Nesta quinta-feira, dia 22 de setembro, é celebrado no Brasil o Dia Nacional do Atleta Paralímpico. A data, instituída em 2012 a partir do decreto de lei nº 12.622, também dá sequência às comemorações ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (21 de setembro). Festejada desde 2014, a data também tem como objetivo ajudar no trabalho de conscientização para ampliar os meios de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.
Ídolos do esporte brasileiro, os atletas do Time Ajinomoto, integrantes do Projeto Vitória, iniciativa criada pelo Grupo Ajinomoto e implantada no Brasil em 2019, também comemoram com orgulho este dia.
Eles comentaram sobre a importância de serem atletas paralímpicos, representar o Brasil nas competições internacionais e como contribuem no processo de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade brasileira.
Confira o que disseram Alex Pires (atletismo), Dayanne Silva (natação), Petrúcio Ferreira (atletismo), Thiago Paulino (atletismo) Thiego Marques (judô), Gustavo Carneiro (tênis em cadeira de rodas) e Verônica Hipólito (atletismo):
Legenda: Foto montagem com atletas do Time Ajinomoto posando para foto. Foto: Ajinomoto / Divulgação
O que significa para você ser um atleta paralímpico?
Alex Pires: “É uma grande responsabilidade. Somos muito visados pelos jovens como espelho, somos muito admirados, e isso nos torna exemplo para eles. E assim como aconteceu comigo lá atrás, eles podem sonhar em um dia ser um atleta também. Ser este exemplo significa muito para mim, foi algo que tive como objetivo quando iniciei minha carreira”.
Dayanne Silva: “Ser atleta paralímpico é ir além dos limites todos os dias. Mas também é ser um atleta como qualquer outro de alto rendimento, buscando a excelência diariamente”.
Petrúcio Ferreira: “Representa ser a bandeira da pessoa com deficiência, defender as pessoas com deficiência, e isso é uma forma de inclusão. Tentar, como atleta, quebrar este preconceito que ainda existe dentro da sociedade com as pessoas com deficiência”.
Thiago Paulino: “Toda a sociedade, mas principalmente as crianças, nos enxergam como referência e isso nos traz uma grande responsabilidade, então é isso, significa ser referência e temos que honrar isso, mostrando o melhor não só dentro do esporte, como fora dele também”.
Thiego Marques: “Para mim, a definição é muito mais do que ser um atleta com deficiência. É ser alguém que tenha a oportunidade de mostrar para todo o mundo que mesmo com a deficiência a gente consegue chegar em qualquer lugar. É o atleta que consegue mostrar para as pessoas que mesmo enfrentando dificuldades diárias, mesmo com limitações, a gente consegue chegar onde a gente quer”.
Gustavo Carneiro: “É uma honra fazer parte de um grupo seleto de atletas que representam seus países. Ter me tornado atleta paralímpico é a realização de um sonho”.
Verônica Hipólito: “Ser atleta paralímpica significa muito mais do que ter participado de uma Paralimpíada e ter me tornado medalhista paralímpica, além de ter medalhado em todas as grandes competições. Ser atleta paralímpico é falar sobre inclusão, porque ser uma pessoa com deficiência é resistir e lutar por nossos direitos. Não é favor, mas sim direitos. É inspirar todas as pessoas com ou sem deficiência a fazerem o que quiserem, quando quiserem, e que o corpo é somente uma característica nossa e não um impeditivo”.
Como atleta paralímpico, de que forma você acredita que contribuí no processo de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade brasileira?
Alex Pires: “O fato de estarmos representando o nosso país, mostrando que apesar da deficiência a gente é capaz, é possível realizar o seu sonho, já faz com que possamos ajudar no processo de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Nós conseguimos mostrar que temos o nosso valor, merecemos este espaço como qualquer outra pessoa, então a figura pública de um atleta paralímpico serve para mostrar à sociedade que somos portadores de deficiência e merecemos o nosso espaço, sem nos vitimizar, nos tratar como coitadinhos. Somos uma pessoa como qualquer outra, brigando pelo nosso próprio espaço”.
Dayanne Silva: “Esta contribuição vem de uma maneira muito significativa na inclusão da pessoa com deficiência através do esporte, que é onde há muita visibilidade. O atleta é muito visto, especialmente no pódio, e é exatamente neste pódio que muitas pessoas com deficiência, que às vezes não se enxergam com talento ou aptidão para qualquer coisa, percebem que eles também podem”.
Petrúcio Ferreira: “Dar incentivo às pessoas com deficiência, para que elas acreditem que são capazes de alcançar seus objetivos, não importa qual a limitação física ou mental. Todos somos capazes de fazer o que quisermos, independentemente de qualquer condição física”.
Thiago Paulino: “Mostrando que é possível, independentemente de qualquer situação adversa, chegar nos lugares mais altos e principalmente lutando por cada centímetro de espaço, não só por mim, mas por todos nós paratletas, já que por muitas vezes a inclusão acontece só nas redes sociais, na mídia e na realidade passa longe, é brigando sempre por isso”.
Thiego Marques: “Eu consigo contribuir mostrando, através do desporto, da minha história e das conquistas que alcancei, que não há limitações no esporte. No tatame, por exemplo, é apenas um atleta, seja um amputado, um cego, uma pessoa com Down, não tem um limite, é um atleta. É jogar e cair, assim como nas quadras é correr atrás de uma bola, com o mesmo objetivo de sair um pouco melhor do que entrou. Não tem diferença”.
Gustavo Carneiro: “Entrei no mundo paralímpico há 5 anos e o crescimento na minha modalidade foi de certa forma muito rápido. Durante o processo, muitas pessoas com deficiência falaram comigo, me parabenizaram. Percebi que estava mostrando que a deficiência é um detalhe, que podemos sonhar e realizar, cada um do seu jeito, cada um com suas dificuldades”.
Verônica Hipólito: “Eu sou uma pessoa com deficiência, que passo pela falta de acessibilidade, de inclusão, de políticas públicas, pelos olhares como se eu fosse incapaz, uma coitadinha, pelo capacitismo. Por isso, considero a minha obrigação lutar pelas mais de 40 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil para que tenham inclusão e acessibilidade. Da mesma forma, instruindo as pessoas em relação ao capacitismo e termos preconceituosos, para que isso não volte a acontecer, como por exemplo ‘portador de necessidades’”.