A Seleção Brasileira estreou nesta terça-feira, 22, no Campeonato Mundial de halterofilismo, em Dubai, com uma medalha de ouro da mineira Lara Lima, 20, na categoria Junior até 41kg. A halterofilista suportou 92kg e obteve o bicampeonato entre atletas com até 20 anos. Seu primeiro título foi conquistado em 2021, em Tbilisi, na Geórgia.
As disputas nos Emirados Árabes começaram nesta terça-feira, 22, e vão até 30 de agosto no hotel Hilton Habtoor City, onde as delegações estão hospedadas. O campeonato é etapa obrigatória para qualificação aos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, e conta com 495 atletas de 78 países. O Brasil se faz presente com uma equipe de 23 halterofilistas, de 12 unidades federativas (AM, BA, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RS, SC e SP). A delegação é formada por aqueles que alcançaram os índices estabelecidos pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) durante a Primeira Fase Nacional do Circuito Loterias Caixa, em março, e o Campeonato Brasileiro Loterias Caixa, em abril, ambas no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. O Mundial é realizado pela terceira vez em Dubai, onde já esteve em 1998 e 2014.
A medalha de Lara é a décima segunda do Brasil e a sexta de ouro na categoria Junior desde 2014, ano de obtenção da primeira delas. O país também acumula quatro pratas e dois bronzes na categoria.
A prova que deu a vitória à mineira foi decidida no primeiro levantamento. Lara largou na frente ao erguer 92 kg, dois a mais do que sua principal rival na disputa, a equatoriana Kerly Lascano. As duas atletas tentaram aumentar o peso na barra, mas não tiveram sucesso nos movimentos seguintes. Kerly pediu 94 kg e 95 kg na segunda e terceira tentativas, respectivamente, enquanto Lara teve movimentos anulados com 95 kg e 96 kg. A terceira colocação ficou com a cazaque Aigerim Aidarkyzy, que suportou 67 kg.
Primeira halterofilista a entrar na arena pelo Brasil em Dubai, Lara disse que o local de competição proporcionou sensações diferentes daquelas às quais ela está habituada. “A distância entre o lugar em que entramos e o banco é maior. E também fiquei muito próxima da plateia. Senti a energia do público ao mesmo tempo em que foquei muito em mim. Foi importante poder experimentar tudo isso antes da minha competição principal”, contou.
Após a conquista na categoria Junior, Lara voltará à disputa por outra medalha nesta quarta-feira, 23, às 10h (de Brasília), desta vez, na elite, até 41kg. A mineira aparece em sexta no ranking mundial adulto, com a marca de 99 kg, a mesma da quinta colocada Ni Nengah Widiasih, da Indonésia.
A categoria de Lara passou por mudanças que afetarão o Mundial de Dubai. Três atletas que estão à frente de Lara no ranking vão competir na categoria até 45kg: a chinesa Lingling Guii, a britânica Zoe Newsone e a venezuelana Sarahy Clara Monastério Fuentes. As atletas ocupam a segunda, terceira e quarta colocações, respectivamente. Por outro lado, a primeira colocada na categoria até 45kg, a chinesa Zhe Cui, diminuiu seu peso e irá competir com Lara nesta quarta-feira. “Espero uma ótima marca em uma disputa muito acirrada”, completou a mineira.
A seguir, quem entrará na arena, às 13h05, será a potiguar Maria Rizonaide, 41, medalha de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, em 2015, na categoria até 50kg. A halterofilista está na quinta posição no ranking mundial, com a marca de 95 kg, obtida em dezembro de 2022, também em Dubai.
Maria Rizonaide está em seu segundo Mundial. Ela também participou do Campeonato de 2021, em Tbilisi, na Geórgia, quando teve seus três movimentos anulados. “Saí muito triste. Eu vinha treinando bem, mas estava com problemas de saúde mental, ansiedade e preocupações por causa da pandemia. Ali, eu perdi para mim mesma. Pareceu o fim para mim, eu me culpei muito. Até pensei em desistir. Mas cresci com a dor e estou aqui novamente”, afirmou.
Maria não parou e chegou a Dubai menos de um mês depois de quebrar o recorde nacional na categoria até 50kg, após levantar 100kg na Segunda Fase Nacional do Circuito Loterias Caixa, no final de julho, em São Paulo, superando o recorde anterior, os 95 kg da própria atleta em Dubai no ano passado. “Quero repetir a marca que eu fiz e, se possível, conseguir ainda mais. Se Deus quiser, vai dar certo e chegarei aos meus primeiros Jogos Paralímpicos”, completou.
A atleta potiguar tem nanismo e começou no esporte em 2011. Foram nove anos entre receber o primeiro convite de uma atleta e iniciar os treinamentos. Antes, entre 1999 e 2004, trabalhou como empregada doméstica e babá. A seguir, foi revendedora de cosméticos. Ela contou que, após o Mundial na Geórgia, começou a se dedicar exclusivamente ao esporte, o que vem se refletindo nos resultados. “A gente tem que passar por muitas coisas na vida para valorizar e crescer. Foi o meu caso. Hoje o esporte é tudo para mim e hoje me dedico 100%”, disse.
Seleção Brasileira em Dubai
A equipe brasileira adulta em Dubai supera em número a convocada para a edição anterior do Mundial, em Tbilisi, na Geórgia. Na competição passada, o Brasil contou com 18 atletas para as disputas na elite da modalidade. Porém, o país também foi representado por sete atletas no Mundial Junior, para aqueles com até 20 anos, naquela ocasião.
O país levou a Dubai seus três medalhistas de edições anteriores do Mundial. São eles: a paulista Mariana D’Andrea, prata na Geórgia em 2021, o baiano Evânio da Silva, bronze na Cidade do México em 2017, e a paranaense Márcia Menezes, bronze em Dubai em 2014. Além disso, a delegação conta com nove estreantes.
Com seis atletas, Minas Gerais é o estado com o maior número de representantes no Mundial. Dentre os convocados, 11 vêm da região Sudeste, sete do Nordeste, três do Sul e dois do Norte. A Seleção Brasileira é formada majoritariamente por mulheres. São 14, cerca de 61% do grupo, ante nove atletas masculinos.
Confira a programação em Dubai desta quarta-feira, 23
10h
Até 41kg (elite)
Lara Lima
13h05
Até 50kg
Maria Rizonaide
Patrocínios
As Loterias Caixa são a patrocinadora oficial do halterofilismo.
Assessoria de Imprensa do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)