O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) definiu em 2018 a meta de manter-se entre as dez principais potências do planeta nos Jogos Paralímpicos. A meta ousada tem se tornado um resultado sólido a cada nova edição do megaevento paradesportivo. Em 2021, o país alcançou a marca de 100 medalhas de ouro conquistadas em Jogos Paralímpicos e encerrou sua participação em Tóquio na sétima posição no quadro geral.
Mas o resultado final do país no ranking dos Jogos é apenas a conclusão de um ciclo paralímpico que conta com o trabalho de quatro anos de um atleta. E, para que um atleta de alto desempenho chegue ao pódio, uma equipe multidisciplinar é envolvida no desenvolvimento físico e estratégico do campeão.
Para o coordenador do Departamento de Ciência do Esporte na CPB, Thiago Lourenço, quanto mais profissionais envolvidos no cuidado de um atleta, mais bem preparado ele se torna para as competições. “Quanto mais cérebros estão envolvidos no processo, menor a chance de erro. Menos empíricas se tornam as ações e decisões”, pontua.
Olhando para cada atleta isoladamente, os ganhos em contar com uma equipe com várias especialidades podem ser sentidos em diversos aspectos. “Desde a melhora de desempenho à longevidade do atleta no esporte. Com uma equipe multidisciplinar o risco de lesão diminui muito, potencializando a performance”, explica Thiago, que se encarrega de munir o treinador e toda a comissão técnica de informações a respeito do processo de treinamento e recuperação do atleta para direcionar decisões mais acertadas.
Um dos aparatos usados para gerar mais precisão nessas decisões de treinadores e comissão técnica é a tecnologia. Ela oferece um conjunto de informações mais fidedignas que muitas vezes não são detectáveis a olho nu. Estes dados permitem à equipe refinar ações e torná-las mais confiáveis no dia dia.
Nos esportes coletivos, existe um ganho adicional em contar com uma equipe multidisciplinar, que é o estudo estratégico dos adversários e a forma como jogam. “Uma equipe com diferentes especialistas pode se debruçar sobre as estratégias do adversário e análises específicas da modalidade”, explica Thiago.
Confira a seguir a lista de profissionais que estão por trás do preparo e desenvolvimento de um atleta paralímpico de alto rendimento de forma direta (no dia a dia) e indireta (contato esporádico):
-Técnico
-Auxiliar técnico
-Coordenador da modalidade
-Administrativo
-Diretoria técnica
-Presidência
-Vice-presidência
-Tecnologia da informação
-Médico
-Fisioterapeuta
-Massoterapeuta
-Psicólogo
-Nutricionista
-Enfermeiro
-Biomecânico
-Fisiologista
-Analista de performance
-Classificador
-Profissional de Marketing e Comunicação
-Advogado
-Chefe de missão
A lista de profissionais atrelados ao sucesso de um campeão é extensa e muitas especificidades não são familiares a quem não está no universo dos esportes. Confira agora a importância e como funciona o trabalho de alguns destes especialistas:
– Massoterapeuta – auxilia principalmente nos processos de recuperação entre as sessões de treino;
– Biomecânico – fornece informações específicas de gestos motores que possam melhorar a técnica ou diminuir o risco de lesão por repetição de gestos ineficientes;
– Fisiologista – atua na análise de parâmetros fisiológicos a respeito das respostas ao treino e a recuperação. Auxilia a comissão técnica a entender de forma biológica as adaptações ou desajustes que acontecem em resposta ao treino e ajustar as cargas aplicadas no dia a dia;
– Analista de performance – analisa a evolução do desempenho em competições e avaliações podendo traçar estratégias de treinamento e de fomento à determinadas modalidades/provas de acordo com os resultados apresentados nas competições;
– Classificador – exerce papel fundamental na busca de novos atletas para o movimento paralímpico sendo um consultor para treinadores que possuem possíveis promessas. Além disso, é de extrema importância no suporte técnico para toda a comissão no que diz respeito às características específicas de cada deficiência associada às regras das modalidades.
A construção de uma equipe multidisciplinar é um processo que demonstra a maturidade do esporte paralímpico brasileiro em questões técnicas, estratégicas e estruturais. O empenho de toda equipe é refletido nos números das conquistas: são mais de 300 pódios em 12 participações em Jogos Paralímpicos, e a expectativa é não parar de avançar como potência paralímpica no esporte: o preparo para Paris 2024 já começou.