A família tem papel especial na construção da personalidade dos novos membros que surgem em seu núcleo. O momento da chegada de novas pessoas à família é um tempo de reestruturação, visto que cada pessoa que compõe o ambiente familiar passa a ter um novo laço e deve cuidar, ensinar e apresentar este novo membro à sociedade em que vivem.
Ter uma pessoa com deficiência na família (desde o nascimento ou recebendo a notícia em outra etapa da vida) significa que a família, por ser o núcleo mais próximo à pessoa, tem como desafio (e também oportunidade) afastar crenças populares, mitos e o capacitismo.
O apoio da família é imprescindível e determinante para encorajar escolhas para o futuro e encarar situações desconfortáveis do dia a dia.
Mas não só o apoio é necessário. Desfazer uma velha confusão também é essencial: a diferença entre limite e disciplina. Diminuir a capacidade, a autonomia ou os sonhos da pessoa com deficiência é impor limites muitas vezes maiores do que os da própria deficiência. Já a disciplina, vem no sentido de mostrar que a pessoa com deficiência é, sim, capaz de conquistar grandes objetivos, mas deve também ter responsabilidades, como arrumar a cama e ajudar a cuidar do pet, no caso de crianças, por exemplo. Paulo, pai de Daniel Dias, conta como educou o nadador e campeão paralímpico: “Demos disciplina, mas nunca colocamos limites, muito menos na sua capacitação, nem na sua realização”, afirmou Paulo, em entrevista ao jornal El País em 2016.
Ajudar o outro a se autoconhecer, adquirir independência e o impelir a vencer seus próprios limites é dar mais liberdade a pessoa com deficiência. É começar a inclusão social dentro de casa, e isso deve ser feito desde a mais tenra idade.
As brincadeiras, por exemplo, são excelentes oportunidades para promover a inserção da criança com deficiência em uma atividade social, aproveitando toda a inocência infantil para criar melhores possibilidades futuras. Estas brincadeiras devem ser adaptadas e supervisionadas pelos pais, que podem aproveitar o momento para observar como o filho reage aos estímulos, quais são seus tipos favoritos de diversão e até mesmo observar a criança desafiando seus próprios limites, o que consequentemente ajuda a aprimorar a independência. Neste artigo, o Comitê Paralímpico Brasileiro detalha como o ato de brincar contribui no desenvolvimento de crianças com deficiência .
Tais condutas são responsáveis por traduzir os conceitos de anticapacitismo e acessibilidade em ações reais. Também é por meio destas abordagens que a pessoa com deficiência poderá sentir confiança na própria família, buscar apoio para vencer as adversidades e, assim que as conquistas vierem, comemorá-las com quem compartilhou toda a jornada.
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