A Live Paralímpica, realizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), desta quarta-feira, 22, abordou o tema “nutrição na pandemia” e contou com a participação do nutricionista Alan Nagaoka, a nadadora Susana Schnarndorf e o velocista Vinícius Rodrigues. Os convidados contaram os principais desafios nutricionais enfrentados durante a pandemia e ressaltaram a relação entre sono e alimentação.
Iniciada no mês de maio, a Live Paralímpica compõe o conjunto de ações feitas pelo CPB durante a pandemia do Covid-19. A partir de julho, as transmissões ganharam novo formato e assuntos como “psicologia esportiva” e “tetraplégicos no esporte” foram os temas debatidos anteriormente.
O nutricionista do CPB Alan Nagaoka explicou que o principal desafio desde o início da pandemia e do isolamento social foi lidar com as incertezas e emoções dos atletas. “A gente não sabia quanto tempo os atletas ficariam afastados dos treinos. Portanto, adaptamos as estratégias e as dietas com o passar do tempo. Além disso, tivemos de entender como o atleta estava psicologicamente, emocionalmente”, contou o nutricionista integrante da equipe multidisciplinar da natação.
Para Vinícius Rodrigues, recordista mundial nos 100m na classe T63 (para amputados de perna), o desafio de manter a alimentação foi grande por ter ficado na casa da mãe em Maringá, Paraná. “Eu treinava para poder comer a comida da minha mãe, foi basicamente isso. Consegui manter meu percentual de gordura, mas perdi medidas, inclusive no coto e tive que fazer um encaixe novo”, contou o medalhista de bronze no Mundial de Dubai 2019 nos 100m.
Já a nadadora Susana Schnarndorf contou que foi radical durante o isolamento social e seguiu à risca a dieta. “Se eu começo a escorregar em um chocolate, por exemplo, eu descarrilho o trem. Eu comi exatamente o que o Alan me mandava comer e não tinha em casa nada que eu não pudesse comer para não ser tentada”, disse a gaúcha medalhista paralímpica no revezamento 4x50m livre nos Jogos Rio 2016.
Durante o bate-papo, Alan ressaltou a relação sono e alimentação desregrada, com guloseimas. “Sabemos que o dormir mal e comer besteiras estão relacionados, não sabemos exatamente o que leva ao que, se é comer besteira que desregula o sono ou se desregular o sono leva a comer, mas são coisas diretamente ligadas. Manter uma rotina, ter horário para dormir e acordar, fazer algum tipo de exercício físico, ajuda a controlar a alimentação. Não adianta ingerir certos alimentos que ajudam a produzir o hormônio do sono [melatonina] à noite e comer errado o resto do dia ou não fazer a higienização do sono, como evitar telas próximo ao horário de dormir”, explicou.
O paranaense Vinícius contou que durante o isolamento social na casa da mãe, por não ter uma rotina de treinos rígida como o habitual, ficava até mais tarde e próximo ao horário de dormir jogando videogame e que isso atrapalhou seu sono. “Um erro que eu cometi no isolamento foi ficar acordado jogando videogame e quando eu ia dormir e não conseguia dormir. E quem fica mais acordado tem fome e comer certas coisas depois de um horário vira acúmulo. Eu percebi e consegui corrigir isso”, contou o atleta de 25 anos.
A nadadora e o velocista estão no grupo de atletas que retornaram aos treinos na abertura parcial do Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, no mês de julho.
O nutricionista Alan também aproveitou a transmissão, a partir de uma pergunta do público, para explicar sobre o vegetarianismo e a alta performance.
“O atleta que é vegetariano precisa prestar mais atenção em alguns nutrientes que são obtidos através da proteína animal, a vitamina B12, a creatina e a leucina. O nutricionista, a equipe técnica, precisa monitorar esses nutrientes porque estão ligados à força, à resistência e consequentemente à performance do atleta. Eu acredito, sim, que um atleta vegetariano possa ser campeão mundial. Basta ter alguns cuidados a mais na alimentação”, explicou.
Nesta sexta-feira, 24, será a vez da Live Tamo Junto, parceria entre o CPB e o COB, com a participação da lançadora de dardo bronze no Mundial de Dubai 2019 Raissa Rocha e da lançadora de disco olímpica Fernanda Borges, bronze nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019.
Confira a Live Paralímpica sobre nutrição na pandemia, na íntegra, abaixo:
Time São Paulo
O atleta Vinicius Rodrigues é integrante do Time São Paulo, parceria entre o CPB e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo que beneficia 61 atletas e dois atletas-guia de 11 modalidades.
Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível
A atleta Susana Schnarndorf é integrante do Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível, programa de patrocínio individual da Loterias Caixa que beneficia 70 atletas e sete atletas-guia.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)