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Mundial de natação paralímpica: Brasil rompe a barreira dos 100 ouros na história 

Douglas Matera segura sua medalha de ouro no Mundial de Manchester | Foto: Douglas Magno/CPB

O carioca Douglas Matera, da classe S12 (baixa visão), conquistou o ouro nos 100m borboleta no Mundial de natação paralímpica de Manchester, Inglaterra, nesta terça-feira, 1º. Esta foi a 100ª medalha dourada do país em 11 edições do Campeonato, que é disputado desde 1994. O Brasil ainda faturou mais sete medalhas no segundo dia da competição. A pernambucana Carol Santiago subiu novamente ao lugar mais alto do pódio ao vencer a prova dos 100m borboleta da classe S12.

A atual edição do Mundial começou na segunda-feira, 31, e reúne 538 atletas de 67 países até o domingo, 6, no Manchester Aquatics Centre. O Brasil é representado por 29 nadadores de 10 estados (CE, MG, PA, PE, PR, RJ, RN, RS, SC e SP), sendo 15 mulheres e 14 homens.

Além dos ouros de Douglas e Carol Santiago, o Brasil também foi ao pódio com a fluminense Lídia Cruz, prata nos 100m livre da classe S4 (limitação físico-motora) e, na mesma prova, mas na classe S6 masculina, o país teve uma dobradinha com o catarinense Talisson Glock, prata, e o fluminense Daniel Mendes, bronze. Nos 100m costas S14 (deficiência intelectual), Gabriel Bandeira ficou com a prata, mesma medalha do revezamento 4x50m livre – 20 pontos, formado por Lídia Cruz (S4), Patrícia Santos (S4) Daniel Mendes (S6) e Talisson Glock (S6). 

A delegação brasileira ocupa a sexta posição do quadro de medalhas no Reino Unido, com 12 pódios – três ouros,  quatro pratas e cinco bronzes. A Itália lidera com 15 medalhas (nove ouros, duas pratas e quatro bronzes), com a China em segundo (sete ouros, seis pratas e quatro bronzes) e a Grã-Bretanha na terceira colocação (sete ouros, quatro pratas e cinco bronze).

Com os pódios desta segunda-feira, a Seleção Brasileira soma 101 ouros em todos os Mundiais de natação, além de 66 pratas e 93 bronzes. A primeira medalha dourada do país na história foi conquistada em Valletta, Malta, na estreia da competição, em 1994 – um ano antes da fundação do Comitê Paralímpico Brasileiro. De acordo com o levantamento feito pelo professor Rivaldo Araújo da Silva, que estava na missão brasileira à época como membro do governo federal, o feito foi do ex-nadador José Afonso Medeiros, o Caco, no dia 4 de novembro, na prova dos 50m borboleta da classe S7 (limitações físico-motora).

“É sensacional ter o privilégio de ser o atleta a conquistar essa 100ª medalha de ouro, arredondar esta marca. Na natação paralímpica, nós, que temos deficiência visual, disputamos contra nós mesmos. A gente não vê o adversário do lado. Nós fazemos o nosso melhor e torcemos para dar certo. Não foi o meu melhor tempo, mas fiquei feliz de ter batido na parede em primeiro”, disse Douglas, que já conquistou a medalha de bronze nos 100m costas neste Mundial e nasceu com retinose pigmentar, uma mutação genética hereditária, que causa perda gradual de visão. 

Na decisão, o brasileiro fez o tempo de 58s28 e superou o recordista mundial da prova e anfitrião Stephen Clegg, da Grã-Bretanha, prata com a marca de 58s41. O pódio foi completado por Raman Salei, do Azerbaijão (58s73).

No Mundial do ano passado, na Ilha da Madeira, em Portugal, o carioca quase foi impedido de competir, porque, no entendimento dos classificadores, sua baixa visão não era o suficiente para integrar o Movimento Paralímpico. Após recorrer e conseguir nadar na competição, na classe S13, o atleta passou por uma reclassificação no World Series do México, o Circuito Internacional do Comitê Paralímpico Internacional (IPC,na sigla em inglês). Então, foi constatada uma piora na sua visão e, hoje, ele está na classe S12. “Refleti muito sobre tudo isso, mas é um assunto superado”, completou Douglas. 

A 101ª medalha dourada do Brasil em Mundiais veio com a pernambucana Carol Santiago. Após ser campeã nos 100m costas no primeiro dia da competição, a atleta também subiu ao lugar mais alto do pódio nos 100m borboleta, com o tempo de 1min05s68. A prata ficou com a espanhola Maria Delgado (1min06s87), e o bronze, com a italiana Alessia Berra (1min06s98). 

“Passamos por um momento em que não tínhamos plateia [pandemia]. A gente não escutava as pessoas gritarem. E, hoje, elas podem gritar para quem for. Eu estou achando ótimo. Acho que estão torcendo para mim. Por isso, eu entro com o sorriso. Também entrei com vontade de fazer o hino nacional tocar duas vezes depois da vitória do Douglas”, disse a pernambucana, que nasceu com síndrome de Morning Glory, alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão.

Na primeira final com atleta do Brasil nesta terça-feira, a fluminense Lídia Cruz conquistou a medalha de prata nos 100m da classe S4 (limitações físicas-motoras). A nadadora fez a distância em 1min29s43 e foi superada pela alemã Tanja Scholz, ouro com o tempo de 1min22s18. O bronze foi da também alemã Gina Boettcher (1min30s31).

“Foi uma prata com gosto de ouro. Nadei ao lado da recordista mundial [Tanja]. É muito bom saber que o trabalho no ciclo, pensando nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, tem sido positivo”, disse Lídia, que tem mielomeningocele, além de uma má-formação na coluna, que afeta os membros inferiores. Na adolescência, ela ainda teve uma lesão encefálica que afetou os movimentos dos membros superiores.

