O capacitismo é toda forma de preconceito que acontece associada a uma pessoa com deficiência. A crença do capacitismo é alimentada toda vez que limita-se a crer que a deficiência é um empecilho determinante para a independência, realização de tarefas cotidianas, inserção no mercado de trabalho, entre outros.
Este comportamento afeta as pessoas com deficiência, pois contraria o princípio da equidade e resulta em atos de discriminação, opressão ou abuso da pessoa com deficiência. Outra face do capacitismo, contrária e igualmente incômoda, é a definição de PcDs como inferiores ou como heróis – dois extremos que desprezam as qualidades e competências individuais de cada um.
Por isso, inserir-se no mundo do paradesporto ajuda pessoas com deficiência e todos os que estão ao seu redor, inclusive familiares, a ver um novo mundo de possibilidades e ainda ressignificar a deficiência. “Acreditamos no poder transformador do esporte e o CPB é um dos principais agentes nesta luta pela inclusão das pessoas com deficiência na sociedade por meio do esporte”, afirma Mizael Conrado, bicampeão paralímpico de futebol de cinco em Atenas 2004 e Pequim 2008, e recém-reeleito presidente do CPB.
A prática de atividades físicas proporciona a todos os praticantes melhorias na saúde global, aumento da resistência física e imunidade, melhora da qualidade de vida, do humor e da autoestima. Para as pessoas com deficiência, somam-se a estes benefícios o aumento da autonomia e acesso a ambientes que proporcionam o contato com pessoas de realidades e objetivos semelhantes.
Outro desdobramento ímpar da adesão ao esporte é a possibilidade de escrever o nome na história, superando recordes, vencendo campeonatos e recebendo o devido crédito por tais conquistas.
Uma das formas de anticapacitismo reside em promover ações que mostrem as diversas facetas das pessoas com deficiência, voltando os esforços para reflexões a respeito dos desafios enfrentados no dia a dia e formas de transformar tais adversidades em ações. Com este propósito, o CPB lançou em dezembro de 2020 o “Manifesto Paralímpico”, para celebrar a data em que é comemorado o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992.
“Nossa deficiência não nos define” foi a mensagem principal da iniciativa, que contou com um ensaio fotográfico especial, cujo foco foi a valorização dos corpos dos atletas paralímpicos.
“Gosto de mostrar que tenho uma limitação e convivo de forma tranquila com ela. Nunca quis esconder a minha deficiência. Sempre notei que as pessoas ficam chocadas ao ver a minha bengala e perceber que eu não tenho visão. Acredito que o mundo é que tem que se adequar às diferenças”, comentou Daniel, velocista da classe T11 (para cegos) que participou do ensaio.
Crédito: Foto: Ale Cabral/CPB
Descrição da imagem: Retrato em preto e branco do atleta Daniel Mendes, velocista do atletismo classe T11, para o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. O atleta está de pé, com os braços soltos ao lado do corpo, sem camisa e usa uma calça de cor escura.