A delegação brasileira conquistou seus primeiros pódios nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023, neste sábado, 18. Foram 46 no total: 19 de ouro, 14 de prata e 13 de bronze. Com isso, o país lidera o quadro de medalhas, seguido por Argentina e Colômbia, que estão empatadas na segunda posição (cinco ouros, cinco pratas e sete bronzes).
Para esta edição, a delegação brasileira conta com 324 atletas, 190 homens e 134 mulheres, oriundos de 23 estados e do DF, em 17 modalidades. Desses competidores, 51 têm até 23 anos, 108 são cadeirantes, 79 conquistaram medalhas em Mundiais neste ano, 132 são estreantes no evento continental, 72 treinam nos Centros de Referência do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e 11 disputaram o Parapan de Jovens, em Bogotá, Colômbia, no último mês de junho. A competição reúne cerca de 1.900 esportistas de 31 países até o dia 26 de novembro.
Entre os destaques deste sábado estão a nadadora paulista Alessandra Oliveira, 15, que iniciou sua trajetória na Escola Paralímpica de Esportes do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e foi ouro nos 100m peito da classe SB4 (limitação físico-motora), e a halterofilista Mariana D’ Andrea, campeã e recordista das Américas na disputa das categorias até 73 e 79 kg. Além disso, os mesatenistas brasileiros conquistaram 22 medalhas, das quais seis foram de ouro. Os campeões garantiram vaga nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024.
Alessandra começou na natação por meio da Escolinha do CPB, projeto totalmente gratuito e que inicia jovens de 7 a 17 anos em modalidades paralímpicas. A atleta também já passou por outros projetos da base do CPB, como Paralimpíadas Escolares e Festival Paralímpico. Neste sábado, ela nadou os 100m peito em 2min10s54 e estabeleceu novo recorde da competição. A prata ficou com a colombiana Gabriela Oviedo (2min24s84).
“Sou da Escolinha. Acabei de nadar a minha prova principal, os 100m peito. Fui ouro e bati o recorde do Parapan. Eu venho aqui agradecer ao CPB, aos professores e à Escolinha por terem me ajudado a chegar até aqui. Eu comecei em 2018, com um sonho de nadar nas Escolares e na Seleção de jovens. Hoje, estou aqui representando o Brasil nos Jogos Parapan-Americanos”, disse a nadadora, que foi diagnosticada com vasculite aos três anos. Por isso, parte dos seus membros superiores e inferiores tiveram que ser amputados. Na mesma prova, a gaúcha Susana Schnarndorf foi bronze (2min31s64).
Pela manhã, além de Alessandra, mais dois nadadores subiram ao lugar mais alto do pódio no Centro Aquático do Parque Estádio Nacional do Chile, e ainda bateram recordes parapan-americanos: a mineira Patrícia Santos, nos 50m peito da classe SB3 (limitação físico-motora), e o carioca Douglas Matera, nos 100m costas da classe S12 (baixa visão).
Dentre esses pódios, o primeiro do Brasil nesta edição do Parapan, entre todas as modalidades, foi de Patrícia, 45. Medalhista no Mundial de Manchester, a mineira completou os 50m peito no tempo de 58s19, seguida pela mexicana Nely Miranda (1min02s83), medalhista de prata, e pela também brasileira Lídia Cruz (1min08s49), bronze.
“Estou muito feliz por conquistar a primeira medalha de ouro do Brasil e com a dobradinha com a Lídia”, disse Patrícia, que, após ser baleada no pescoço durante um assalto a uma casa lotérica, ficou tetraplégica.
“Acabei de ganhar o ouro nos 100m costas com o recorde parapan-americano. Estou com o corpo dolorido pelo ritmo forte da prova, mas muito feliz pela vitória”, completou Douglas, que fechou a disputa em 1min05s79. Ele nasceu com retinose pigmentar, uma mutação genética hereditária, que causa perda gradual de visão
O pódio foi completado pelo norte-americano Evan Wilkerson (1min06s81) e pelo colombiano Daniel Giraldo (1min09s17). Thomaz Matera, irmão de Douglas, ficou em quarto (1min10s23).
O Brasil também subiu ao pódio com a fluminense Mariana Gesteira, prata nos 50m livre da classe S10 (limitação físico-motora). A nadadora chegou a ser declarada campeã da prova. No entanto, após uma revisão da organização do Parapan, a medalha de ouro foi para a colombiana Maria Barreira, que finalizou a distância em 28s28, um centésimo mais rápida do que a brasileira.
