O início das disputas das Paralimpíadas Escolares 2024 no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, marcou a estreia dos amigos potiguares Fernando Bernardo, 18, e Hyan Tayrone, 17, em uma competição organizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.
As Paralimpíadas Escolares deste ano contam com a participação de mais de 2.000 atletas em idade escolar, dos 26 estados e do Distrito Federal, em competições de 13 modalidades. O número de inscrições para a edição deste ano é recorde. Supera as 1.800 registradas no ano passado, a maior quantidade de participantes até então.
Entre os participantes, estava a dupla que compete na capital paulista pouco mais de um ano após um acidente de moto no qual foram atingidos por um veículo que estava na contramão enquanto iam para a Igreja Ministério Internacional Belém, em Parnamirim, cidade da região metropolitana de Natal (RN). Com isso, Fernando foi submetido à amputação acima do joelho da perna esquerda, e Hyan teve amputação abaixo do joelho da mesma perna do amigo. Hyan, sem habilitação, conduzia a moto, infração gravíssima de acordo com o artigo 162 do Código de Trânsito Brasileiro.
Fernando e Hyan, que são amigos de infância, vizinhos e colegas de colégio, fazem parte do grupo de 452 crianças e jovens estreantes nas Paralimpíadas Escolares de 2024. A sugestão para a dupla entrar no Movimento Paralímpico veio pelas redes sociais, por diferentes pessoas que souberam do acidente dos jovens. Dos amigos, Fernando foi o primeiro a chegar ao esporte adaptado, por meio do futebol para amputados e, depois, passou para a natação, modalidade em que ele treina junto com Hyan no Sesi Clube de Natal. Já o vôlei sentado é uma experiência recente para a dupla, que entrou no time do estado especialmente para competir na competição no CT Paralímpico.
“Só pela experiência de estarmos aqui, conhecendo tanta gente, já é uma vitória muito grande. A estrutura do CT é muito boa, as pessoas muito acolhedoras. Vai ser uma experiência que vou levar para o resto da vida. É surreal”, disse Fernando.
“É algo único estar aqui. É a primeira vez que venho e vejo pessoas com limitações diferentes competindo é top de verdade. Estamos mostrando a todos que somos capazes de fazer o que gente quiser”, completou Hyan.
Sobre o acidente, Fernando afirmou que, mesmo que a moto fosse conduzida com cuidado no dia em que ele aconteceu, a dupla assumiu um risco grande. “Hoje entendemos que estávamos errados ao andarmos de moto no dia do acidente. O certo é só pilotar quando se tem a habilitação. O que pensamos hoje é que passamos por isso, tivemos uma lesão, mas estamos bem e a vida segue”, analisou.
Também estreante nas Paralimpíadas Escolares, como Fernando e Hyan, o caçula entre todos os participantes é o paulista Murilo Barbutti, 10, do tênis em cadeira de rodas. O jovem, que pratica a modalidade há dois anos e assistiu às partidas do seu esporte favorito nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, disse acreditar que será difícil enfrentar atletas mais velhos de igual para igual, mas que está feliz com a experiência no CT Paralímpico.
“Por enquanto, o importante é eu ganhar experiência. É difícil quando não consigo rebater e eu quase perco a cabeça quando não estou conseguindo pegar a bola. Ai respiro fundo e me acalmo. Acho que estou indo bem. Agora o mais importante é aprender a controlar mais minha força”, opinou o atleta, que tem mielomelingocele, uma má-formação na medula espinhal.
No tênis de mesa, a sul-mato-grossense Wendy Maciel Barbosa, 16, da classe 11 (deficiência intelectual), estreou em suas primeiras Paralimpíadas Escolares com duas vitórias, nas disputas individuais e nas simples. “Estou achando muito incrível. Nunca havia viajado de avião, estou em São Paulo pela primeira vez. E sobre o CT, não tem nem o que falar, é tudo muito bom. Nunca tinha visto uma mesa como a daqui”, afirmou a atleta, que é aluna do 9º ano e pratica tênis de mesa no Esporte Adaptado, um projeto da prefeitura de Campo Grande em sua escola. “Espero ganhar uma medalha para minha mãe, meus professores e meu estado. Mas minha mãe me aconselhou a aproveitar tudo, ganhando ou perdendo”, completou.
