lesionei, e esse grito de campeão estava engasgado e pude soltá-lo hoje. Posso di zer a vocês que o Lucas Prado voltou”, comemorou, ainda ofegante, após a prova.
A prova seguinte foi os 100m da classe T12 (baixa visão), mais uma vez com final feliz para o Brasil, após disputa eletrizante. O sul-matogrossense Fabrício Ferreira desafiou a sensação american Noah Malone, de apenas 17 anos, que espantou o movimento paralímpico ao correr a distância em 10s59.
Fabrício não se intimidou com o portfólio do prodígo americano, e com uma largada perfeita, dominou a prova do início ao final. Concluiu os 100m em 10s97 para garantir o ouro e superou Malone (11s12). O tempo do atleta da pequena cidade de Naviraí é o novo recorde dos Jogos Parapan-Americanos na classe.
“Superei uma fratura por estresse, comecei a treinar forte no início deste ano, em janeiro, e só vim melhorando o tempo, para ter este bom resultado e chegar até aqui para ganhar este ouro no Parapan”, disse Fabrício, na zona mista do Estádio de Atletismo da Videna (Vila Deportiva Nacional).
O paraibano Petrúcio Ferreira entrou na pista logo na sequência na prova em que é o maior de todos os tempos. Com o retrospecto de quem é campeão mundial, paralímpico, parapan-americano e recordista mundial, ele fez os 100m em Lima em 10s59 para assegurar seu segundo ouro no Parapan limenho. Petrúcio foi acompanhado no pódio pelo alagoano Yohansson Nascimento, prata (11s03). Petrúcio já havia triunfado nos 400m, prova da qual não tem por hábito participar em âmbito internacional, no domingo, 25.
Vitor Antônio de Jesus alcançou o ouro nos 200m (T37) em uma disputa dramática. Ele correu com dores na coxa esquerda. Nos 30 metros finais, já com a liderança consolidada, sentiu fortes dores no músculo posterior e terminou a prova mancando até desabar após cruzar a linha de chegada em 23s23. Ainda assim estabeleceu recorde do Parapan na classe. O segundo lugar foi o rondoniense Mateus Evangelista (24s24).
Após a vitória no lançamento de disco F11, no domingo, 25, Alessandro Rodrigo da Silva faturou a medalha de ouro também no peso, com a marca de 13m17, novo recorde da competição. Um motivo a mais para celebrar, já que o atleta completa hoje 35 anos.
Além dele, o Brasil colocou mais dois atletas no pódio do arremesso de peso F55. Wallace Oliveira e Sandro Varelo ficaram, respectivamente, com o ouro (11,08m) e bronze (8,82m).
Ainda no campo, a baiana Raíssa Machado lançou o dardo na classe F56 a 22m64, mais de quatro metros acima da segunda colocada, para obter o ouro. Quatro anos atrás, em Toronto, então com 19 anos, ficou com o bronze no dardo.
A paraense Jhulia Karol, acompanhada do guia Láercio Silva, foi campeã da classe T11 nos 400m com 58s93. Entre os T12 (baixa visão), Ketyla Teodoro ganhou o bronze nesta mesma distância (58s91). Poliana Sousa também foi bronze no dardo lançamento de dardo F54. A pernambucana Jenifer Martins obteve a prata no salto em distância (T38). A mineira Izabela Campos foi bronze no peso na junção de classe F11/F12.
Natação
O pernambucano nadou mais duas das oito provas que fará nos Jogos Parapan-Americanos de Lima. E nas oportunidades que teve nesta quarta-feira, saiu da piscina para o pódio. Entre as quais, cinco foram na condição de campeão.
Na noite desta quarta-feira, 28, ele foi o melhor nos 50m livre (23s70), acompanhado do americano Jamal Hill (26s10) e Tye Dutcher (26s50). Ele já acumua os ouros dos 100m costas e 200m medley, além de um bronze nos 100m costas.
Minutos mais tarde ele fechou o revezamento 4x100m masculino medley 34 pontos (soma da classificação funcional dos integrantes). O Brasil caiu na água com Andrey Garbe, Lucas Mozela, Talisson Glock, além de Phelipe, e foi campeão com 4min30s79, dois segundos adiante do vice, os Estados Unidos.
Até o sábado, 31, Phelipe ainda compete nos 100m borboleta, 400m livre e revezamento 4x100m livre 34 pontos. Ele tem a chance de deixar Lima como o maior medalhista brasileiro nesta edição do Parapan.
Douglas Matera foi o primeiro brasileiro a pisar no ponto mais alto do pódio da natação na piscina da Videna. Nos 100m costas da classe S13 (baixa visão), ele nadou par 1min07s06 e colocou mais de oito segundos de diferença para o rival que mais se aproximou dele, o colombiano Gabriel Duran.
Ruiters Silva e Vanilton Filho voltaram a dividir o pódio, desta feita nos 400m livre da junção das classes S8-S9. Em prova vencida pelo americano Matthew Torres (4min38s28), Ruiter bateu na borda um segundo depois, e Vanilton garantiu o bronze com 4min40s31. Eles já formaram um combo brasileiro nos 50m, na segunda-feira, quando tiveram a companhia de João Drummond, com a prata.
Outra dobradinha do dia veio na junção das classe S3/S4/S5 dos 100m, em que a potiguara Joana Neves, a Joaninha, foi campeã (1min27s21) e a mineira Patrícia Santos ficou com o bronze (1min35s30).
Os cegos da classe S11 encerraram a sequência de pódio duplo na noite da quarta-feira. Wendel Belarmino, do Distrito Federal, conquistou o ouro nos 200m medley (quatro estilos) com recorde do Parapan, com a marca de 2min32s66, com 12 segundos de diferença para o carioca José Luiz Perdigão, prata. Belarmino acumula três medalhas em sua primeira participação no evento continental. Na terça-feira, 27, foi ouro nos 100m livre, no dia anterior, prata nos 400m livre..
O Brasil alcançou 100% de aproveitamento nos 100m borboleta da classe S8. No masculino, o paulista Gabriel Cristiano obteve o ouro (1min07s20) e, no feminino, Cecília Araújo também, com 1min21s69.
Felipe Caltran, bronze nos 100m borboleta (S14). Mariana Gesteira pegou a prata nos 50m livre (S10). Ela voltou à piscina no final da sessão para contribuir com a prata do time feminino do revezamento 4x100m medley 34 pontos, que ainda tinha Joaninha, Laila Suzigan e Cecília Araújo. Os Estados Unidos chegaram em primeiro, porém foram desclassificados. Assim, o México, que bateu em segundo, herdou o ouro, e o Brasil, a prata.
Triunfo do vôlei
O ouro do vôlei masculino saiu em uma hora e 22 minutos de partida contra os Estados Unidos. O placar terminou em três sets a zero, com atuação espetacular de Giba Lourenço, e parciais de 25/18, 25/22 e 25/12. O resultado coroa uma campanha incrível, com sete vitórias em sete apresentações com apenas dois sets perdidos.
“Graças a Deus, o começo do Parapan foi meio travado, não jogamos o que podíamos. Mas conversamos antes desta final e deixamos ainda mais claro para todos nós que aqui estava em jogo nossa passagem para Tóquio 2020. Deu certo, somos tetracampeões Parapan-Americanos, vamos rumo a Tóquio”, comentou Giba.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)