Na decisão dos 100m livre da classe S6, o Brasil foi representado por dois atletas e ambos subiram ao pódio. O catarinense Talisson Glock ficou com a prata ao terminar a disputa em 1min04s76, enquanto o fluminense Daniel Mendes faturou o bronze (1min05s14). O ouro foi do italiano Antonio Fantin, que quebrou o recorde mundial da prova com a marca de 1min02s98.

“Fiquei feliz. Não só pela medalha, mas também pelo tempo. O melhor tempo da minha vida. Eu treino para provas mais longas, mas foi excelente começar nos 100m livre. Eu me dediquei muito para estar aqui. Estou procurando ser mais constante na minha carreira e, neste ano, tenho nadado bem”, avaliou Talisson, que foi atropelado, aos nove anos, por um trem e perdeu o braço e a perna esquerdos.

“A estratégia deu certo. Não esperava nadar tão bem na final. Nas eliminatórias, estava um pouco nervoso. Ajustamos algumas coisas para a decisão e foi melhor do que eu esperava”, completou Daniel, que descobriu que tinha paraparesia espástica, doença que limita os movimentos dos seus membros inferiores, por volta dos três anos de idade.

As últimas medalhas brasileiras do dia foram as pratas do paulista Gabriel Bandeira, nos 100m costas S14, e do revezamento 4x50m livre – 20 pontos. Gabriel fez a distância em 59s05 e foi superado pelo australiano Benjamin Hance (57s26). O bronze ficou com o dinamarquês Alexander Hillhouse (59s86).

“Estou feliz por esta medalha. Ontem [segunda-feira], fiquei fora do pódio e em uma prova que era o campeão mundial. Agora, essa conquista veio para levantar o ânimo para o restante da competição”, explicou Gabriel. 

No revezamento, o time brasileiro formado por Lídia Cruz, Patrícia Santos, Daniel Mendes e Talisson Glock ficou em segundo, com a marca de 2min23s65. A China foi ouro (2min18s58) e a Ucrânia, bronze (2min25s93).  “Eu me sinto honrada em nadar com essa juventude. Quem venham mais jovens como eles e mais experientes como eu [risos]”, concluiu a mineira Patrícia.

Em outras finais com brasileiros, o paulista Samuel de Oliveira ficou em quarto lugar nos 50m costas, com a marca de 35s02, melhor do que feito nas eliminatórias (35s65). Os chineses Weiyi Yuan (32s73), Lichao Wang (32s92) e Jincheng Guo (33s71) foram os medalhistas. Nos 150m medley SM3, a gaúcha Susana Schnarndorf também ficou na quarta posição (3min34s39), assim como a mineira Laila Suzigan nos 100m livre S6 (1min16s03).

Outra mineira que ficou na quarta posição foi Ana Karolina Soares, que terminou a final dos 100m costas S14 com o tempo de 1min10s16. O paulista Guilherme Batista terminou os 100m peito SB13 (baixa visão) na sexta colocação (1min13s10). 

Confira as quantidades de medalhas de ouros conquistadas pelo Brasil por edições de Mundial:

Manchester 2023 – 3 (em andamento)
Madeira 2022 – 19
Londres 2019 – 5
México 2017 – 18
Glasgow 2015 – 11
Montreal 2013 – 11
Eindhoven 2010 – 14
Durban 2006 – 12
Mar Del Plata 2002 – 5
Christchurch 1998 – 1
Valletta 1994 – 2

Confira a programação dos brasileiros nesta quarta-feira, 2 (horários de Brasília):

100m peito SB14 masculino – 5h05 – eliminatórias
Gabriel Bandeira
João Pedro Brutos

100m peito SB14 feminino – 5h14 – eliminatórias
Beatriz Carneiro
Débora Carneiro

150m medley SM4 – 14h13 – final direta
Patrícia Pereira

50m livre S12 masculino – 5h30 – eliminatórias
Douglas Matera

50m livre S12 feminino – eliminatórias
Lucilene Sousa (5h36)
Carol Santiago (5h38)

50m borboleta S5 masculino – 5h41 – eliminatórias
Samuel de Oliveira

50m borboleta S5 feminino – 5h48 – eliminatórias
Esthefany Rodrigues

200m medley S6 – 5h55 – eliminatórias
Talisson Glock 

100m borboleta S8 masculino – 6h50 – eliminatórias
Gabriel Cristiano

100m borboleta S8 feminino – 6h53 – eliminatórias
Cecília Araújo

Revezamento misto 4x50m medley – 20 pontos – 16h41 – final direta

Patrocínios
A natação é uma modalidade patrocinada pelas Loterias Caixa

Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível
Os atletas Ana Karolina Soares, Daniel Mendes, Douglas Matera, Gabriel Bandeira, Gabriel Melone, Lucilene Sousa, Samuel de Oliveira e Talisson Glock são integrantes do Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível, programa de patrocínio individual da Loterias Caixa que beneficia 91 atletas.

Time São Paulo
Os atletas Cecília Araújo, Esthefany Rodrigues e Talisson Glock são integrantes do Time São Paulo, parceria entre o CPB e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, que beneficia 106 atletas de 14 modalidades.

Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)

PATROCINADORES

  • Toyota
  • Braskem
  • Loterias Caixa

APOIADORES

  • Ajinomoto

PARCEIROS

  • The Adecco Group
  • EY Institute
  • Cambridge
  • Estácio
  • Governo do Estado de São Paulo

FORNECEDORES

  • Max Recovery