À tarde, a potiguar Cecilia Araújo, nos 400m livre da classe S8 (limitação físico-motora), o paulista Lucas Mozela, nos 100m peito, da classe S9 (limitação físico-motora), o paulista Samuel Oliveira, nos 50m livre, da classe S5 (limitação físico-motora), o paulista Gabriel Bandeira, nos 200m livre, da classe S14 (deficiência intelectual), a mineira Ana Karolina Soares, nos 200m livre, da classe S14 (deficiência intelectual), o brasiliense Wendell Belarmino, nos 50m livre, da classe S11 (atletas cegos), e o pernambucano Phelipe Rodrigues, nos 50m livre, na classe S10 (limitação físico-motora).
Halterofilismo
No halterofilismo, o Brasil conquistou cinco medalhas, sendo três ouros, uma prata e um bronze. O primeiro título da modalidade veio com o amazonense Lucas Galvão, na categoria até 49kg, após levantar 150kg. A prata ficou com o cubano Enmanuel Rodríguez (149kg) e o bronze com o colombiano Jhonny Andres Gonzalez (148kg).
Na prova feminina das categorias 73kg e 79kg, que foram agrupadas, domínio brasileiro com a dobradinha da paulista Mariana D’Andrea e da mineira Caroline Fernandes, ouro e prata respectivamente.
Mariana D’Andrea participou de sua primeira competição internacional após a morte do pai, Carmine D’Andrea, vítima de um infarto em agosto deste ano. A halterofilista levantou 141 kg e bateu o recorde das Américas, que já pertencia a ela própria. Em julho do ano passado, Mariana levantara 140 kg no Open das Américas, disputado nos EUA.
“Essa conquista foi muito especial para mim porque é a primeira competição após a morte do meu pai. Ele sempre me incentivou muito. Então, essa é minha forma de homenageá-lo. Treinei bastante para estar aqui e dar o meu melhor porque sei que ele está muito orgulhoso lá de cima”, disse a paulista, 25, que tem nanismo e é a primeira atleta do Brasil a ser campeã paralímpica e mundial no halterofilismo.
No pódio, Mariana teve companhia de Caroline Fernandes, prata ao levantar 117 kg. O bronze ficou com a dominicana Josefina Zoraida (116 kg).
A mineira Lara Lima levantou 103kg para ficar com a medalha de ouro na categoria até 41kg. Com a marca, Lara quebrou o recorde das Américas, que era de 100kg e pertencia à venezuelana Clara Monasterio. De quebra, a brasileira é a nova dona do recorde pan-americano.
Na categoria até 72kg, o Brasil conquistou uma medalha de bronze, com o catarinense Ezequiel Corrêa, que levantou 186kg. Em uma prova forte, a medalha de ouro ficou com o chileno Juan Carlos Acevedo, que levantou 195kg e estabeleceu o novo recorde pan-americano. A prata foi para o panamenho Rey Vasques (194kg).
Tênis de mesa
O Brasil conquistou seis ouros no tênis de mesa e os campeões garantiram vaga nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. No total, foram 22 medalhas, com seis ouros, oito pratas e oito bronzes. Thiago Gomes, Danielle Rauen, Marliane Santos, Cláudio Massad, Paulo Salmin e Luiz Manara subiram no lugar mais alto do pódio.
O primeiro mesatenista brasileiro a conquistar o título parapan-americano e a vaga para os Jogos Paralímpicos foi Thiago Gomes (classe 11). Ele venceu o venezuelano Denisos Martinez por 3 sets a 0, com parciais de 11/9, 11/1 e 11/7. “Quero agradecer a toda a minha família que me apoia demais. Minha filha acabou de nascer. Não tem nem um mês de vida. Então, vocês podem imaginar como foi difícil estar aqui e ficar pensando nela no Brasil, na minha esposa e na minha irmã”, destacou o atleta de Santos (SP), que tem deficiência intelectual.
