Os quase 120 atletas participantes do Camping Escolar Paralímpico 2022, que começou no último dia 29 de janeiro e vai até 5 de fevereiro, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, têm vivenciado a rotina das Seleções Brasileiras paralímpicas, em boa parte, graças ao trabalho dos técnicos e auxiliares envolvidos no projeto.
O Camping Escolar é idealizado e realizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) desde 2018 e tem como objetivo proporcionar a jovens atletas, com idade entre 12 e 17 anos, selecionados a partir das Paralimpíadas Escolares, o primeiro contato com a rotina de um atleta de alto rendimento.
Ao todo, 31 técnicos e dois atletas-guia têm atuado na formação dos jovens atletas participantes desta primeira fase do programa. Destes, 10 técnicos foram indicados pelas confederações de algumas das modalidades que são oferecidas durante a semana de treinamentos. Outros 21 auxiliares, além dos dois atletas-guias, foram designados pelo CPB.
São sete profissionais envolvidos na natação, quatro no atletismo (além dos dois atletas-guia), três na bocha, dois no basquete em cadeira de rodas (3×3), goalball, tênis de mesa, futebol de 5, futebol de 7 (para paralisados cerebrais), judô, parabadminton, e vôlei sentado, e um no tênis em cadeira de rodas.
Legenda: O técnico Vagner Lopes Lima (à dir., de azul), ao lado da atleta Evani Calado, conversa com jovens atletas da bocha durante treino do Camping | Foto: Ale Cabral/CPB
“Buscamos aproximar os atletas do Camping à realidade do treinamento e à rotina de trabalho das Seleções Brasileiras paralímpicas de alto rendimento. Obviamente, levando em consideração aspectos como a carga de treinamento, intensidade, para que eles possam se recuperar com qualidade e sem lesões”, analisou Altemir Trapp, técnico do goalball.
Auxiliar técnico na campanha da medalha de ouro da Seleção Brasileira masculina da modalidade nos Jogos de Tóquio, Altemir revela que tem observado atletas do Camping que tenham boa leitura do jogo, percepção auditiva, para perceber o origem do arremesso, por exemplo, além de aspectos físicos, componentes de performance, e até aspectos comportamentais, como boa relação do atleta com o grupo.
“É uma experiência fantástica, percebemos uma evolução constante em cada treinamento, com atletas com muito potencial. O programa é muito positivo, pois o que o atleta realiza aqui em uma semana, muitas vezes, ele faz em dois meses no clube dele. Então, todos os detalhes que o CPB oferece na formação do atleta, o treinamento, a intensidade, o descanso, e as formações complementares, como as palestras, gera uma reflexão muito enriquecedora para os participantes”, completa.
Em geral, os técnicos planejaram duas sessões de treinos por dia para esta semana que os jovens do Camping vão frequentar o CT Paralímpico. Entre as atividades nas quadras, nas piscinas, ou nos campos, os atletas também têm assistido a palestras, com temas como sexualidade, psicologia, nutrição e fisioterapia, além de participarem de um bate-papo com um atleta da Seleção Brasileira da modalidade que foi escolhido para participar.
Para estimular os participantes do projeto a vivenciarem a rotina de um atleta de Seleção Brasileira, estes profissionais tem estimulado, por meio de atividades lúdicas, educativas e brincadeiras, os jovens atletas a conhecerem os conceitos, as regras e os fundamentos de cada modalidade.
Legenda: Participantes do Camping Escolar recebem orientação durante treino de parabadminton no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo | Foto: Ale Cabral/CPB
“Buscamos transmitir para eles como funciona a rotina de uma Seleção Brasileira paralímpica. Obviamente, adequamos o treino para que não fique tão desgastante para atletas para esta faixa etária. Mas, principalmente, buscamos orientá-los em relação a aspectos como horários de treinos e alimentação, rotina de hidratação, pois muitos jovens esquecem de se hidratar e, com isso, podem surgir problemas físicos futuramente”, aponta Vagner Lopes Lima, técnico da classe BC4 da Seleção Brasileira da bocha e um dos treinadores no Camping.
“Ter esse contato com eles, é estar próximo à nova geração. São atletas que ainda se encontram na escola. Quando participamos de projetos como as Paralimpíadas Escolares ou o Camping, estamos vendo de perto o futuro da Seleção paralímpica”, acrescenta Ricardo Rieff, técnico do tênis de mesa.
Os participantes dessa modalidade, durante o projeto, têm realizado os treinamentos exatamente nas mesas ao lado de atletas como Jennyfer Parinos, medalhista de bronze por equipes (classe 9-10) nos Jogos de Tóquio e que treina no CT Paralímpico.
“Estar no mesmo ambiente que a Seleção Brasileira paralímpica treina, é uma experiência única para eles. Por isso, nesta faixa etária, buscamos atletas que gostem da modalidade e tenham o prazer de estar jogando”, completa Rieff.
Já Marcos Vinícius Ramos, auxiliar técnico da Seleção Brasileira sub-19 de futebol de 7 (para paralisados cerebrais) e que tem treinado os jovens da mesma modalidade no Camping, apontou o aspecto físico como a principal dificuldade enfrentada pelos participantes na adaptação ao esporte paralímpico de alto rendimento
“Temos de trabalhar bastante também o aspecto emocional e comportamental deles. Muitos garotos chegam aqui no CT Paralímpico e já acham que é o Neymar, já virou estrela. Cheguei até tirar o celular deles nos primeiros dias porque perderam o horário de treino. Na Seleção, fizemos isso e fomos campeões do mundo”, recordou.
“Às vezes, atletas aposentados da modalidade falam para mim ‘imagina se tivesse projetos como esse na minha época, eu teria uma carreira esportiva muito maior’. Então, o Camping é fundamental e muito importante para esse processo de detecção de novos talentos para as modalidades paralímpicas”, finalizou.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)