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Referências paralímpicas: quem inspira nossos atletas?

O nadador Daniel Dias durante cerimônia de premiação nos Jogos de Londres 2012. Foto: CPB/Mpix

Em um evento do TED Talk que ocorreu há dois anos, o nadador multicampeão paralímpico Daniel Dias (classe S5) convencia o público de que, os nossos sonhos, somos nós que construímos.

“Existe uma força dentro de cada um de nós. E o que cabe a nós é ir em busca desses sonhos, desses objetivos. Eu dou valor a essas pequenas conquistas e também às grandes conquistas, como medalhas em jogos paralímpicos. Mas, o principal é que, por mais que eu faça natação, nunca estou sozinho, temos os amigos, a família. Mesmo que a natação seja um esporte individual, a gente nunca vai estar sozinho, porque existe a parte do revezamento”, afirmou durante a palestra.

O tema que ele trouxe nessa apresentação se aplica à vida de muitas pessoas, justamente, por se tratar de uma verdade fundamental: sempre que conquistamos algo, não estamos sozinhos. É só observar!

Durante um momento de importante conquista, ao seu lado, pode estar a sua equipe, família ou amigos. Em determinados momentos, será um deles e, no momento seguinte, será outro, em um contínuo revezamento. Mas há um tipo de companhia em particular que está sempre ao lado de quem corre atrás de seus sonhos: a sua inspiração.

Família é inspiração

Nossos atletas entrevistados nos contam quem são essas pessoas que os acompanham em todos os momentos de suas trajetórias, suas referências no esporte e na vida.

Wendell Belarmino (S11) é brasiliense e atleta de natação, possui quatro recordes em Jogos Parapan-Americanos e é o primeiro atleta masculino cego a ser campeão mundial na natação, em 2019.

Wendell afirma que a sua primeira vitória na vida foi ter nascido. Já que ocorreram diversas complicações durante sua gestação. Ele explica que nasceu com apenas 35 semanas. Devido a uma calcificação na placenta, o parto precisou ser de cesárea. “Eu fiquei cinco dias na UTI, na incubadora. E desde os três meses de idade, talvez até antes, eu já passei por algumas cirurgias oculares.”

Outra vitória de tamanha importância foi conhecer o esporte paralímpico, “porque abriu muitas portas, abriu um novo mundo para mim. Um mundo completamente diferente do que eu conhecia.”

Depois disso, o intervalo entre uma conquista e outra foi diminuindo e o ritmo, acelerando. “Acho que uma das maiores vitórias no esporte paralímpico foi ter recebido a convocação para o Parapan e depois para o Mundial. E, posteriormente, a classificação para os Jogos de Tóquio”, apontou.

Depois de lembrar de seu passado e comemorar seus triunfos mais recentes, o atleta nos conta de suas aspirações para o futuro próximo. Afinal de contas, estamos cada vez mais próximos dos Jogos de Tóquio 2020, para os quais ele está diariamente se preparando atualmente.

“Dentro de cinco anos, eu já terei vivido Tóquio. Terei vivido mais um Mundial, mais um Parapan, e pretendo também participar dos Jogos de Paris 2024. Daqui a cinco anos, acredito que estarei no auge do meu alto rendimento”, completa.

Amigos são inspiração

Por trás dessa longa sequência de êxitos, podemos observar também uma grande rede de suporte aos atletas paralímpicos. Desde o alicerce familiar, passando pelas fortes amizades, sempre com a presença de figuras inspiradoras, propulsionando o movimento e mostrando onde mirar. 

“Inspiração no esporte paralímpico eu tenho várias, mas sem dúvida as três principais são o Phelipe Rodrigues, que acabou se tornando um grande amigo meu. Tharon Drake, também amigo, que é integrante da seleção norte-americana. Ele é [da classe] S11 também. Ele me ensinou bastante coisa, sobre natação e sobre a vida mesmo. E, claro, o Daniel Dias”, apontou Wendell.

Essas referências explicam um pouco sobre Wendell ter chegado tão longe. Phelipe Rodrigues é um nadador paralímpico brasileiro que já conquistou sete medalhas de prata nos Jogos Paralímpicos. Tharon Drake é um nadador americano, atual recordista americano na classe S11 em 50m livre.

Daniel Dias é o maior medalhista do Brasil em Jogos Paralímpicos e está entre os dez maiores medalhistas da história dos Jogos Paralímpicos no mundo. Ganhou mais de uma vez o Prêmio Laureus, conhecido com o Oscar do esporte. É o único brasileiro que tem mais de uma estatueta dessa e é o quarto brasileiro na história que logrou essa conquista. Outro desses quatro que possui esse troféu é o ex-jogador Pelé.