Danielle Rauen (classe 9-10) também subiu no lugar mais alto do pódio. Ela derrotou a também brasileira Jennyfer Parinos, que ficou com a medalha de prata, por 3 sets a 0 (12/10, 11/4 e 11/3). “Foi um ciclo muito difícil. Passei por muita pressão, pois tive campeonatos bem complicados e, agora, busquei meu tricampeonato parapan-americano. Só as pessoas que estão perto de mim sabem o tanto que batalhei para estar aqui. Esse título coroa tudo que planejei, que era jogar bem e feliz. E assim foi”, ressaltou Danielle, que tem artrite reumatoide juvenil, condição que causa atrofia nos músculos e degenera articulações.
Outra medalhista de ouro, a mineira Marliane Santos, da classe 3, derrotou a também brasileira Joyce de Oliveira, por 3 sets a 1 (11/9, 7/11, 12/10 e 12/10). “Eu sabia que enfrentaria adversárias muito difíceis. Por isso, estou bastante feliz. Mas consegui vencer e garantir vaga em Paris. Essa medalha vai para a minha família e para todo o Brasil”, relatou a mesatenista, que tem tetraplegia.
O paulista Cláudio Massad, da classe 10, foi mais brasileiro a ser campeão parapan-americano neste sábado. Ele venceu o chileno Manuel Echaveguren por 3 sets a 0 (11/9, 11/7 e 12/10) na decisão. Paulo Salmin também ficou com o ouro ao derrotar o também brasileiro, Israel Pereira Stroh, por 3 sets a 1 (11/6, 7/11, 11/8 e 11/9).
Por fim, Luiz Manara faturou o título ao derrotar Steven Roman, de Costa Rica, por 3 sets a 0 (11/8, 12/10 e 11/7). Ele já havia vencido a classe 8 do tênis de mesa nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015 e Lima 2019.
Goalball
Também na manhã deste sábado, 18, a Seleção Brasileira feminina de goalball estreou no Parapan com uma vitória por 12 a 2 sobre a Argentina. A vantagem de 10 pontos aberta pelas atletas brasileiras levou ao encerramento do jogo por game antes de os cronômetros serem zerados. O próximo jogo das brasileiras será contra a Guatemala, segunda, 20, às 15h15 (horário de Brasília).
A destaque da partida foi a ala Daniele Longhini, que marcou seis gols. Carol Duarte e Moniza Lima balançaram as redes duas vezes cada. Kátia Silva e Jéssica Vitorino completaram o “game” favorável às brasileiras, que buscam no Parapan a classificação aos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, sendo que apenas a campeã garante vaga. Ao todo, oito seleções participam da disputa na modalidade.
“Foi uma boa estreia, conseguimos fazer o placar para vencer com grandes gols. Precisamos ter paciência para ir buscando os gols, o time delas é bem competitivo. Sinto toda a nossa equipe bem ajustada e preparada”, comemorou Daniele, 22.
O goalball masculino também estreou vencendo: 11 a 1 na Colômbia. Paulinho, Emerson e André Dantas fizeram três gols cada. Fecharam a conta Parazinho e Leomon Moreno. “É sempre importante começar com vitória. Vamos seguir firmes em busca do tetra”, comentou Leomon, de 30 anos. Atual tricampeão da competição (Lima 2019, Toronto 2015 e Guadalajara 2011), o time volta à quadra neste domingo, às 15h15 (de Brasília), para enfrentar o México.
Futebol de cegos
Em busca do pentacampeonato paralímpico, a Seleção Brasileira masculina de futebol de cegos estreou com vitória sobre o México por 1 a 0. O único gol da partida foi marcado por Nonato.
O jogo marcou o retorno de Ricardinho, um dos principais jogadores da equipe brasileira. O ala não disputou o Mundial da modalidade em agosto por conta de uma lesão no joelho. Além dele, o goleiro Luan, que se machucou na primeira fase do torneio disputado na Inglaterra, também voltou a atuar pela Seleção.
“Estou muito feliz. Voltar de uma lesão de seis meses já em um jogo dessa importância é especial. Ainda estou me recondicionando, ganhando ritmos de jogo. Fiquei satisfeito com minha colaboração. Posso e vou melhorar, como acho que nossa equipe vai crescer para, se Deus quiser, brigar pelo ouro na final”, disse Ricardinho.
O Brasil volta a campo no próximo domingo, 19, quando enfrenta o Chile, às 16h(de Brasília).
Outros resultados
Na estreia no futebol PC (paralisados cerebrais), a Seleção Brasileira masculina venceu a Argentina por 2 a 1, com gols de Matheus Cardoso e Ubirajara. O Brasil volta a campo no próximo domingo, 19, às 19h30, quando enfrenta o Canadá.
