A etapa nacional das Paralimpíadas Escolares, maior evento esportivo para crianças e jovens com deficiência do mundo, reúne estudantes em fases diversas de formação esportiva. Para muitos, as Paralimpíadas Escolares são a porta de entrada para atletas que estão descobrindo o movimento paralímpico e participam de uma grande competição pela primeira vez. Ao mesmo tempo, estudantes que competem há anos neste evento chegam ao momento de se despedir dele para passar às provas de alto-rendimento.
As Paralimpíadas Escolares, realizadas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), começaram na noite de terça-feira, 28, com a cerimônia de abertura, e contará com disputas até a sexta-feira, 1º de dezembro. As competições, divididas em 13 modalidades, tiveram seu início na quarta-feira, 30.
A etapa nacional deste ano registra recorde de participantes, 1.800 atletas das 26 unidades federativas e do Distrito Federal, além de participantes do Paraguai, como convidados. A maior concentração de jovens está no atletismo, que recebe 912 alunos-atletas. A seguir, vem a natação (336), o tênis de mesa (97) e a bocha (80). Também há disputas de badminton, com 73 alunos-atletas, judô (66), futebol PC (57), goalball (52), vôlei sentado (50), halterofilismo (26), basquete em cadeira de rodas (23), futebol de cegos (18) e tênis em cadeira de rodas (13).
Com a faixa amarela amarrada sobre o judogi, a paraense Sofia Pastana está em sua primeira participação nas Paralimpíadas Escolares. Natural de Ananindeua, Pará, a jovem completará 15 anos em dezembro. Ela iniciou no judô há um ano. Porém, já carrega uma medalha de ouro conquistada na Copa Brasil Loterias Caixa, também sediada no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, neste mês de novembro.
Em suas primeiras Paralimpíadas Escolares, Sofia se tornou campeã na classe J1 (atletas cegos), na categoria ligeiro, até 44kg. “É uma sensação nova saber que eu fui campeã nas Paralimpíadas Escolares. Eu comecei no judô por um centro de reabilitação, o meu técnico trabalhava lá e me chamou para ir a São Paulo no ano passado. Eu nunca tinha praticado judô, era iniciante. O que eu mais gosto é sentir a adrenalina e aqui teve bastante. Meu sonho é um dia ser campeã paralímpica”, relatou a medalhista.
Fernanda Pastana, mãe da atleta, conta que o esporte ajudou sua filha a desenvolver disciplina, independência e principalmente segurança. A jovem nasceu com uma síndrome rara que causou atrofia no nervo óptico. Atualmente, além de cobiçar um futuro na seleção principal de judô paralímpico, ela também almeja ser contemplada com apoio do programa o Bolsa Atleta.
Outro estreante das Paralimpíadas Escolares, o brasiliense Alan Pinheiro Silva, 11, veio até o CT para participar das competições do tênis de mesa. “Como é minha primeira vez, quase tudo é novo. Tem muita gente jogando de um jeito diferente, é muito legal vê-los jogar, eu aprendi muito”, contou o estudante, que tem paralisia cerebral. “Eu sonho um dia estar naquelas competições em que se representa o Brasil, nos Jogos Paralímpicos. Mas, só de estar aqui, tão jovem, já me sinto vitorioso. Meu pai dise que seria muito bom eu vir, assim voltaria mais crescido”, afirmou o jovem atleta, que conheceu o tênis de mesa na Rede SARAH. Ele também já experimentou o basquete em cadeira de rodas e o atletismo.
Enquanto alguns experimentam suas primeiras Paralimpíadas Escolares, Carla Cristina Rodrigues, de 17 anos, entra em campo no futebol de cegos em sua segunda e última participação no evento. Como uma das três meninas a participar da modalidade neste ano em times mistos, a jogadora avalia as Paralimpíadas Escolares como uma oportunidade para crescer na categoria e um dia estar na seleção feminina. Carla perdeu a visão quando tinha um ano devido a um retinoblastoma (câncer ocular).
