A lançadora e arremessadora pernambucana Kaylanne Freitas, 16, competiu pela primeira vez nas Paralimpíadas Escolares, maior evento esportivo do mundo para jovens com deficiência, apenas cinco meses após se recuperar de um ataque de tubarão. A competição realizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que se encerra nesta sexta-feira, 11, acontece em Belém, no Pará, com provas de atletismo, natação e bocha.
As Paralimpíadas Escolares tiveram a sua primeira edição em 2009. Talentos do paradesporto brasileiro já passaram pelas Escolares, como Petrúcio Ferreira, recordista mundial nos 100m (classe T47), bicampeão paralímpico e tri mundial; o jogador de goalball Leomon Moreno, prata nos Jogos de Londres 2012, bronze no Rio 2016 e ouro em Tóquio 2020; a mesatenista Bruna Alexandre, bronze no Rio 2016 e prata nos Jogos de Tóquio 2020, entre outros.
Kaylanne foi submetida à amputação do braço esquerdo com o incidente ocorrido na praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, sua cidade natal, em março deste ano.
Ao ingressar na fisioterapia, conheceu um participante do Centro de Referência do Comitê Paralímpico Brasileiro no Recife, que funciona na Universidade Federal de Pernambuco. Com a indicação, começou a frequentas as aulas de atletismo.
Os Centros de Referência fazem parte do Plano Estratégico do CPB, elaborado em 2017 e revisitado em 2021. O objetivo do projeto é aproveitar espaços esportivos em estados de todas as regiões do país para oferecer modalidades paralímpicas, desde a iniciação até o alto rendimento.
“Eu me lembro de tudo do acidente. Cheguei a desmaiar. E, desde lá, achei que iria viver sem expectativa de vida. Achei que não iria poder fazer mais nada. Mas o atletismo me fez enxergar o mundo de um jeito novo”, afirmou.
Nas Paralimpíadas Escolares, Kaylanne participou das provas de lançamento de dardo (fez 10,02m), de disco (15,41m), e arremesso de peso (5,24m) pela classe F46 (para atletas com deficiência nos membros superiores).
“Eu cheguei a competir em um regional no Recife antes. Mas depois treinei mais e consegui bater a meta em todas provas aqui nas Escolares. Estou muito orgulhosa. Eu sei que estou no começo ainda. Eu me senti um pouco nervosa, mas com o apoio de muita gente, fiz muitos amigos aqui, consegui me sentir mais tranquila”, apontou
“Gosto mais do lançamento do disco, é a prova em que consigo me sair melhor, que tenho melhor a pegada. E também bato melhor as minhas metas”, completou.
As provas de atletismo estão sendo realizadas no Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (CIABA), da Marinha. O último dia de competições também teve disputas de bocha no ginásio da Usina da Paz, em Cabanagem, e de natação, na Universidade do Estado do Pará (UEPA).
As últimas provas de natação do dia seriam dos 50m, 100m e 200m livre, 50m e 100m borboleta. Pela bocha, aconteceriam os duelos da fase de grupos e eliminatórias da classe BC4 (que não recebem assistência).
Em Belém, participaram delegações de 10 estados (Pará, Ceará, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Alagoas e Amapá).
As Paralimpíadas Escolares têm o mesmo formato do ano passado. Serão três fases regionais em Belém, Brasília e São Paulo, entre os meses de agosto e setembro. Para as regionais, foram selecionadas as modalidades que possuem um grande número de inscritos na fase nacional.
Os três primeiros colocados nos regionais de atletismo e natação se classificam automaticamente para a Fase Nacional também em São Paulo, no Centro de Treinamento Paralímpico, de 27 de novembro a 2 de dezembro. Já na bocha, os dois primeiros, por gênero, conquistam a vaga.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)