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Como os atletas paralímpicos treinam para os Jogos de Inverno?

Aline Rocha (centro) e Cristian Ribera posam para foto durante treino de esqui cross-country em PyeongChang em 2018. | Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB .

Enquanto contamos os dias para os Jogos Paralímpicos de Verão em Tóquio, ainda neste ano, alguns atletas já têm outro importante megaevento esportivo em vista: os Jogos Paralímpicos de Inverno em Pequim, que acontecerão em 2022. 

Porém, antes da chegada dos Jogos, outras competições ainda acontecem. A mais recente foi em fevereiro, quando a equipe de esqui cross country conquistou oito medalhas em uma competição regional nos Estados Unidos, demonstrando o potencial brasileiro nas modalidades de inverno.

Pelo fato de o Brasil não contar com neve, os esportes de inverno despertam o interesse do público e surgem dúvidas quanto às práticas esportivas. E a primeira curiosidade que logo vem à mente é: como os atletas paralímpicos treinam para os Jogos de Inverno?

Os atletas dos esportes de inverno fazem treinos adaptados quando estão em solo brasileiro. Fernando Alves, treinador da atleta paralímpica Aline Rocha, competidora da prova de esqui cross-country na categoria sitting, destaca que existem duas adaptações que são mais importantes para possibilitar as práticas. São elas: o Rollerski (sistema de rodas que simula a função dos esquis) e o Mountainboard/Carveboard (um skate de montanha que possibilita os treinos em ambientes mais irregulares).

“Ainda temos a opção de SkiErg, um equipamento muito popular nas academias de CrossFit, onde podemos fazer algumas simulações em treinos indoor”, explica Fernando.

Já para o atleta Cristian Ribera, também do esqui cross-country, as adaptações feitas nos treinos também ajudam a simular bem a técnica usada na neve, mas com pequenas diferenças. Cristian, que treina corrida em cadeira de rodas, afirma que as modalidades se complementam e fortalecem suas técnicas para as provas na neve. 

O treinador Fernando destaca ainda que os fatores climáticos são os mais fáceis de serem contornados, mas há outros pontos de atenção na preparação para as provas, como por exemplo, a colocação da pele na região onde o atleta não possui sensibilidade térmica. Fernando ressalta que “atualmente o fator mais relevante é o próprio contato com a neve e suas variações de acordo com a temperatura ou se é artificial/natural, dentre outras diferenças”. 

“O que vale muito destacar é o princípio da técnica de bastonada (deslocamento) e a resistência (entendendo que são provas de endurance, que têm média e longa duração). Conseguimos trabalhar nas condições do Brasil, e nesse momento com a neve, exploramos prioritariamente o controle, equilíbrio e outros detalhes, paralelo ao condicionamento físico adquirido no Brasil”, completou.

O atleta paralímpico Cristian Ribera, parceiro de equipe de Aline Rocha (que é treinada por Fernando) conta que a pandemia trouxe ainda mais desafios, que precisaram ser driblados para que os treinos pudessem continuar sendo realizados. “Foi muito difícil sair do ‘habitual’, de treinar ao ar livre, mas tivemos que adaptar os treinos com elásticos, pesos com alimentos e etc. Foi muito difícil pra todo mundo, mas valeu muito a pena”, disse o atleta.

Os esforços de Cristian Ribeiro e de Aline Rocha têm rendido bons resultados. Recentemente, o atleta paralímpico Cristian subiu no ranking mundial do esqui cross-country e está posicionado em terceiro lugar. Sua alavancada se deu graças ao seu desempenho nas provas disputadas em Bozeman (Estados Unidos). Nesta oportunidade, o brasileiro conquistou duas medalhas nas provas de Distance e Sprint. 

Aline Rocha subiu ao pódio neste mês de março, na Eslovênia, durante a Copa do Mundo de esqui cross-country para receber uma medalha de bronze. Agora, tanto Cristian quanto Aline se dedicam aos treinos com afinco e enxergam boas possibilidades de medalha nos Jogos de Inverno de 2022.

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