As Paralimpíadas Escolares também tiveram o medalhista paralímpico dos Jogos de Paris 2024 Arthur Xavier em sua manhã de abertura. O atleta, bronze no revezamento 4×100 para a classe S14 (deficiência intelectual) competiu nos 100m costas e completou a proa em 1min03s73. Em Paris, ele completou a mesma prova em 1min0260 e ficou na 10ª colocação das eliminatórias da prova
“Ganhei minha prova nas Paralimpíadas Escolares, mas sei que posso nadar ainda melhor. Vou tentar consertar alguns detalhes e cuidar muito da minha rotina para chegar bem na hora de competir. Sinto que vai dar certo”, afirmou o atleta, que volta a competir na próxima semana, de 6 a 8 de dezembro, no Campeonato Brasileiro Loterias Caixa de natação, novamente no CT Paralímpico.
Paralimpíadas Escolares 2024
Em 2024, pela primeira vez, foram promovidas as seletivas estaduais das Paralimpíadas Escolares em três modalidades (atletismo, natação e bocha) inseridas no Meeting Paralímpico Loterias Caixa, evento realizado pelo CPB que percorreu todas as Unidades Federativas do Brasil durante o primeiro semestre com disputas de alto rendimento e para atletas em desenvolvimento.
São Paulo é a delegação com o maior número de atletas nesta edição das Paralimpíadas Escolares: 305 competidores. Em seguida estão os mineiros, com 176 atletas, e os catarinenses, com 159 (confira a lista completa de atletas por estado abaixo).
A modalidade com mais inscritos em 2024, 1.010, é o atletismo, modalidade com mais participantes. Em segundo, estão a natação (323) bocha (156), tênis de mesa (103) e badminton (102) – veja a baixa a quantidade de participantes por modalidade na edição 2024 das Paralimpíadas Escolares.
No ano passado, o Estado de São Paulo terminou como o campeão geral das Paralimpíadas Escolares. Foi o 11º título do estado desde 2006, ano em que o CPB organizou a primeira edição dos Paralímpicos do Futuro, evento que ocorreu até 2007 e antecedeu as Paralimpíadas Escolares, nome adotado a partir de 2009.
Confira os atletas por modalidade
Atletismo – 1.010
Basquete em cadeira de rodas – 27
Badminton – 102
Bocha – 156
Futebol de cegos – 16
Futebol PC – 63
Goalball – 49
Halterofilismo – 31
Judô – 64
Natação – 323
Tênis de mesa – 103
Tênis em cadeira de rodas – 15
Vôlei sentado – 51
Atletas por Estado
SÃO PAULO – 305
MINAS GERAIS – 176
SANTA CATARINA – 159
ESPÍRITO SANTO – 115
MATO GROSSO DO SUL – 101
RIO GRANDE DO SUL – 97
PARANÁ – 95
PARÁ – 91
PARAÍBA – 80
RIO DE JANEIRO – 78
DISTRITO FEDERAL – 75
PERNAMBUCO – 73
CEARÁ -66
GOIÁS – 60
TOCANTINS – 53
MATO GROSSO – 49
MARANHÃO – 48
RIO GRANDE DO NORTE – 45
AMAPÁ – 44
RONDÔNIA – 41
PIAUÍ – 35
SERGIPE – 32
AMAZONAS – 30
RORAIMA – 22
ACRE – 18
ALAGOAS – 18
BAHIA – 9
Imprensa
Os profissionais de imprensa interessados em cobrir as Paralimpíadas Escolares 2024 podem enviar um e-mail para imp@cpb.org.br com os seguintes dados: nome completo, RG ou CPF, veículo por qual irá cobrir o evento. No dia da competição, os profissionais deverão se identificar na sala de imprensa do local.
Serviço
Paralimpíadas Escolares 2024
Datas: Até 29 de novembro, a partir das 8h
Local: Centro de Treinamento Paralímpico
Endereço: Rodovia dos Imigrantes, km 11, 5, Vila Guarani – São Paulo (estação Jabaquara – Comitê Paralímpico Brasileiro do Metrô)
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)