O Circuito Paralímpico de atletismo – Fase Nacional foi encerrado neste domingo, 25, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, com quatro atletas conquistando o índice para o Campeonato Mundial de Nova Déli, em setembro, e o destaque de uma jovem atleta que registrou o melhor tempo do mundo em 2025 na prova dos 100m da classe T35 (paralisados cerebrais). Ao todo, 401 atletas participaram das provas de pista e campo durante os dois dias da competição, em busca das marcas estabelecidas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro para integrar a Seleção Brasileira na principal disputa da atual temporada.
A baiana Raíssa Rocha Machado, da classe F56 (deficiência nos membros inferiores), chegou ao índice na última prova do evento, no final da manhã deste domingo, 25, no campo do Centro de Treinamento Paralímpico. Ao alcançar 24,09m na terceira tentativa no lançamento de dardo, ela superou os 23,98m da marca exigida para ser convocada ao Mundial. A atleta do clube IEMA (Instituto Elisângela Maria Adriano), dona de duas medalhas de prata nos Jogos Paralímpicos (Tóquio 2020 e Paris 2024), comemorou o feito e já estabeleceu sua próxima meta: “Eu estava buscando esses 24 metros para garantir logo a minha ida para a Índia. Agora, se Deus quiser, os 25 vêm, porque agora eu estou atrás dos 25 [metros]”.
Antes dela, outros três atletas haviam obtido índice no sábado, 24. A paulistana Giovanna Boscolo, também do clube IEMA (Instituto Elisângela Maria Adriano), venceu a prova do lançamento de club da classe F32 com a marca de 28,67m. Vinícius Cabral (APP-Paraná), da classe T71 (petra), correu os 100m em 21s50, superando o índice exigido de 22s60. Já o catarinense João Marques Cunha (AFADEFI/FMEBC), da classe T72, completou a mesma prova em 15s35, também abaixo da marca mínima estabelecida.
Também no sábado, 24, um resultado marcante ocorreu na prova dos 100m da classe T35 feminino. A paulistana Maria Clara de Araújo, 14, atleta do clube JR-SP e ex-aluna da Escola Paralímpica de Esportes do CPB, correu os 100m da classe T35 em 14s84, tempo muito mais rápido do que o da atual líder do ranking mundial da temporada, a americana Kira Stevens (16s02).
No domingo, Clarinha, como é conhecida, voltou à pista para os 200m e estabeleceu o novo recorde brasileiro da classe com 32s10. Essas marcas, no entanto, ainda não têm valor para efeito de ranking. Como ainda não possui classificação funcional internacional, os tempos da jovem atleta não poderão ser homologados oficialmente.
Maria Clara tem paralisia cerebral, condição decorrente de falta de oxigenação no cérebro no momento do parto, que provoca limitações físico-motoras nos membros superiores e inferiores. Ela mora no Jardim Fontalis, no extremo norte da capital paulista, a quase 40 km de distância do Centro de Treinamento Paralímpico, localizado no bairro do Jabaquara, na zona sul. Mesmo com a distância, mantém uma rotina intensa: estuda, treina três vezes por semana com o técnico Henrique Gavini e complementa a preparação com atividades na academia nos demais dias.
Com apenas cinco anos de prática esportiva, Maria Clara iniciou no esporte praticando futebol com meninos e meninas sem deficiência, até que o atleta Fábio Bordignon, classe T35 (paralisados cerebrais andantes), a viu fazendo embaixadinhas e a incentivou a ingressar no esporte paralímpico. Foi assim que, mais tarde, Clarinha entrou na Escola Paralímpica de Esportes, projeto de iniciação mantido pelo CPB, em que conheceu o atletismo. Atualmente, ela já não integra o projeto, mas segue treinando regularmente.
Durante as Paralimpíadas Escolares de 2023, no Centro de Treinamento Paralímpico, o treinador Henrique Gavini observou a jovem das arquibancadas e logo notou seu potencial. “Ela já fazia parte da Escola Paralímpica e vi que poderia se desenvolver ainda mais. Apesar de apresentar marcas de alto rendimento, Maria Clara ainda está em processo de formação como atleta”, explicou o técnico, que hoje a acompanha nos treinos semanais no CT Paralímpico.
Recorde mundial
Ainda neste domingo, 25, a paulista Beth Gomes bateu o recorde mundial na prova do lançamento de dardo F53 (que competem sentados) ao atingir 14,48m. A marca anterior era de 13,62m, feitos pela própria atleta no ano passado. O recorde, porém, ainda precisa ser homologado pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC, em inglês).
“Hoje eu competi e bati o recorde mundial no lançamento de dardo. Eu já era recordista das minhas três provas [lançamentos de dardo e disco e arremesso de peso]. Estou muito feliz e agradeço a todos que torcem e vibram por mim”, comemorou Beth.
A Fase Nacional do Circuito Paralímpico de Atletismo reuniu atletas com deficiência física, visual e intelectual, representantes de 19 estados e do Distrito Federal. A competição foi organizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro como parte do calendário classificatório para o Campeonato Mundial de Nova Déli, que será disputado de 26 setembro a 5 de outubro, na Índia. Os atletas que atingirem os critérios técnicos definidos pela Diretoria de Alto Rendimento do CPB estarão aptos a compor a delegação brasileira na competição internacional. Mesmo após cumprirem o objetivo técnico para o Mundial, os atletas permanecem à espera da convocação oficial do CPB, o que deve ocorrer até agosto.
Patrocínio
Braskem e ASICS são as patrocinadoras oficiais do atletismo.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)