Além disso, Daniel Dias é também palestrante. Aquele do início deste texto, lembra? Que disse que nunca conquistamos algo sozinhos? Ele parece ser um consenso quando se trata de inspiração. 

Jessica Ferreira (da classe PTWC do triatlo) também citou o campeão mundial em sua lista de inspirações. Seguindo com nomes internacionais como Jetze Plat, ciclista holandês da classe H5 que já competiu tanto no paraciclismo quanto no triatlo paralímpico; Lauren Parker (PTWC), atleta paralímpica australiana que recentemente conquistou diversas medalhas; Maria Carolina Santiago (S12), nadadora paralímpica brasileira que compete em eventos internacionais, quatro vezes campeã dos Jogos Parapan-Americanos e duas vezes campeã mundial em natação de estilo livre.

Por fim, Susana Schnarndorf (SB6), atleta brasileira que teve uma carreira no triatlo, mas depois de uma doença degenerativa voltou ao esporte por meio da natação. Hoje, ela faz parte da Seleção Brasileira de natação paralímpica.

Referências femininas

Jessica veio do paraciclismo, uma das modalidades em que compete atualmente pelo triatlo e que está entre as melhores do mundo. O triatlo exige uma dedicação integral e exclusiva, já que se trata de três modalidades em uma prova única para performar.

É uma prova que exige muito preparo e disciplina, mas a atleta é apoiada por uma equipe treinada, composta por três pessoas que a auxiliam também com demandas extra esporte, como campanhas, patrocínios, mídias e pós-carreira.

“E como sou casada com meu técnico, até nos momentos de casal, falamos sobre triatlo. Está enraizado em nós pelo menos até os Jogos de Tóquio 2020”, brinca.

Além disso, Jessica é uma das poucas mulheres desse esporte no Brasil. Ela nos diz que já existem muitas mulheres competindo e performando pelo mundo. E que, devido ao crescimento, o triatlo feminino irá expandir nos Jogos de Tóquio.

“Trabalhei nos últimos anos para isso e minha maior conquista é ter conciliado minha evolução humana que veio por meio do esporte, valores, família etc. Hoje me sinto um ser humano melhor do que fui antes do esporte”, afirma.

Contudo, para Jessica, é triste ver que em 2020 ainda existem barreiras de gênero e tanta desigualdade. “Porém, acredito que as mulheres estão cada vez mais mostrando suas competências e habilidades e abrindo portas, tenho otimismo. As mulheres não irão desistir e a luta vai continuar, tenho fé na semente que vem sendo plantada para as próximas gerações.”

A história de vida de Jessica, assim como sua dedicação e esforços contínuos, traz conquistas de diferentes ordens, vitórias pessoais e coletivas. Cada troféu ou medalha obtida (e não foram poucas) significam grandes avanços nas questões de gênero, deficiência e esporte.

“Sinto que, com bons exemplos e muita garra, posso disseminar a modalidade no país. Não é fácil, porém, o atleta paralímpico tem o dom para desafios”, completa.

Referência paralímpica

Se o atleta paralímpico está sempre em busca de maiores desafios, precisa ter também referências à altura. Algumas dessas personalidades foram aqui citadas, existem tantas outras. São um tipo bem particular de companhia, presentes tanto em momentos de dificuldade, quanto nos de êxito. E quem segue suas inspirações de maneira disciplinada, como fazem Jéssica e Wendell, pode acabar se tornando inspiração para outras pessoas.

No início, Wendell não se entendia como uma inspiração, mas quem o acompanha costuma dizer o contrário.

“Não me vejo como inspiração, mas já encontrei pessoas na rua várias vezes que falaram ‘nossa eu te vi na TV, é muito legal ver o que você faz, mesmo com sua limitação você consegue nadar, eu não sabia nadar e você me estimulou a aprender”, relata.

Tem amigos também que dizem: “cara, eu não faço metade do que você faz e desde que vi você fazendo, me deu vontade de ir atrás e também fazer algo diferente, sair do comodismo”, então “eu não me vejo como uma inspiração, mas sei que eu consigo inspirar pessoas e isso é muito gratificante para mim”. Para Wendell, saber que a sua vida consegue motivar pessoas, “é muito bacana”.

Para Jessica não é diferente. A atleta que inspira diversidade em tantos âmbitos, não à toa, consegue ver inspiração em todos e em tudo que a cerca.

“Acredito que todos nós já inspiramos alguém em determinado momento, com atitudes, gestos, falas etc., por isso, tento agregar sempre para quem está ao meu redor. Acredito na reciprocidade, no ganha-ganha, gosto que as pessoas que estão à minha volta ganhem de alguma maneira. Algumas vezes, a motivação para agir é, uma delas, a tal inspiração”, conclui.

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