“Quando eu tinha visão subnormal, achava interessante como os meninos conseguiam conduzir a bola. Quando apareceu essa oportunidade, quis experimentar”, disse a mineira Geslaine. “Pratico esporte desde a adolescência. Comecei no atletismo, mas também participei de competições de judô e jogo goalball desde 2016. Ainda faço corrida de rua e nado duas vezes por semana”, contou a atleta que, recentemente, esteve na Supercopa de Goalball defendendo as cores da Adevibel-MG.
Tudo isto conciliando a carreira de servidora pública na Secretaria de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais. “Não me sinto com a idade que tenho. E falam que minha aparência também não corresponde! Eu sempre gostei de praticar esporte. É o que preenche minha vida”, continou a mineira, que já foi campeã brasileira nos 100 metros, 200 metros e salto em distância.
As quase quatro décadas de diferença não permitiram a jovem Júlia ter um currículo esportivo tão vasto, mas as partidas de futebol society que ele disputa desde 2015 serviram de impulso para arriscar a participação como goleira no Festival.
“Eu me inscrevi pela recomendação de um professor, queria conhecer mais do esporte e achei que seria uma experiência bem interessante”, contou a paulistana de Guaianases, bairro da Zona Leste de São Paulo. “Acho esse evento de enorme importância, pois cada vez mais as mulheres vão ocupando seus espaços. Ter essa iniciativa de abrir as portas para mulheres no futebol de cegas é muito especial. É mais uma conquista.”
Sobre o Festival
O evento é destinado a mulheres com deficiência visual das classes B1, B2 e B3, praticantes ou não de outras modalidades para cegas. O Festival estava originalmente agendada para maio de 2020, mas, por conta da pandemia de Covid-19, precisou ser adiado.
Não haverá a disputa de um torneio propriamente dito. Ao longo dos quatro dias, as inscritas participarão de palestras e treinamentos e, no dia 29, irão para a quadra bater bola em jogos de exibição. O objetivo principal da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) é dar início à prática da modalidade, ainda restrita aos homens, entre o público feminino. Ao atrair praticantes, espera-se identificar possíveis talentos para a formação de uma Seleção Brasileira.
*Com informações da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV).