O calendário de junho do Meeting Paralímpico Loterias Caixa, organizado pelo CPB, começou neste sábado, 7, em Belo Horizonte (MG), com competições de atletismo, natação, halterofilismo e bocha.
Foram cerca de 480 atletas divididos entre a Universidade Federal de Minas Gerais, local das provas de atletismo e natação, e a Academia de Bombeiro Militar, onde aconteceram as competições de halterofilismo e bocha.
O evento reuniu desde atletas veteranos e de alto rendimento até estreantes em competições do Movimento Paralímpico, como no caso da mineira Isabela de Souza Marques, atleta cadeirante que, logo em sua primeira competição paralímpica, aos 19 anos, obteve o primeiro lugar no halterofilismo, na categoria até 73kg, ao levantar 60kg em sua segunda tentativa.
“Eu nunca imaginei que poderia ir tão bem logo em minha primeira competição. Embora não seja a melhor marca que obtive nos treinos, fiquei muito emocionada com este primeiro lugar, pois foi difícil controlar a ansiedade e fazer tudo certo, então cheguei a pensar que não conseguiria um bom resultado”, disse ela, que começou no esporte paralímpico há cerca de um ano e treina no Praia Clube, de Uberlândia.
Apesar de nunca ter se imaginado atleta, Isabela contou que foi descoberta por um dos técnicos da seleção brasileira que conhecia um de seus professores, e a levou para treinar após três anos de insistência. “Quando fui, minha primeira aula foi ruim, mas depois peguei gosto e foi tudo bem. Agora, quero chegar logo aos 100kg levantados, quero me tornar referência e mostrar para as pessoas com deficiência que elas não precisam se sentir desmotivadas ou aceitar sofrer bullying como eu sofri na escola. Espero que todo mundo um dia se inspire em mim para ver o quanto cada um é capaz de alcançar tudo o que deseja”, finalizou Isabela.
Também estreou em competições oficiais o mineiro Kaua da Silva Santos, atleta de halterofilismo, também do Praia Clube, que, apenas aos 14 anos, conseguiu a terceira posição da categoria até 59kg, ao levantar 80kg.
“Feliz demais, eu não esperava ter um resultado tão significativo logo em primeira competição. A ideia era começar a entender como é o ritmo de uma disputa assim, e não pensava em já ganhar uma medalha de bronze, como ganhei. Por isso, tô feliz demais, não vejo a hora de voltar a competir”, disse o atleta, que teve a amputação da perna direita após ser atropelado por uma caminhonete, aos cinco anos de idade.
“O objetivo é chegar logo aos 200kg levantados, medalhar em tudo, estar nas Paralimpíadas de Los Angeles em 2028 e nunca parar de melhorar”, afirmou Kauê.
O halterofilismo também teve a participação da carioca campeã paralímpica Tayana Medeiros, vencedora na categoria até 86kg nos Jogos de Paris 2024, e que levantou 148kg em Belo Horizonte. A atleta, radicada em Uberlândia, teve no evento na capital mineira uma das últimas etapas de preparação antes do Mundial da modalidade, que acontecerá no Egito, de 11 a 18 de outubro.
Em março, Tayana competiu na categoria acima de 86kg na Primeira Etapa Nacional do Circuito Paralímpico Loterias Caixa e encerrou a disputa com a prata e um levantamento de 141kg. Já nos Jogos de Paris, ela se tornou recordista paralímpica na categoria até 86kg e saiu com o ouro ao erguer 156kg.
A piscina da UFMG também recebeu um medalhista paralímpico, o mineiro Arthur Xavier, bronze em Paris no revezamento 4×100 da classe S14 (deficiência intelectual). O atleta nadou sua primeira prova após alcançar o índice para o Mundial de natação de Singapura, um dos critérios para formar a Seleção Brasileira que competirá na Ásia de 21 a 27 de setembro. A marca foi obtida no Circuito Paralímpico de Natação – Fase Seletiva. No Meeting de Belo Horizonte, o atleta nadou os 100m em 53s52.
Na abertura, o evento teve a presença da mineira Terezinha Aparecida Guilhermina, uma das referências do esporte paralímpico do Brasil em toda a história.
“É um privilégio fazer parte do momento atual do Movimento Paralímpico do Brasil. Hoje, vejo crianças e jovens com deficiência praticando esportes e, para quem teve a oportunidade de ver isso em vários lugares do mundo, ver isso acontecer também no seu país é um orgulho enorme, é algo que quase me deixa sem palavras”, disse ela, que foi velocista, especialista nas provas de 100m, 200m e 400m da classe T11 (para atletas com deficiência visual).
“Eu sou uma das pessoas que lá atrás começou a romper a barreira da ideia de que esporte e pessoas com deficiência eram coisas distantes, e eu sempre soube que se eu ficasse em casa sem fazer nada, jamais ajudaria outras pessoas a praticarem esportes. Hoje, sei que sou uma referência, e tenho uma gratidão enorme por isso”, completou.
Natural da cidade de Betim, Terezinha que nasceu com retinose pigmentar, uma doença congênita que provoca a perda gradual da visão, conquistou oito medalhas em três edições dos Jogos Paralímpicos – três ouros (Pequim 2008 e Londres 2012), duas pratas (Pequim 2008 e Rio 2016) e três bronzes (Atenas 2004, Pequim 2008 e Rio 2016).
Levou ainda mais doze medalhas em Mundiais (oito ouros e quatro pratas) e nove medalhas em Jogos Parapan-Americanos (oito ouros e uma prata).
Foi eleita a melhor atleta paralímpica feminina do ano por três vezes (2011, 2012 e 2014) pelo Prêmio Paralímpicos.
O Meeting Paralímpico é organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e tem o objetivo de desenvolver o paradesporto em todo o território nacional, com a participação de novos talentos e atletas de elite. No ano passado, o projeto percorreu mais de 38 mil quilômetros pelo país, com a participação de 3.148 atletas nas disputas de alto rendimento e outros 3.267 nas competições escolares, universitárias, militares e dos Intercentros.
Além de valer para o ranking e ter competições de alto rendimento, o Meeting Paralímpico Loterias Caixa também conta como seletiva estadual das Paralimpíadas Escolares, Paralimpíadas Universitárias, Paralimpíadas Militares e Intercentros (competição entre crianças de 7 a 10 anos, alunas dos Centros de Referência do CPB).
Neste sábado, 7, também foi realizada uma etapa do Meeting Paralímpico Loterias Caixa em João Pessoa, na Paraíba.
Desafio
Belo Horizonte também recebeu o Desafio Brasil de Atletismo. A disputa foi organizada em parceria pelo CPB e pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), e reuniu na pista e no campo atletas olímpicos e paralímpicos.
O Desafio contou com 75 atletas paralímpicos, incluindo no grupo a paraense Fernanda Yara, ouro nos 400m da classe T47 nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, e a maranhense Rayane Soares, ouro nos 400m da classe T13 (baixa visão) na mesma edição.
Patrocínio
As Loterias Caixa e a Caixa são as patrocinadoras oficiais do Meeting Paralímpico Loterias Caixa.
As Loterias Caixa, a Caixa, a Braskem e a ASICS são as patrocinadoras oficiais do atletismo.
As Loterias Caixa e a Caixa são as patrocinadoras oficiais da natação, halterofilismo, bocha.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)