“O futebol sempre foi meu esporte favorito, eu me inspiro muito na Marta da Silva. Desde criança jogava com a bola na mão, contra meninos e meninas que enxergavam. Os garotos são mais fortes que eu no físico, mas eu compenso na habilidade. Meu sonho é que as meninas com deficiência tenham mais espaço no futebol”, completou Carla.
Daniel Costa, 17, de João Pessoa, Paraíba, está em sua quarta e última participação nas Paralimpíadas Escolares. Mesmo já tendo rodagem, desta vez a experiência é diferente. O atleta competiu por três vezes pela natação e, neste ano, faz parte do time de basquete em cadeira de rodas de seu estado.
“A natação é um esporte individual, que me faz trabalhar muito meu corpo e minha a saúde. Já o basquete eu consigo exercitar o trabalho em equipe. As duas modalidades se complementam e me ajudam a alcançar o meu objetivo de ser um atleta de alto rendimento”, contou o estudante. “Eu me inspiro no nadador Phelipe Rodrigues e espero um dia conquistar o mesmo número de medalhas que ele ou até mais”, completou, citando o nadador pernambucano que, durante os Jogos Parapan-Americanos de Santiago, neste mês, conquistou sua 50ª medalha em missões internacionais, considerando Jogos Paralímpicos, Parapan-Americanos e Mundiais.
As Paralimpíadas Escolares seguem ao longo da tarde desta quinta-feira, 30, e vão até a sexta-feira 1º, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.
Paralimpíadas Escolares em 2023
A etapa Nacional da competição acontece após três regionais, em Belém (PA), de 9 a 11 de agosto, Brasília (DF), de 30 de agosto a 1º de setembro, e São Paulo (SP), de 6 a 8 de setembro, com disputas de atletismo, natação e bocha. Nessas regionais, foram selecionadas modalidades que possuem um grande número de inscritos na fase nacional.Os três primeiros colocados nos regionais de atletismo e natação se classificaram automaticamente para a Fase Nacional. Já na bocha, os dois primeiros, por gênero, obtiveram a vaga.
Em Belém, a delegação do Pará foi a campeã daquela regional. Já em Brasília, a equipe de Minas Gerais somou mais pontos e ficou com o título da segunda etapa do ano. Já a regional de São Paulo foi vencida pela equipe paulista.
Organizadas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) desde 2006, com exceção de 2008 e 2020, as Paralimpíadas Escolares são o maior evento esportivo para crianças e jovens com deficiência em idade escolar do mundo. Talentos do paradesporto brasileiro já passaram pelas Escolares, como Petrúcio Ferreira, recordista mundial nos 100m (classe T47), bicampeão paralímpico e tri mundial; o jogador de goalball Leomon Moreno, prata nos Jogos de Londres 2012, bronze no Rio 2016 e ouro em Tóquio 2020; a mesatenista Bruna Alexandre, bronze nos Jogos do Rio 2016 e prata nos Jogos de Tóquio 2020, entre outros.
No ano passado, o Estado de São Paulo terminou como o campeão geral das Paralimpíadas Escolares. Foi o 10º título do estado desde 2006, ano em que o CPB organizou a primeira edição dos Paralímpicos do Futuro, evento que ocorreu até 2007 e antecedeu as Paralimpíadas Escolares, nome adotado a partir de 2009.
Imprensa
Os profissionais de imprensa interessados em cobrir as Paralimpíadas Escolares 2023 podem enviar um e-mail para imp@cpb.org.br com os seguintes dados: nome completo, RG ou CPF, veículo por qual irá cobrir o evento. No dia da competição, os profissionais deverão se identificar na sala de imprensa do local.
Serviço
Paralimpíadas Escolares Etapa Nacional
Período: 29 de novembro a 1º de dezembro
Local: CT Paralímpico
Endereço: Rodovia dos Imigrantes, km 11, 5, Vila Guarani – São Paulo
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)