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Criadores de conteúdo usam bom humor para falar de inclusão

Foto: Arquivo pessoal

“Anjinho do céu? Eu mal consigo andar. Imagine voar por aí”. Essa é uma das frases que Ivan Baron, influenciador digital, usa para desconstruir e conscientizar as pessoas sobre temas como capacitismo e aceitação do corpo em suas redes sociais. Nesse mesmo caminho, Ana Clara Moniz, também influenciadora, produz conteúdos no Instagram e no TikTok com os desafios e alegrias que vive, sempre com leveza. 

Eles são criadores de conteúdo que aproximam e destacam assuntos que precisam ser conversados e transformados na sociedade. Falam de inclusão, diversidade e outros temas urgentes com seus milhares de seguidores de forma leve, criativa e bem humorada. Ambos são estudantes – Ivan, pedagogia; Ana Clara, jornalismo – e compartilham conteúdos variados desde dicas, textos à coreografias e vídeos engraçados.

Como as redes sociais facilitam a aproximação das pessoas? É uma combinação de fatores de sucesso. A qualidade e a frequência do conteúdo que produzem com muita responsabilidade, em tom de conversa e cumplicidade, tem o objetivo de educar, divertir, mostrar o cotidiano, a realidade e a verdade de cada um. 

Tudo isso para dar visibilidade e voz a questões relevantes da sociedade em aplicativos que possibilitam a criação e o compartilhamento de vídeos de curta duração e incentivam a interação e criatividade, como o TikTok e o Instagram. Seus públicos são de pessoas com e sem deficiência.

Entretenimento para educar 

Mas por que conectar o entretenimento e o estilo TikTok para fazer ativismo e aproximar as pautas da diversidade e da inclusão? “Durante essa pandemia, o entretenimento nos salvou do tédio, da falta do que fazer e até mesmo de casos de depressão. Eu percebi que o humor atrai muita gente. E por que não falar sobre as nossas vivências a partir dele? Isso porque elas, na grande mídia, só são retratadas de maneira triste e dramática. Para mim, é bem divertido, principalmente na hora da gravação” afirma Ivan. 

Ivan Baron em frente a um fundo vermelho. Ele usa uma camiseta vermelha também. Ivan é um homem de pele branca e cabelos escuros curtos. Usa óculos e sorri, seu braço esquerdo está estendido para frente com os dedos médio e indicador em forma de V. No braço esquerdo possui algumas tatuagens.
Foto: Arquivo pessoal

O humor e a leveza, segundo Ana Clara, sempre fizeram parte de sua vida. “Acredito que existem muitas formas de ser ativista e militante. Nenhuma forma é melhor ou pior do que a outra. São formas diferentes. O meu caminho é o da conscientização, da educação”, disse Ana Clara que acredita na leveza e descontração para estar mais próxima das pessoas.

“Tento passar tudo isso para aprendermos rindo. Não rindo ‘de pessoas com deficiência’, mas rindo ‘com pessoas com deficiência’. Todo mundo rindo e aprendendo ao mesmo tempo”, explica. 

Sobre a urgência da representatividade

Tanto Ivan quanto Ana Clara destacam a falta de representatividade de pessoas com deficiência como fator que impulsionou a presença deles nas redes sociais. “Comecei a compartilhar conteúdos sobre inclusão em 2018, no ápice dos movimentos sociais e políticos. Senti a necessidade de expressar conteúdos sobre pessoas com deficiência, já que pouco se falava sobre o tema. Busco informar as pessoas com responsabilidade e, quem sabe, transformar a sociedade em menos capacitista”, conta Ivan, que tem paralisia cerebral. 

Segundo Ana Clara, que nasceu com Atrofia Muscular Espinhal (AME), a ideia é ter voz e falar o que precisa ser falado. “Eu falo um pouco de tudo, principalmente sobre autoestima, aceitação do corpo, acessibilidade e representatividade, além dos direitos da pessoa com deficiência. Eu sempre gostei muito de moda, campanhas publicitárias. Ainda faltam pessoas com deficiência que falem e estejam nesses lugares, aceitem seus corpos, tenham autoestima, falem sobre beleza. É entender que cada corpo é diferente. Não significa que seja ruim ou feio. É aceitar como ele é”, detalha. 

