A Seleção Brasileira de vôlei sentado masculino chegou à França com uma mescla de atletas veteranos, que atuavam no convencional, e jovens talentos revelados para o Movimento Paralímpico nas Paralimpíadas Escolares, evento promovido anualmente pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
O time comandado pelo paraibano José Agtônio Guedes busca a primeira medalha de ouro em Jogos Paralímpicos. A edição de Paris será inaugurada em 28 de agosto e o encerramento será em 8 de setembro. O time masculino ainda não chegou ao pódio paralímpico, enquanto que o feminino já soma duas medalhas de bronze: Rio 2016 e Tóquio 2020.
Ambas as equipes estão desde terça-feira, 13, em Troyes, cidade a cerca de 160km de Paris, para a fase de aclimatação. Além delas, outras Seleções também estão na região de Aube: atletismo, badminton, goalball, natação, remo, taekwondo e tênis de mesa. Neste domingo à tarde (horário de Paris), 18, chegaram os atletas do tênis em cadeira de rodas.
O técnico Guedes, como é mais conhecido, reuniu jogadores de gerações e bases técnicas bastantes distintas para tentar mudar a história do vôlei sentado masculino do país.
“Nosso desafio a cada ciclo é planejar o processo de renovação da seleção, identificar ao final quem pode compor a seleção na trajetória até os Jogos Paralímpicos subsequentes ciclo. Esse trabalho de trazer os talentos das [Paralimpíadas] Escolares é uma estratégia passa muito pelo trabalho nas Seleções de base. E a integração com os mais experientes se dá no dia a dia, de forma que eles possam passar seu empenho, vontade, hábitos de um atleta profissional dentro e fora da quadra”, explicou Guedes.
Os centrais Levi e Luís Fabiano fizeram carreira no vôlei para atletas sem deficiência e, no caso de Levi, chegou até a disputar a Superliga, antes de aderirem ao vôlei sentado. Levi tem artrodese no tornozelo direito e chega para sua terceira participação paralímpica. “O vôlei sentado é mais dinâmico e mais rápido que a versão para atletas sem deficiência”, explicou Levi, que compôs a seleção brasileira nas campanhas de Londres 2012, quando o país terminou na quinta colocação, e do Rio 2016, quarto lugar. “Agora, a modalidade está sendo mais divulgada, estão surgindo mais atletas novos”, disse Levi, que jogou no juvenil do Palmeiras, Pirelli, Ulbra e em equipes da Argentina, Espanha, Qatar dentre outros.
Luís Fabiano, 48, que tem sequela de poliomielite nas pernas, começou no juvenil do Palmeiras e representou as agremiações de Montes Claros (MG), Chapecó (SC), dentre outras. “A bola no vôlei sentado é muito rápida, o que nós tentamos sempre passar é a ideia da tranquilidade. A calma é essencial para concluir muito bem as jogadas. Quando começamos no vôlei também tínhamos nossa afobação, mas com o tempo fomos nos adaptando”, explicou.
“Obviamente que existem algumas técnicas diferentes por jogar sentado, mas nós que somos mais jovens, ouvimos muitas orientações dos mais experientes”, explicou o goiano Raysson Ferreira, líbero da equipe. Aos 24 anos, o atleta amputado da perna esquerda em decorrência de um osteossarcoma (tumor ósseo) vive a expectativa de estrear nos Jogos Paralímpicos em Paris. Há cinco anos, Raysson integrava a equipe de Goiás nas Paralimpíadas Escolares, nas quadras do Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.
Um ano antes, o time do estado de São Paulo contava com um atleta que agora também vive a expectativa de disputar uma edição de Jogos Paralímpicos pela primeira vez. O ponteiro Thiago Costa, 24, capixaba de Vila Velha, radicado em São Paulo desde os 10 anos, é uma das peças importantes na estratégia do técnico Guedes. “Eu treinei muito para estar aqui. Passei pelas Seleções de base, queria muito chegar até a principal. É um sonho representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos”, admitiu Thiago, eleito o melhor do país na modalidade no ano passado, amputado da perna esquerda desde os seis anos de idade, após ser vítima de uma acidente de ônibus em Teófilo Otoni, Minas Gerais.
O Brasil estreia nos Jogos Paralímpicos contra a Alemanha, na sexta-feira, 30, às 13h (de Brasília), pelo grupo B. Maior potência do vôlei sentado mundial, o Irã, do central Morteza Mehrzad, de 2,47m, é o segundo adversário da seleção de Guedes, no domingo, dia 1º, às 7h. O terceiro jogo da primeira fase será contra a Ucrânia, às 13h da terça-feira, 3.
No grupo A estão França, Egito, Bósnia Herzegovina e Cazaquistão. Os dois melhores de cada chave avançam às semifinais. O Brasil vem de duas edições seguidas na quarta colocação.
“Fizemos fases de treinamentos mensais, torneios e intercâmbios ao redor do mundo. Chegamos da melhor forma possível para ratificar nossa condição de destaque no cenário internacional . Para estar entre as duas melhores do ranking internacional, precisamos comprovar dentro da quadra e trabalhamos sempre pensando neste objetivo. Este o desafio e é também a meta que estamos nos propondo: chegar até a final dos Jogos Paralímpicos de Paris”, finalizou Guedes.
O Brasil será representado por 280 atletas, sendo 255 com deficiência, de 20 modalidades nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. É a maior delegação brasileira já anunciada para uma edição dos Jogos fora do Brasil. Antes, a maior equipe nacional era de 259 convocados ao todo em Tóquio 2020. Já o recorde de participantes do país foi nos Jogos do Rio 2016, ocasião em que o Brasil sediou o megaevento e contou com 278 atletas com deficiência em todas as 22 modalidades já classificadas automaticamente.
Na região de Aube, onde fica Troyes, serão 216 atletas de 13 modalidades (atletismo, badminton, canoagem, esgrima em cadeira de rodas, futebol de cegos, goalball, judô, remo, natação, taekwondo, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas e vôlei sentado) que farão suas preparações para os Jogos Paralímpicos.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)