O velocista Daniel Martins foi campeão nos 400m da classe T20 (deficientes intelectuais), no início da noite desta terça-feira, 27, no Estádio de Atletismo da Videna (Vila Deportiva Nacional). Este triunfo contribuiu para que o Brasil concluísse o quarto dia de Jogos Parapan-Americanos em Lima com 58 ouros, de um total 159 medalhas. Nesta conta também estão 53 de prata e 48 de bronze.
CONFIRA AQUI TODOS OS RESULTADOS DO BRASIL NESTE PARAPAN
Desde o primeiro dia de competição o Brasil está isolado na liderança. O adversário mais próximo são os Estados Unidos, segundos colocados, com 41 ouros entre as 108 medalhas. Para efeito de comparação, os americanos já somaram nos primeiros quatro dias, o total de ouros que amealhou em toda a campanha de Toronto 2015. A delegação dos Estados está com 257 representantes, enquanto que o Brasil tem 337 atletas.
Esta terça-feira, 27, foi o penúltimo dia de provas do atletismo e o grande nome foi Daniel Martins. Seu ouro veio com o tempo de em 47s58. A prata foi para o equatoriano Anderson Colorado (47s96), acompanhado do venezuelano Luís Bolívar (49s01).
Danielzinho, como é comumente chamado, é deficiente intelectual, descobriu o esporte paralímpico em 2013. Desde que tornou-se atleta de alto rendimento, em 2015, ganhou todas as provas que disputou nos 400m. Foi bicampeão mundial em 2015, em Doha, Catar, e em 2017, em Londres, campeão paralímpico no Rio 2016, e em abril de 2019 estabeleceu novo recorde mundial da classe T20 para a distância, com 46s86. Esta marca é uma das melhores do Brasil num hipotético ranking entre atletas olímpicos e paralímpicos.
Nestes quatro anos, contudo, Danielzinho perdeu a janela para disputar o Parapan de Toronto, há quatro anos. Lima marcou sua estreia. Apesar do espetacular retrospecto internacional, foi difícil segurar a ansiedade pela medalha inédita em sua galeria.
“Estava muito ansioso, com muito frio na barriga. A psicóloga do CPB fez um trabalho comigo para eu dormir mais cedo, e eu consegui. Graças a Deus veio esta medalha, e era a que faltava na minha coleção: campeão Parapan-Americano”, comemorou o atleta de Marília, São Paulo.
Outro ouro marcante do atletismo nesta terça-feira, 27, veio do sul-matogrossense Yeltsin Jacques da classe T12 (baixa visão). Ele foi o melhor nos 1.500m com um sprint nos últimos 50 metros. Finalizou a distância em 4min03s05, somente 17 centésimos à frente do americano Joel Gomez. “Quando cruzei a linha de chegada, não sabia se tinha vencido, tive que perguntar. Sabia que tinha feito uma boa prova e minha chegada é meu forte”, comentou Yeltsin, de 27 anos.
Confira, abaixo, os demais resultados do Brasil nesta terça-feira, 27, quarto dia de Jogos Parapan-Americanos, em Lima.
Natação
Três brasileiros compuseram o pódio dos 100m livre da classe S11 (cegos). Wendell Belarmino, 21, de Brasília, sagrou-se campeão e recordista da competição com 59s33, e desbancou o então campeão da prova, o catarinense Matheus Rheine, 26, que ficou com a prata (1min0046). O bronze foi para o carioca José Luiz Perdigão, 20.
“Não tenho palavras para descrever o que sinto, nadei abaixo da casa de um minuto nestes 100 metros, eu tinha esta meta de baixar o minuto. Agora espero no Mundial de Londres, em setembro, eu possa chegar perto dos 58s. Não sabia que era o recorde, nem pensei nisso, só queria ser o mais rápido possível”, disse o brasiliense que nasceu com glaucoma e início na natação somente em 2015.
Minutos depois, dois brasileiros voltaram a dividir o pódio. Andrey Garbe foi o melhor nos 100m costas da classe S9 ao cravar 1min07s00, e Lucas Mozela bateu na borda após 10 centésimos para assegurar sua prata. “Não sei o que aconteceu, eu nado bem mais rápido, mas foi bom pelo ouro no meu primeiro Parapan”, comentou Andrey. “Foi uma prova boa de assistir, não é minha especialidade, mas o Andrey ganhou na batida de mão”, completou Lucas.
A cerimônia do pódio reservou um momento especial. Andrey convidou Mozela para dividir com ele o espaço sagrado no pódio dedicado ao medalhistas de ouro e os dois cantaram juntos o hino nacional, abraçados.
Ana Karolina Soares subiu ao ponto mais alto nos 100m peito (S14) com 1min12s07, acompanhada da canadense Angela Marina (1min14s81) e da americana Leslie Cichoki (1min16s50).
A potiguar Cecília Araújo também deu mais um ouro ao Brasil, em uma das mais longas provas do programa do Parapan, os 400m (S8), com 5min17s73, registrando novo recorde da competição. Paola Nuñez, do México, chegou na sequência apenas 65 centésimos depois. O bronze também foi mexicano, com Natalia Guemez, ao chegar 26 segundos mais tarde.
A mineira Laila Suzigan conquistou o ouro nos 100m peito SB5, com o tempo de 2min00s31. Ela foi seguida pela paulista Esthefany Oliveira que registrou 2min09s52 e foi prata.
A pernambucana Maria Carolina Santiago foi a mais rápida nos 100m costas da classe S12 (baixa visão). Esta foi sua primeira prova em Parapans e trouxe o primeiro pódio dourado para o Brasil da terça-feira, 27. Ela concluiu a distância com o tempo de 1min13s50, à frente da americana Aspen Shelton (1min15s98) e da argentina Analuz Pellitero (1min19s14).
