Atleta mais jovem da Seleção Brasileira de halterofilismo paralímpico, a mineira Lara Lima, 20, conquistou a medalha de bronze na categoria até 41kg, elite, entre adultos, no Campeonato Mundial de Dubai nesta quarta-feira, 23, ao suportar 98 kg em sua terceira tentativa.
Esta foi a segunda medalha de Lara na competição em Dubai. Na véspera, a mineira já havia se tornado bicampeã Junior ao erguer 92 kg. Também é a quarta medalha brasileira adulta na história dos Mundiais de halterofilismo. Com ela, o país soma uma prata e três bronzes.
As disputas nos Emirados Árabes começaram na terça-feira, 22, e vão até 30 de agosto no hotel Hilton Habtoor City, onde as delegações estão hospedadas. O evento conta com 495 atletas de 78 países. O Brasil se faz presente com uma equipe de 23 halterofilistas, de 12 unidades federativas (AM, BA, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RS, SC e SP).
A delegação é formada por aqueles que alcançaram os índices estabelecidos pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) durante a Primeira Fase Nacional do Circuito Loterias Caixa, em março, e o Campeonato Brasileiro Loterias Caixa, em abril, ambas no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. O Mundial é realizado pela terceira vez em Dubai, onde já esteve em 1998 e 2014 e é etapa obrigatória para qualificação aos Jogos paralímpicos de Paris 2024.
Lara obteve sua medalha com um levantamento de 98 kg na terceira tentativa, apenas um quilo a mais do que a quarta colocada, a colombiana Cristina Poblador. A atleta do país vizinho se apresentou antes da mineira e completou um movimento válido com 97 kg na barra após dois levantamentos anulados, colocando pressão sobre a halterofilista brasileira.
A mineira chegou a brigar pela medalha de prata, depois de dois erros da líder do ranking, a nigeriana Esther Nworgu, mas a adversária suportou 111 kg em seu terceiro levantamento. O ouro ficou com a chinesa Zhe Cui, que liderava o ranking da categoria até 45kg e passou a competir na mesma categoria de Lara em Dubai, com um levantamento de 112 kg.
Antes de sua terceira tentativa, o técnico de Lara, Weverton Lima dos Santos, ensaiou uma pedida ainda maior, de 101 kg. O objetivo era fazer a rival colombiana pedir uma carga superior a essa, diminuindo as chances de sucesso da adversária. Cristina e sua comissão técnica, porém, não aceitaram a provocação e Lara reduziu a pedida para 98 kg. A regra do halterofilismo permite ao técnico uma alteração na terceira pedida.
“Estou muito pilhada, muito feliz. Queimar a primeira tentativa é pedir para queimar as outras. É ela que manda em tudo. Quando você erra, perde toda a confiança. E eu já vinha de um dia que não tinha sido tão bom quanto eu gostaria. Mas eu acreditei no que meu técnico estava falando, no meu trabalho, nos meus treinos de todos os dias e sabia que iríamos dar um jeito”, comentou Lara, lamentando não ter superado no dia anterior mais que 92 kg na disputa entre juniores, que, ainda assim, rendeu-lhe a medalha de ouro pelo segundo ano consecutivo.
“Agora minha meta é ser medalhista nos Jogos Paralímpicos de 2024. Estou treinando para isso. Se consegui ter medalha em um Mundial, que é tão difícil, pode dar certo em Paris”, completou a atleta, que tem mielomeningocele, doença que afetou a medula espinhal.
Ainda nesta quarta-feira, a potiguar Maria Rizonaide, 41, ficou na sétima colocação na disputa da categoria até 50 kg, ao erguer 94 kg em sua terceira tentativa. O pódio foi formado pela britânica Oliva Broome, ouro (112kg), pela chinesa Yo Wei, prata (105kg), e pela vietnamita Thi Linh Phuong Dang, bronze (103kg).
Nesta quinta-feira, 24, às 5h40 (de Brasília), o catarinense Ezequiel Correa será o primeiro halterofilista masculino brasileiro a competir na atual edição do Mundial. Campeão parapan-americano nos Jogos de Lima, 2019, o atleta, 35, irá disputar na categoria até 72kg.
Ele está na décima posição do ranking mundial, com a marca de 180 kg. “Vim aqui para melhorar minha posição. Quero ficar ao menos entre os cinco primeiros. E, se algum atleta de cima abrir espaço, vamos buscar a medalha. Meu grande sonho é ir aos Jogos Paralímpicos. Eu me considero um atleta muito disciplinado, com hora para dormir, treinar, fazer as refeições e estou no caminho para alcançar isso”, afirmou.
Ezequiel, que tem má-formação congênita do osso fibular, contou que seu título continental de 2019 teve grande repercussão em Capivari de Baixo (SC), onde mora. O atleta, formado em educação física, abriu a Zico Academia, na qual recebe alunos e professores e realiza seus treinos diariamente.
O dia também marca o retorno da baiana Edilândia Araújo a um Mundial após 13 anos, na categoria acima de 86 kg, a partir das 12h40. Desde que competiu em 2010, na Malásia, a atleta contraiu osteomielite, uma infecção óssea, em 2015, e precisou ficar afastada do esporte por sete anos. “Quando eu adoeci, eu nunca falei que eu era ex-atleta. Eu sentia que não havia ainda finalizado o ciclo. Mas, para mim mesma, eu dizia que só conseguiria voltar para competições nacionais, que não conseguiria me recuperar tão rápido e conseguir uma vaga para o Mundial”.
Edilândia ainda não tem marca no ranking do ciclo Paris 2024. No início de agosto, nas Seletivas para os Jogos Parapan-Americanos de Santiago, a baiana levantou 125 kg em sua melhor tentativa. A carga a colocaria na nona colocação, caso a competição estivesse entre as consideradas para efeito de ranking.
Na mesma categoria, acima de 86 kg, a partir das 11h35, entrará na arena a primeira medalhista do Brasil em um Mundial de halterofilismo, a paranaense Márcia Menezes, 55, bronze na edição de 2014, também realizada em Dubai. A atleta está na décima posição no ranking Mundial, com a marca de 116 kg.
Seleção Brasileira em Dubai
A equipe brasileira adulta em Dubai supera em número a convocada para a edição anterior do Mundial, em Tbilisi, na Geórgia. Na competição passada, o Brasil contou com 18 atletas para as disputas na elite da modalidade. Porém, o país também foi representado por sete atletas no Mundial Junior, para aqueles com até 20 anos, naquela ocasião.
O país levou a Dubai seus três medalhistas de edições anteriores do Mundial. São eles: a paulista Mariana D’Andrea, prata na Geórgia em 2021, o baiano Evânio da Silva, bronze na Cidade do México em 2017, e a paranaense Márcia Menezes, bronze em Dubai em 2014. Além disso, a delegação conta com nove estreantes.
Com seis atletas, Minas Gerais é o estado com o maior número de representantes no Mundial. Dentre os convocados, 11 vêm da região Sudeste, sete do Nordeste, três do Sul e dois do Norte. A Seleção Brasileira é formada majoritariamente por mulheres. São 14, cerca de 61% do grupo, ante nove atletas masculinos.
Confira a programação dos brasileiros nesta quinta-feira, 24, no Mundial de halterofilismo de Dubai (horários de Brasília):
5h40
Até 72kg
Ezequiel Correa
11h35
Acima de 86kg (grupo B)
Márcia Menezes
12h40
Acima de 86kg (grupo A)
Edilândia Araújo
Patrocínios
As Loterias Caixa são a patrocinadora oficial do halterofilismo.
Assessoria de Imprensa do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)