O tricampeão paralímpico Petrúcio Ferreira completou a prova dos 100m para a classe T47 (limitações em membros inferiores) em 10s57 na manhã desta sexta-feira, 25, durante a abertura do Circuito Paralímpico de atletismo – Fase Internacional. A marca do velocista paraibano, conquistada no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, foi melhor do que os 10s68 registrados por ele na final dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 e que lhe rendeu o ouro no megaevento.
A competição é organizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e vai até este sábado, 26. Estão inscritos 216 atletas de diferentes nacionalidades, como Brasil, Chile e Colômbia. As disputas contam com transmissão ao vivo pelo canal de YouTube do CPB.
Para Petrúcio, a marca obtida no Circuito Paralímpico demonstra que ele está retornando à sua melhor forma. “Apesar de eu estar conseguindo medalha nas principais competições, eu já estava há dois anos sem conseguir acertar um dos meus melhores tiros. Eu me cobro muito dentro dos treinos para estar sempre em alta e fiquei muito feliz com meu resultado hoje, bem melhor do que o de Paris. Isso mostra que eu estou voltando aos meus 100%. Briguei muito com dores, desconfortos musculares. Mas o Petrúcio está voltando”, afirmou o atleta, que representa o clube Pinheiros e é o recordista Mundial da prova, com 10s29 obtidos no CT Paralímpico, durante o Desafio CPB/CBAt, em março de 2022.
“O principal foco deste ano é o Campeonato Mundial [em Nova Deli, na Índia, em setembro], o que exige mais treino e paciência para que eu alcance os melhores resultados lá”, afirmou o também tetracampeão mundial nos 100m.
A final vencida por Petrúcio, 30, teve outros dois atletas jovens da classe T47 correndo abaixo dos 11 segundos. O paulista Thomas Juan, 23, completou o percurso dos 100m em 10s80, enquanto a terceira colocação na classe ficou com o catarinense José Alexandre da Costa, 21, com 10s85.
“Essa juventude dando trabalho faz bem para o atleta. Faz com que a gente foque cada vez mais em melhorar nosso desempenho e nossa recuperação, porque o sarrafo está subindo. Isso é muito bom, ver a evolução do Movimento Paralímpico como um todo”, afirmou Petrúcio, que sofreu um acidente com uma máquina de moer capim aos dois anos que o fez perder parte do braço esquerdo, abaixo do cotovelo.
No mesmo período, o atleta paranaense Vinicius Augusto Cabral, classe T71, conquistou o recorde mundial ao fazer o 21s55 nos 100m na petra (race running), mesmo com o mau tempo. “Na verdade, a chuva atrapalhou um pouquinho de manhã. Infelizmente dei uma escorregada, mas mesmo assim consegui a melhor marca da minha vida”, comentou o atleta.
Até a marca conquistada por Vinicius, o recorde mundial dos 100m da classe T71 pertencia ao italiano Davide Fiore, com o tempo de 22s81, obtido no ano passado em Nottwil, na Suíça. A marca de Vinicius ainda precisa ser homologada pelo WPA (World Para Athetics), que é o braço do Comitê Paralímpico Internacional responsável pelo atletismo paralímpico em âmbito mundial.
Com o resultado, o atleta atingiu o índice A, que é um dos critérios para participação do Mundial da modalidade em Nova Déli, que acontece de 27 de setembro a 5 de outubro. Mesmo com a obtenção do índice, os atletas precisam aguardar a convocação oficial do CPB para ter a presença confirmada no Mundial da modalidade.
“A minha expectativa para o Mundial é a melhor possível, especialmente por já ter conseguido o índice A para competir. Agora é só descansar para a próxima competição e me preparar para o Mundial”, disse o atleta que tem paralisia cerebral desde o nascimento, condição ocasionada pela falta de oxigênio no cérebro.
O atleta, da Associação Paraolímpica do Paraná – Paranaguá, iniciou no esporte paralímpico em 2014, mas conheceu a petra apenas no ano seguinte.
Já na parte da tarde, também da Associação Paraolímpica do Paraná – Paranaguá, a atleta Edileusa dos Santos, classe T72 (deficiência grave de coordenação motora), bateu recorde das Américas nos 400m na petra ao fazer 1m18s31. Edileusa, 59, já competiu pelo atletismo olímpico e há três anos começou a fazer provas pela modalidade paralímpica.
A paranaense foi diagnosticada com Parkinson em 2015, doença que impacta as funções motoras, e comentou seu retorno ao esporte após o diagnóstico: “Depois do Parkinson eu me chamei de fênix, porque tive que mudar de competição e de prova para poder competir. Como alguém que tem Parkinson, eu vivo um dia de cada vez. Hoje, eu consigo o resultado que eu queria, hoje eu estou feliz. Amanhã pertence a Deus, não a mim.”
Assim como a marca de Vinicius, o recorde de Edileusa ainda precisa ser homologado pelo WPA.
Ainda na tarde de sexta-feira, a rondoniense Ketyla Teodoro, da classe T12 (baixa visão), conseguiu uma marca melhor do que as obtidas por ela em todo o ano de 2024. A atleta completou a prova dos 400m nesta sexta-feira em 58s57. Já no ano passado, seu melhor tempo foi de 58s86, nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024.
“Foi um ótimo início de temporada. Mesmo com essa chuva abençoada de hoje. Agora o objetivo é estar junto com meu irmão [Kesley Teodoro, também velocista da classe T12] no Mundial de atletismo”, afirmou a velocista, tem a doença de Stargardt, condição genética que afeta a retina e representa o clube ADD-SP.
O Circuito Paralímpico de atletismo – Fase Internacional fecha a semana de disputas da modalidade que começou no domingo, 20, com o Desafio Brasil Paralímpico de atletismo, disputado em duas etapas. Durante o evento, a amapaense Wanna Brito quebrou por duas vezes o recorde mundial do arremesso de peso da classe F32 (paralisia cerebral), além de alcançar um recorde das Américas no lançamento de club para a mesma classe. Um segundo recorde continental foi batido pelo fluminense Emanoel Victor de Oliveira no arremesso de peso da classe F37 (paralisia cerebral).
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)