Na versão masculina desta prova nesta mesma classe, Thomaz Matera foi prata. Felipe Caltran ficou com o bronze nos 100m costas para deficientes intelectuais (S14). Regiane Nunes também foi segunda colocada, só que nos 100m livre da classe S11 (cegos). Gabriel Geraldo faturou o bronze nos 50m costas (S2). Ítalo Gomes foi prata nos 100m costas (S7), enquanto que o pernambucano Phelipe Rodrigues subiu ao pódio pela terceira vez em três provas. Nesta terça-feira foi bronze nos 100m costas (S10). Na segunda-feira, 25, ele foi ouro nos 100m livre e, no dia seguinte, ouro de novo nos 200m medley. Phelipe compete em mais cinco provas neste Parapan.
Atletismo
O fluminense Fábio Bordignon conquistou a medalha de ouro nos 100m da classe T35 (paralisados cerebrais). Ele cruzou a linha de chegada em 12s72, apenas 12 centésimos à frente do argentino Hernan Barreto, segundo colocado, e estabeleceu novo recorde da competição. No feminino, Tascitha Oliveira (T36), Verônica Hipólito (T37), foram prata na mesma prova em suas respectivas classes. Mateus Evangelista foi prata no salto em distância (6m02), atrás apenas do argentino Brian Impelizzeri (6m21). André Rocha foi bronze no peso (F53/54). Rodrigo Parreira ficou com a prata nos 100m T36. Leylane Moura (F33) também foi prata no peso na sua classe.
Os dois últimos ouros da noite de terça-feira no Parapan foram de responsabilidades de dois representantes da Paraíba. Cícero Valdiran (F57) lançou o dardo a 44m65 e sagrou-se campeão com novo recorde da competição. Nesta mesma prova, o mineiro Claudiney Batista, recordista mundial, terminou em quarto.
Já Ariosvaldo Ferreira, o Parré, foi o mais rápido nos 100m da classe T54 (cadeirantes), com o tempo de 15s44. Ele acumula dois ouros: fora o melhor nos 400m na noite de segunda-feira, 26.
Mais resultados
As disputas do tênis de mesa chegaram ao fim nesta terça-feira, 27, com as finais por equipes. A delegação brasileira confirmou toda sua superioridade em quatro dos cinco embates pelo ouro, na arena Polideportiva 3, na Videna (Vila Deportiva Nacional). O tênis de mesa foi o responsável por 24 láureas (nove ouros).
Confira abaixo as cinco conquistas desta terça:
Ouro:
– Equipe feminina classes 2-5 (Joyce Oliveira, Marliane Santos e Thais Fraga): Brasil 2×0 México
– Equipe masculino classes 6-8 (Paulo Salmin, Luiz Manara e Francisco Melo): Brasil 2×0 Estados Unidos
– Equipe masculino classes 9-10 (Carlos Carbinatti, Claudio Massad e Diego Moreira): Brasil 2×0 Chile
– Equipe masculino classes 1-2 (Iranildo Espíndola, Aloísio Júnior e Guilherme Costa): Brasil 2×1 Chile
Prata:
– Equipe masculino classes 3-5 (David Freitas, Eziquiel Babes e Welder Knaf): Brasil 0x2 Chile
Esta terça-feira também foi o último dia de provas do tiro esportivo, modalidade que estreia no programa dos Jogos Parapan-Americanos. A despedida dos brasileiros teve cor de prata. Débora Campos alcançou 226.1 pontos e terminou em segundo lugar na pistola de ar 10m SH1, somente superada pela cubana Yenegladis Suarez, com 227.4. O capixaba Bruno Stov subiu ao pódio no rifle de ar de 10m SH2, prova na qual terminou na terceira posição. Na mesma prova, Alexandre Galgani ficou em quarto lugar.
O Brasil foi o país que mais vezes foi ao pódio na modalidade, com 10 premiações, sendo duas de ouro, cinco de prata e três de bronze. Os Estados Unidos, contudo, fizeram mais campeões, com cinco ouros, mas uma medalha a menos no total.
Saiu o primeiro ouro do ciclismo de pista brasileiro. Após dois bronzes com Márcia Fanhani, Lauro Chaman foi campeão da perseguição masculina C4-5. Na disputa final, ele superou o colombiano Diego Dueñas, a quem alcançou antes do fim do percurso. Lauro ainda tem pela frente as provas de contrarrelógio e de estrada em Lima.
Márcia Fanhani e Cristiane Pereira subiram mais uma vez no pódio, desta vez nesta terça-feira, 27. As brasileiras ficaram na terceira posição contrarrelógio feminino. Elas completaram o percurso de 1.000m em 1min16s384. Apenas as duas duplas canadenses terminaram à frente das brasileiras. Na segunda-feira, 26, elas também foram bronze na prova de perseguição 3km.
Já no rúgbi, o Brasil experimentou um revés amargo. Nem mesmo os 21 tries de Júlio Braz foram suficientes para o Brasil conseguir a medalha de bronze. A equipe nacional foi superada nesta manhã pela Colômbia por 46 a 43 e termina o torneio parapan-americano com a quarta colocação – mesmo resultado de Toronto 2015.
Daniel Rodrigues e Gustavo Carneiro avançam na chave masculina de duplas do tênis em cadeira de rodas. A dupla nacional superou Miguel Godoy e Guillermo Delfino, da Venezuela, por 2 sets a 0, com parciais de 6-0 e 6-0.
A equipe masculina de goalball superou nesta terça-feira, 27, a Guatemala, por 14 a 4. Esta é a terceira vitória em três jogos da equipe.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)