Descrição da imagem: Imagem de Ana Clara em um ambiente fechado. Ela é uma mulher de pele branca, cabelos castanhos na altura do ombro. Ana sorri e leva a mão direita no queixo. Usa uma blusa de lã com mangas longas e calças escuras. Está sentada em uma cadeira de rodas elétrica.
Foto: Gabriela Biazoto

Criatividade para produzir conteúdos 

Os dois influenciadores são os responsáveis por toda a produção de conteúdo, desde pensar nos temas até à publicação. Isso inclui roteiro, direção criativa, gravação, edição, criação de texto, legendagem, criação de identidade. Boa parte da inspiração, segundo eles, vem do próprio dia a dia. Ivan conta que costuma ler bastante para contribuir com a produção também. 

“Leio muito, desde artigos científicos até perfis de fofoca no Instagram para ter criatividade. O maior desafio mesmo é isso e a dinamização para transmitir o conteúdo da melhor forma. Precisamos sempre nos reinventar. Os temas surgem a partir de fatos cotidianos ou expressões que eu acabo conhecendo por meio de blogs gringos e quero trazer para nossa realidade. Exemplo: CRIP FACE que é quando atores/atrizes sem deficiência interpretam papéis de personagens com deficiência em séries ou filmes, uma atitude bem capacitista”, explica. 

A apuração da Ana Clara segue o que sente necessidade e o que tem propriedade para falar, entre assuntos mais sérios ou mais leves. “Tenho o lugar de fala. Falo o que vivo e sobre o que eu tenho conhecimento. Se tiver algo que eu não saiba, busco aprender, falo com pessoas que entendem e, a partir disso, posso ensinar as pessoas. E quebrar um paradigma de que pessoas com deficiência são coitadinhas ou super heróis. Na verdade, somos só pessoas”. 

Além de se preocuparem com a qualidade dos conteúdos e com os temas que precisam ser compartilhados para conscientizar, os influenciadores buscam inserir recursos de acessibilidade, como legenda e descrição das imagens.  

Relação com o público 

Alcançar milhares de pessoas com os conteúdos a cada dia já tem sido realidade para os dois estudantes. Esse já é um resultado de uma relação de muita cumplicidade e conversa com o público.

”Gosto muito dessa troca que tenho com as pessoas nas redes porque eu não sei tudo e aprendo muito com todo mundo. É muito doido pensar que tem tanta gente me seguindo por eu ser eu mesma nas redes sociais. Ao mesmo tempo que compartilho o que sinto e o que aprendi, leio os relatos, fico sabendo o que as pessoas querem e o que não querem ver. Muitas pessoas com deficiência se sentem representadas por mim de alguma forma e pessoas sem deficiência falam que aprendem comigo sobre esse universo. Usamos nossa visibilidade para falar por muitos que merecem ser ouvidos. É muito bom!”, diz Ana Clara. 

“Fico impressionado e ao mesmo tempo muito grato quando as pessoas conversam comigo e me agradecem pelo conteúdo que crio. Espero crescer cada vez mais e levar representatividade na medida do possível”, conta Ivan. 

Acompanhe o Ivan Baron no TikTok e no Instagram, e a Ana Clara no TikTok e no Instagram

Mais perfis inspiradores e divertidos para seguir

Ana Clara e Ivan não estão sozinhos nesse movimento de produção de conteúdo de impacto sobre inclusão. O surgimento de perfis educativos, criativos e inclusivos nas redes – que se destacam – cresce a cada dia. Confira abaixo outras indicações de perfis no Instagram: 

Leandrinha Du Art – @leandrinhadu

Letícia Guilherme – @le_guilherme

Victor Di Marco – @victordimarco
 

PATROCINADORES

  • Toyota
  • Braskem
  • Loterias Caixa

APOIADORES

  • Ajinomoto

PARCEIROS

  • The Adecco Group
  • EY Institute
  • Cambridge
  • Estácio
  • Governo do Estado de São Paulo

FORNECEDORES

  • Max Recovery