O Brasil se despediu do Mundial de natação paralímpica de Manchester, Inglaterra, com dois ouros e três bronzes conquistados neste domingo, 6. Ao todo, em sete dias de competição, a Seleção subiu 46 vezes ao pódio (16 ouros, 11 pratas e 19 bronzes) e ficou na quarta colocação, atrás da Itália, Ucrânia e China, superando a anfitriã Grã-Bretanha em uma disputa acirrada até a última prova da competição.
O campeonato ocorreu de segunda-feira, 31 de julho, a domingo, 6, e reuniu 538 competidores de 67 países no Manchester Aquatics Centre. O Brasil foi representado por 29 nadadores de 10 estados (CE, MG, PA, PE, PR, RJ, RN, RS, SC e SP), sendo 15 mulheres e 14 homens. A Itália foi campeã com 26 ouros, 15 pratas e 11 bronzes, seguida por Ucrânia (20 ouros, 13 pratas e 22 bronzes) e China (18 ouros, 20 pratas e 13 bronzes).
Este foi o último Mundial de natação paralímpica antes dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 e o segundo no atual ciclo. A próxima edição deve ocorrer após o megaevento na capital francesa, em data e local ainda a serem definidos pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês). Antes dos Jogos de Paris, os nadadores brasileiros vão disputar o Parapan de Santiago, Chile, de 17 a 26 de novembro.
Em quantidade de medalhas de ouro, esta foi a terceira melhor campanha de uma delegação brasileira no evento. Apenas as da Ilha da Madeira, Portugal, no ano passado, e da Cidade do México, em 2017, foram superiores. No entanto, em números totais, a de Manchester foi a segunda, à frente da realizada na capital mexicana.
Em Portugal, o Brasil obteve 53 conquistas (19 ouros, 10 pratas e 24 bronzes) e terminou na terceira colocação. A China, potência na natação paralímpica, não participou da edição de 2022. Já em águas mexicanas, a Seleção voltou com 18 ouros, nove pratas e nove bronzes. Foram 36 pódios no total, menos do que em Manchester, e o país ficou em quarto lugar.
“A nossa participação foi extraordinária. Dos 29 atletas, 25 conquistaram medalhas, sendo 11 medalhistas de ouro. Isso mostra que nós estamos no caminho certo e que o trabalho vem dando resultado. A estratégia nos indica uma trajetória exitosa para as próximas competições. A expectativa é muito positiva para os Jogos Paralímpicos de Paris. Temos certeza que, a seguir neste ritmo, nosso Planejamento Estratégico será cumprido, sobretudo, suas metas. Nós seguiremos trabalhando, tanto na formação como no alto rendimento, para que cada vez mais os atletas sigam dando orgulho para aqueles que torcem pelo movimento paralímpico brasileiro”, disse Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e bicampeão paralímpico no futebol de cegos (Atenas 2004 e Pequim 2008).
O primeiro ouro do Brasil neste domingo foi em uma das últimas provas do dia e do Mundial. Com o tempo de 27s70, recorde da competição e das Américas, a fluminense Mariana Gesteira se sagrou bicampeã mundial (Ilha da Madeira e Manchester) nos 50m livre da classe S9 (limitação físico-motora). A prata foi da australiana Alexa Leary (28s03) e o bronze, da holandesa Florianne Bultje (29s36).
“Eu tinha como meta chegar à casa dos 27s70. Sabia que era difícil, mas conseguimos. Quase cheguei à casa dos 27s60. É bom participar de uma prova tão competitiva, melhorar o tempo e ser campeã. Não poderia terminar este Mundial de maneira mais feliz”, definiu a fluminense, que nasceu com Síndrome de Arnold-Chiari, uma má-formação do sistema nervoso central que afeta a coordenação e equilíbrio.
O paulista Gabriel Bandeira também foi bicampeão mundial nesta noite (tarde no Brasil). Nos 100m borboleta da classe S14 (deficiência intelectual), o atleta conquistou seu primeiro ouro em Manchester, com o tempo de 54s64. A prata ficou com o dinamarquês Alexander Hillhouse (55s48) e o pódio foi completado pelo australiano Benjamin Hance (55s90).
