Os 15 mesatenistas da equipe brasileira para os Jogos Paralímpicos de Paris puderam fazer a aclimatação na França utilizando exatamente o mesmo tipo de equipamento que encontrarão durante as competições, nas quais buscarão o primeiro ouro paralímpico do Brasil na modalidade. A programação do tênis de mesa nos Jogos Paralímpicos começa em 28 de agosto e termina em 7 de setembro.
O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), em parceria com a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), adquiriu sete mesas para o treinamento dos atletas às vésperas do megaevento. O grupo realizou a aclimatação em Troyes, cidade a 160 km de Paris que recebeu atletas de 13 das 20 modalidadews nas quais o Brasil será representado em Paris. Os mesatenistas iniciaram sua aclimatação no local no dia 13 e se transferiram para a Vila Paralímpica nesta quarta-feira, 21.
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O investimento nas mesas foi necessário porque houve mudanças nas características do equipamento que será usado em Paris. Por isso, CPB e CBTM juntaram esforços na melhor preparação e aclimatação dos atletas para as competições.
“Foi tudo pensado para a melhor aclimatação. Nossa preocupação com relação à mesa é porque ela começou a ser usada agora, apenas nas Olimpíadas. Prontamente o Comitê entrou em contato com o fabricante e proporcionou que essas mesas viessem para oferecer aos atletas a condição ideal, com as mesmas mesas que serão encontradas na arena onde as competições serão disputadas. Como são competições eliminatórias simples, será uma vantagem para o Brasil”, disse Sandro José Abrão, gerente de seleções da CBTM e chefe da equipe em Paris.
Houve mudança no tampão das mesas, o que influencia no quicar da bolinha, e também na pintura que é usada como referência para as jogadas.
Terminado o período de aclimatação, as mesas serão embaladas e o CPB vai enviá-las ao Brasil, onde ficarão no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, para uso em treinamento e competições dos atletas brasileiros.
Para Sophia Kelmer, mesatenista carioca que disputará os Jogos pela primeira vez, a estrutura oferecida para a aclimatação vai ajudar os atletas a terem um bom rendimento durante a competição. Aos 16 anos e oito meses, ela é a mulher mais jovem na delegação brasileira que estará em Paris.
“Esse tempo de aclimatação na França foi muito bom para nos adaptarmos ao fuso horário, ao clima, entre outras coisas. Toda a estrutura foi muito boa, lá no hotel com a comida brasileira oferecida pelo CPB, comida brasileira faz muita diferença. As mesas são iguais às que vamos jogar, isso foi muito importante porque a mesa é diferente, para entendermos o ambiente. Vamos chegar nos Jogos da melhor forma possível”, disse Sophia.
Ela joga na classe 8 (para andantes). Em decorrência de um AVC intra uterino (na gestação), Sophia nasceu com paralisia cerebral e hemiplégica (não tem controle e nem força no lado direito do corpo). Conheceu o tênis de mesa no playground do seu prédio e, desde então, começou a praticar em uma escola.
Dupla experiência em Paris
O atual ciclo paralímpico trouxe para o tênis de mesa brasileiro o melhor desempenho dos atletas do país em um Mundial, realizado em Granada, na Espanha, em novembro de 2022.
O Brasil fechou o torneio com sete pódios: um ouro e seis bronzes. Tais números são históricos e superam as cinco conquistas obtidas pelos brasileiros em todas as edições anteriores do torneio.
Uma das responsáveis por estes resultados é a catarinense Bruna Alexandre, 29. Ela foi a primeira atleta brasileira apta a defender o Brasil nos Jogos Paralímpicos e Olímpicos no mesmo ciclo e, por isso, já está há mais de um mês em Paris e vai totalizar 49 dias na França, entre as duas competições.
Nos Jogos Olímpicos de Paris, Bruna esteve ao lado das irmãs Bruna e Giulia Takahashi na disputa por equipes feminina. O Brasil perdeu para a Coreia do Sul nas oitavas de final.
“Estivemos muito unidas, eu, a Bruna e Giulia, o Jorge (técnico). Foi tudo muito legal, a vila, o ginásio também, e essa experiência nas Olimpíadas com certeza vai me ajudar nos Jogos Paralímpicos. Eu joguei nas principais mesas da arena, enfrentei atletas olímpicas, e isso pode sim fazer a diferença”, disse Bruna Alexandre, que compete na classe 10 (para andantes) e disputará nas duplas mistas, nas duplas femininas e no individual na Paralimpíada.
Aos seis meses de vida, Bruna foi submetida à amputação do braço direito por consequência de uma trombose, provocada por uma injeção mal aplicada. A jovem começou no tênis de mesa aos 12 anos, influenciada pelo irmão. Até 2009, competiu em torneios apenas para atletas sem deficiência.
“Eu saí da Vila (Olímpica), fiquei em um hotel que o COB me colocou, e depois o CPB me pegou e me levou a Troyes para a aclimatação. Foi tudo muito bom, a estrutura, os sparrings olímpicos que a confederação trouxe para os treinamentos, isso só vai fazer a modalidade crescer cada vez mais”, disse Bruna, que não se esquece dos torcedores na arena durante os Jogos Olímpicos e espera que isso se repita nos Jogos Paralímpicos.
Bruna tem no currículo o título nas duplas mistas no Mundial Paralímpico de Granada e é dona de quatro medalhas em Jogos Paralímpicos – dois bronzes por equipes (Rio 2016 e Tóquio 2020), além de um bronze (Rio 2016) e uma prata (Tóquio 2020) individuais.
O tênis de mesa começou a ser praticado por pessoas em cadeira de rodas e entrou para o programa dos Jogos Paralímpicos em Roma 1960. A primeira participação de jogadores em pé aconteceu em Toronto 1976, junto com a estreia do Brasil na modalidade.
Até os Jogos de Pequim 2008, a única conquista brasileira na modalidade havia sido a medalha de prata da dupla Welder Knaf e Luiz Algacir. No Rio 2016, a Seleção Brasileira fez a melhor campanha de sua história, com quatro medalhas. O paulista Israel Stroh e Bruna Alexandre faturaram prata e bronze, respectivamente, nas disputas individuais da competição. O Brasil levou ainda mais dois bronzes, nas disputas por equipes.
Já nos Jogos de Tóquio 2020, o país conquistou três medalhas: uma prata com Bruna Alexandre e dois bronzes, sendo um por equipes das classes 9-10 e outro com a paulista Cátia Oliveira.
O Brasil será representado por 280 atletas, sendo 255 com deficiência, de 20 modalidades nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. É a maior delegação brasileira já anunciada para uma edição dos Jogos fora do Brasil.
Antes, a maior equipe nacional era de 259 convocados ao todo em Tóquio 2020. Já o recorde de participantes do país foi nos Jogos do Rio 2016, ocasião em que o Brasil sediou o megaevento e contou com 278 atletas com deficiência em todas as 22 modalidades já classificadas automaticamente.
Os Jogos Paralímpicos de Paris começam em 28 de agosto, com encerramento marcado para 8 de setembro.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)