O esporte de alto rendimento exige demais do corpo do atleta e a estratégia alimentar, o acompanhamento nutricional, ganha um papel fundamental na preparação para uma competição como os Jogos Paralímpicos. A nutrição esportiva auxilia em todas as fases do treinamento, especialmente, nas modalidades individuais e de velocidade como atletismo e natação.
Um dos nutricionistas do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) Alan Nagaoka, que acompanha parte da equipe de natação, explica como é feito o trabalho com os atletas que treinam no Centro de Referência da modalidade no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. “Mapeamos as necessidades, se há distúrbios, riscos nutricionais, as características de cada atleta, histórico de lesão, se há a necessidade de recuperar a saúde ou manter. Avaliamos também em qual período do treinamento aquele atleta está, as competições-alvo também são consideradas”.
“O nosso objetivo é fazer com que os atletas, de maneira voluntária, tenham bons hábitos alimentares. Promover uma educação alimentar”, reforça o nutricionista.
Para o técnico-chefe da Seleção Brasileira de natação, Leonardo Tomasello, o acompanhamento nutricional é essencial para garantir o equilíbrio do físico do atleta, juntamente com todo o treinamento.
“A composição corporal do atleta tem uma influência direta no desempenho, então quanto maior a área corporal do atleta, maior o arrasto que ele gera e menor velocidade. Ao mesmo tempo que o atleta precisa ter uma área corporal menor para ter uma marca melhor, ele precisa ser forte. O trabalho é em conjunto da área técnica e da nutrição”, explica Tomasello.
A pouco mais de 100 dias para os Jogos Paralímpicos de Tóquio, Alan explica ainda que, entre as estratégias adotadas com os atletas paralímpicos, uma das recomendações durante as competições é evitar novas dietas de alimentação. “Tudo é bem planejado para que nos dias próximos aos da competição toda a alimentação já esteja ajustada”.
Para chegar à capital japonesa, a delegação brasileira fará uma longa viagem e alguns cuidados são necessários para que não haja prejuízos durante o translado.
“Um cuidado nos voos longos é a hidratação, isso é importante em todas as viagens. O CPB já prevê todos os horários das refeições dos atletas, se serão feitas no aeroporto, chegada ao hotel ou transições entre os voos. Ainda estamos estudando as regras de alimentação em translado [voos e aeroportos] devido à pandemia”, acrescenta Alan.
Com a suspensão dos treinos no CT Paralímpico no primeiro semestre de 2020 em decorrência da pandemia da Covid-19, muitos atletas tiveram uma drástica mudança na rotina de treinamento, especialmente, os nadadores que não conseguem adaptar a parte aquática para dentro de casa. Além disso, os atletas também passaram por um período de grandes incertezas sobre os Jogos de Tóquio.
“Precisamos compreender um pouco mais as dificuldades dos atletas, as questões emocionais desse momento, a abordagem desde então tem sido um pouco diferente. Os atletas exigem um cuidado diferenciado, só precisamos entender alguns fatores extras agora durante a pandemia. O meu contato com os atletas diminuiu muito, todas as consultas são remotas para garantir a segurança de todos”, finaliza Alan referente ao acompanhamento dos atletas com a reabertura parcial do CT Paralímpico autorizada em julho de 2020.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)