“Mais uma medalha de ouro para o Brasil e para a minha carreira. Estava meio entalado com essa prova, porque não tinha conseguido nadar bem neste ano ainda. Graças ao trabalho, encaixei bem no último dia do Mundial”, avaliou o paulista.
A pernambucana Carol Santiago, da classe S12 (baixa visão), foi a atleta que conquistou mais medalhas em todo o Mundial – independentemente do gênero. Neste domingo, ela alcançou a impressionante marca de oito pódios em sete dias no Reino Unido. Encerrou sua participação com um bronze nos 200m medley SM13, ou seja, ela competiu contra nadadoras com menores limitações visuais. Na final, ela registrou a marca de 2min28s84 e só foi superada por duas atletas S13: a italiana Carlotta Gilli, ouro com o tempo de 2min24s58, e a norte-americana Olivia Chambers, prata (2min28s23).
Carol fechou a competição com oito medalhas em oito provas disputadas: cinco ouros (100m borboleta, livre e costas, 50m livre e revezamento misto 4×100m livre – 49 pontos), uma prata (100m peito) e dois bronzes (revezamento misto 4x100m medley – 49 pontos e 200m medley).
“Agora, posso dizer que a missão foi cumprida. Olhando para trás, a gente fez um excelente programa. Já recebi os parabéns do técnico [Leonardo Tomasello]. Estou muito satisfeita. Deixei tudo de mim dentro da piscina. Os 200m medley não foram fáceis. Sou uma atleta mais de velocidade, não tanto de resistência. Mas aceitei o desafio”, destacou a pernambucana, que nasceu com síndrome de Morning Glory, alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão.
A gaúcha Susana Schnarndorf, da classe S3 (limitação físico-motora) e atleta mais velha da delegação em Manchester, com 55 anos, foi uma das nadadoras que mais conquistaram medalhas para o Brasil neste Mundial: quatro no total (três bronzes e uma prata). No último dia de provas, ela subiu ao pódio novamente ao ser terceira colocada nos 100m livre. O tempo de Susana foi de 1min58s88, contra 1min38s64 da espanhola Marta Fernandez (ouro) e 1min41s92 da britânica Ellie Challis (prata).
“Nem nos meus melhores sonhos eu imaginava que aconteceria tudo isso. Foi uma semana muito especial para mim. Queria muito mais uma medalha. No final do programa, é normal estar cansada. Não me senti bem no aquecimento. A força para o pódio veio do coração mesmo. Foram seis provas. Estou triste com o fim, mas feliz com os resultados”, afirmou a gaúcha, cuja deficiência decorre de um distúrbio degenerativo progressivo raro identificado como MSA (múltipla falência dos sistemas). A paulista Maiara Barreto terminou em sexto (2min22s00).
O Brasil ainda subiu ao pódio na última prova da competição, com o bronze do revezamento misto 4x100m livre – 34 pontos. O time formado por Cecília Araújo (S8), Phelipe Rodrigues (S10), Mariana Gesteira (S9) e Talisson Glock (S6) estabeleceu o novo recorde das Américas (4min07s27), sendo superado pela França (4min06s84) e pela Itália (4min03s25).
O catarinense Matheus Rheine ficou fora do pódio dos 400m livre da classe S11 (cegos). Ele completou a distância em 5min04s37 e terminou a disputa na 7ª posição. Também natural de Santa Catarina, Talisson Glock, da classe S6 (limitação físico-motora), fez os 50m borboleta em 32s25 e ficou na quinta colocação.
Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível
Os atletas Bruno Becker, Cecília Araújo, Gabriel Bandeira, Mariana Gesteira, Phelipe Rodrigues e Talisson Glock são integrantes do Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível, programa de patrocínio individual da Loterias Caixa que beneficia 91 atletas.
Time São Paulo
Os atletas Cecília Araújo, Phelipe Rodrigues e Talisson Glock são integrantes do Time São Paulo, parceria entre o CPB e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, que beneficia 106 atletas de 14 modalidades.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)