O Meeting Paralímpico de Porto Velho (RO), promovido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) neste sábado, 12, deixou exultante o estudante Nickolas Ferreira, 16, que bateu seu recorde pessoal no lançamento de disco da classe F36 (paralisia cerebral) após 12 horas de viagem até chegar ao local do evento, realizado na Vila Olímpica Chiquilito Erse. “Eu fiquei muito feliz de ver o resultado do meu treino”. O evento recebeu 82 atletas. Eles participaram de provas de atletismo, com 71 esportistas, e disputas de bocha, com 11 competidores.
Nickolas lançou o disco a 15,44m, três metros a mais do que ele normalmente consegue nos treinos em Vilhena, no interior do Estado, a 600 km da capital. Foi o suficiente para ele garantir a medalha de ouro para atletas com até 18 anos de sua classe.
“Antes eu via o esporte mais como brincadeira, mas agora estou levando a sério”, afirmou o estudante, que também faz um curso de montagem e manutenção de computadores e pretende se dividir entre essa profissão e o esporte paralímpico.
Ao seu lado, a técnica Priscila Sgamate se mostrava orgulhosa da evolução do atleta, que ela descobriu durante os cultos na igreja. “Pelo porte eu percebi que ele levava jeito”, disse a treinadora, que agora espera que Nickolas faça índice para competir fora do Estado.
Trajetórias e sonhos semelhantes moviam outros jovens atletas que participaram da segunda edição portovelhense do Meeting Paralímpico. Muitos, como Nickolas, se deslocaram em viagens de 12 horas ou mais até a capital.
Foi também o caso dos amigos Matheus Jacobsen, 15, e Victor Alehandro, 17, que competiram nos 100m, 400m e no salto em distância. Veteranos em competições escolares, os atletas de Espigão D’Oeste competem na classe T20, para atletas com deficiência intelectual. “Eu comecei a treinar porque minha mãe me obrigou, mas agora eu estou gostando”, disse Victor, exibindo um corte de cabelo estiloso, no formato de uma folha de bananeira na lateral.
O jovem atleta disse se inspirar na carreira do rondoniense Mateus Evangelista, vice-campeão paralímpico do salto em distância da classe T37 (paralisia cerebral) dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro 2016 e medalhista de bronze na mesma prova em Tóquio 2020 e Paris 2024. O treinador José Jório, que costuma organizar competições paralímpicas em Rondônia, comentou sobre a importância das famílias incentivarem seus filhos a praticarem esportes. “Algumas famílias deixam seus filhos com deficiência em casa, como se ele não pudesse interagir com o esporte e com outros atletas. Mas todos esses que vieram aqui hoje só estão aqui porque as famílias incentivam”, disse.
Alguns atletas compareceram ao lado dos pais. Gabrielly Alves, por exemplo, teve o auxílio inseparável de Sueli, sua mãe, para se destacar na bocha. Gabrielly, aliás, já representou o Brasil no Mundial de Bocha.
Durante o evento, os cerca de 80 atletas, entre crianças e adolescentes vinculados a instituições que atendem pessoas com deficiência, como a Apae, puderam ter contato com equipamentos e arbitragem profissionais, uma estrutura raramente encontrada no esporte paralímpico de Rondônia.
Os melhores índices garantem participação em outras competições, como as Paralimpíadas Escolares de Rondônia, as Paralimpíadas Universitárias e os Intercentros (disputa entre alunos dos Centros de Referência do CPB, com idade de 7 a 10 anos).
O Meeting Paralímpico percorrerá todos os Estados até o final do ano. As próximas edições serão em Curitiba e Cuiabá, nos dias 3 e 4 de maio.
Neste final de semana, dias 12 e 13 de abril, o CPB também realiza uma etapa do Meeting Paralímpico em Florianópolis (SC).
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro – imp@cpb.org.br