Nesta semana, o mundo inteiro estaria de olho nos atletas que conquistaram sua vaga para disputar a maior competição esportiva do planeta, os Jogos Paralímpicos. Mas devido à pandemia da Covid-19, a edição com sede na capital japonesa foi adiada para agosto de 2021, quando enfim Tóquio receberá os competidores das 22 modalidades do programa.
Para duas modalidades em especial, a espera por este momento dura mais do que os quatro anos que costuma ser o período de um ciclo. Desde 2014, quando foi anunciada a inclusão do parabadminton e do parataekwondo no programa dos Jogos, todos que trabalham e praticam essas modalidades estão na expectativa por este acontecimento.
Para a participação do parabadminton em Tóquio 2020, o Brasil está na disputa por três vagas. Para o parataekwondo, o país também busca três lugares na competição.
“Quando soube que Tóquio foi adiado, foi um misto de sentimentos. Parte era bom porque todos pudemos nos cuidar, ainda mais no Movimento Paralímpico que temos grupos de risco. Mas, também, tem a parte ruim porque o sonho foi adiado. Eu ainda estou com a expectativa muito grande. Faço acompanhamento psicológico para ajudar na performance. Vou aproveitar o tempo a mais para treinar e fazer os últimos ajustes”, afirmou Vitor Tavares, jogador de parabadminton.
O curitibano de 21 anos possui hipocondroplasia congênita, popularmente conhecida como nanismo. Praticava mountain bike convencional até 2016, quando conheceu o parabadminton no colégio por meio de um professor que dava aulas para crianças e atletas de alto rendimento e que o convidou para praticar a modalidade.
O atleta paranaense joga pela classe SS6, para competidores com baixa estatura. Além desta, outras cinco classes contemplam os atletas com deficiência física do parabadminton, são elas: WH1 e WH2, para cadeirantes; SL3 e SL4, para pessoas com deficiência nas pernas que são andantes; e SU5, para atletas com deficiência nos braços.
Já no parataekwondo, apenas as classes K43 e K44 pertencem ao programa dos Jogos Paralímpicos. A letra K significa kiorugui (luta). A classe K44 é para atletas com deficiência em um dos braços e a K43 para deficiência nos dois braços.
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Em Tóquio, serão distribuídas 20 medalhas nas duas modalidades, 14 no parabadminton e seis no parataekwondo. “A cada dia que passa, a ansiedade aumenta. Acho que vai passar rápido. A expectativa é chegar bem lá e fazer uma boa luta. Mostrar a minha capacidade, mostrar que vou brigar por medalha e representar o Brasil da melhor forma possível. Quero fazer história dentro do parataekwondo, ser uma das primeiras lutadoras nos Jogos e quem sabe ser uma das primeiras a medalhar”, projetou a taekwondista Silvana Fernandes.
Natural de São Bento, na Paraíba, Silvana nasceu com má-formação no braço direito. Aos 15 anos, começou a praticar atletismo no lançamento de dardo. Em 2018, enquanto competia na regional norte-nordeste do Circuito Brasil Loterias Caixa em Aracaju, foi convidada para conhecer o parataekwondo. No ano seguinte, migrou para a modalidade e já faturou o ouro na categoria até 58kg nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019.
Conquistas das modalidades
As duas modalidades que iniciarão sua história nos Jogos Paralímpicos em 2021 vêm crescendo no Brasil. O esforço de todos que se dedicam ao parabadminton e ao parataekwondo tem mostrado resultados nos pódios.
Em fevereiro de 2019, foi realizado o Campeonato Mundial de Parataekwondo, em Antalya, na Turquia. O Brasil trouxe na mala duas medalhas: o ouro conquistado pela paulistana Débora Menezes (categoria acima de 58kg) e o bronze da potiguar Cristhiane Neves (até 58kg).
Menos de seis meses depois, o parataekwondo fez sua estreia nos Jogos Parapan-Americanos em Lima, no Peru. Ao todo, foram cinco medalhas, sendo dois ouros, duas pratas e um bronze.
Já o Campeonato Mundial de Parabadminton, ocorreu em Basileia, na Suíça, poucos dias antes da estreia da modalidade no Parapan. O curitibano Vitor Tavares conquistou três medalhas de bronze nas disputas simples, duplas mistas e dupla masculina. Ele superou a performance brasileira na edição de 2015, na Inglaterra, em que a paranaense Cinthya da Silva Oliveira faturou um bronze, a primeira medalha mundial do parabadminton.
Em Lima, foram 10 pódios com jogadores de badminton brasileiros, sendo quatro ouros, quatro pratas e dois bronzes.
“Eu fico muito contente por já ter conquistado todos esses resultados para o Brasil. Acho que, quanto mais novo o atleta começa, o auge será mais cedo também e pode se manter no alto rendimento por mais tempo. Eu vejo um futuro promissor se continuar treinando como treino agora e manter o foco”, disse Vitor, que faturou a medalha dourada na disputa simples da classe SS6 no Parapan de Lima.
Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível
Os atletas Cristhiane Neves, Débora Menezes e Vitor Tavares Evangelista são integrantes do Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível, programa de patrocínio individual da Loterias Caixa que beneficia 70 atletas e sete atletas-guia.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)