Com quatro representantes no tiro esportivo, o Brasil não conseguiu medalhas. Na chave mista da pistola de ar 25m, categoria SH1, Geraldo Rosenthal terminou em quarto, seguido de Débora Campos, em quinto.
Na prova R3 Carabina de Ar – Posição Deitado Misto SH1, Carlos Garletti e Marcelo Marton ficaram em sétimo e oitavo, respectivamente.
Na estreia da chave feminina do basquete em cadeira de rodas, a Seleção Brasileira foi derrotada pelo Canadá por 61 a 44. A Seleção Brasileira volta à quadra no próximo domingo, 19, quando encara a Colômbia, às 10h15 (de Brasília).
Outra estreia com revés foi no rúgbi em cadeira de rodas: a Seleção Brasileira foi derrotada pela Colômbia por 55 a 48. O Brasil dominou boa parte da partida, mas viu a equipe colombiana assumir a liderança do placar no fim do terceiro quarto, para não perder mais. Os brasileiros voltam a campo no próximo domingo, 19, quando enfrentam o Canadá, às 13h (de Brasília).
Confira os medalhistas deste sábado, 18:
Halterofilismo
OURO Mariana D’Andrea – Até 73kg
OURO Lucas Galvão – Até 49kg
OURO Lara Lima – Até 41kg
PRATA Caroline Fernandes – Até 49kg
BRONZE Ezequiel Correa – Até 72kg
Natação
OURO Patricia Santos – S3 – 50m peito
OURO Douglas Matera – S12 – 100m costas
OURO Alessandra Oliveira – S4 – 100m peito
OURO Cecília Araujo – S8 – 400m livre
OURO Lucas Mozela – S9 – 100m peito
OURO Samuel de Oliveira – S5 – 50m livre
OURO Gabriel Bandeira – S14 – 200m livre
OURO Ana Karolina Soares – S14 – 200m livre
OURO Wendell Belarmino – S11 – 50m livre
OURO Phelipe Rodrigues – S10 – 50m livre
PRATA Mariana Gesteira – S9 – 50m livre
PRATA Ruan Souza – S9 – 100m peito
PRATA Tiago de Oliveira – S5 – 50m livre
PRATA Beatriz Carneiro – S14 – 200m livre
PRATA Matheus Rheine – S11 – 50m livre
BRONZE Lídia Cruz – S3 – 50m peito
BRONZE Susana Schnarndorf – S4 – 100m peito
BRONZE Talisson Glock – S6 – 100m costas
BRONZE Débora Carneiro – S14 – 200m livre
Tênis de mesa
OURO Danielle Rauen – classe 9
OURO Thiago Gomes – classe 11
OURO Cláudio Massad – classe 10
OURO Luiz Manara – classe 8
OURO Marliane Amaral – classe 3
OURO Paulo Salmin – classe 7
PRATA Jennyfer Parinos – classe 9
PRATA Sophia Kelmer – classe 8
PRATA Lucas Arabian – classe 5
PRATA Joyce de Oliveira – classe 4
PRATA Lucas Carvalho – classe 9
PRATA Fabio Souza – classe 3
PRATA Israel Stroh – classe 7
PRATA Guilherme Marcião – classe 2
BRONZE Allana Maschio – classe 9
BRONZE Gabriel Antunes – classe 10
BRONZE Lethícia Rodrigues – classe 8
BRONZE Jean Carlos Mashki – classe 8
BRONZE Aline Meneses – classe 7
BRONZE Thais Fraga – classe 3
BRONZE Carlos Eduardo Moraes – classe 5
BRONZE Iranildo Espindola – classe 2
Patrocínios
As Loterias Caixa são a patrocinadora oficial do halterofilismo, goalball, tênis de mesa e natação.
Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível
Os atletas Patrícia Pereira, Samuel de Oliveira, Lídia Vieira da Cruz, Douglas Rocha Matera, Gabriel Bandeira, Mariana D’Andrea e Mariana Gesteira Ribeiro são integrantes do Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível, programa de patrocínio individual da Loterias Caixa que beneficia 91 atletas.
Time São Paulo
A atleta Mariana D’Andrea é integrante do Time São Paulo, parceria entre o CPB e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, que beneficia 106 atletas de 14 modalidades.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)