A abertura da temporada 2025 do Meeting Paralímpico, realizada neste sábado, 5, em Rio Branco (AC), reuniu 112 atletas, divididos em provas de atletismo (81 inscritos) e natação (31), na pista e no campo do Sesi e na piscina da Associação Atlética Banco do Brasil.
As disputas, válidas como seletivas para três modalidades organizadas pela Diretoria de Desenvolvimento Esportivo do CPB, marcaram a segunda competição esportiva organizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro no estado – a primeira foi o Meeting Paralímpico, em fevereiro do ano passado.
Foi o caso da amazonense Iandra dos Reis Ribeiro, prestes a completar 17 anos, que nada na classe S11. A atleta, que tem cegueira total desde os 14 anos por causa de uma hidrocefalia, leva mais de duas horas todos os dias para sair da zona rural de Rio Branco, onde mora, e chegar ao seu local de treinamento. Para ela, nadar no Meeting é mais do que buscar bons resultados.
“O esporte me transformou. Eu era tímida, não conseguia socializar com ninguém, e na natação conheci outros atletas que serviram de inspiração, me mostraram que posso praticar, me desenvolver. Eles me mostraram um novo mundo, que antes eu não conhecia. Quando fiquei cega, não queria sair de casa, não queria mais estudar ou fazer qualquer outra coisa. Foi por causa da insistência de uma diretora, que foi até minha casa, que voltei à escola, e lá fui encaminhada para o Centro de Adaptação ao Deficiente Visual e aí fui apresentada à natação”, contou Iandra, que ainda explicou sua rotina para treinar.
“Apesar de ter nascido no Amazonas, moro na zona rural desde muito pequena, e preciso de carona de ônibus para treinar. É um trajeto difícil e demorado, por isso nunca achei que poderia praticar esporte, mas hoje sei que nada pode me impedir”, disse Iandra, que treina no Centro de Referência mantido pelo CPB em Rio Branco.
Ela contou já ter participado de duas edições das Paralimpíadas Escolares, maior evento esportivo para crianças e jovens com deficiência do mundo, que acontece no final do ano em São Paulo, no Centro de Treinamento Paralímpico.
Outra atleta “cria” do Centro de Referência que competiu nesta etapa é Gigliane Paiva da Silva, que corre nos 200m e 400m da classe T36, para pessoas com paralisia cerebral. Natural de Rio Branco, ela descobriu o esporte aos 12 anos por meio de uma professora de uma escola especializada em pessoas com deficiência e, atualmente, ajuda a família com a bolsa que recebe como atleta.
“O começo foi difícil, eu só caía, até para andar sem cair era difícil. No entanto, o atletismo me deu equilíbrio e confiança, além de uma sensação muito boa”, afirmou Gigi, como é conhecida pelos colegas. Hoje, ela é a terceira colocada nacional nos 400m e quer ir ainda mais longe: “Quero disputar as Paralimpíadas e representar o Acre com orgulho. O esporte melhorou muito minha vida e quero que todas as pessoas do mundo saibam disso”, finalizou.
Assim como Iandra e Gigliane, Lucas Monteiro, de 23 anos, também encontrou no esporte um novo rumo em sua vida. Apaixonado por atividades físicas desde pequeno, teve a rotina interrompida no ensino médio, quando foi diagnosticado com baixa visão devido a uma condição genética irreversível. Por um tempo ele ficou afastado do esporte, até que, em 2023, fez sua estreia no Meeting Paralímpico de São Paulo.
“Foi um reencontro com quem eu sou, e não parei mais. Já estou em minha sexta competição, com metas claras: quero colher os frutos já em 2025, disputar grandes campeonatos e estar no pódio em todos eles. Além disso, torço muito para que mais acreanos estejam comigo nesse cenário daqui por diante”, disse.
Os Centros de Referência fazem parte do Plano Estratégico do Comitê Paralímpico Brasileiro, elaborado em 2017 e revisado em 2021. Funcionam por meio de parcerias com universidades, centros de reabilitação, secretarias municipais e estaduais, e têm como objetivo aproveitar espaços esportivos em estados de todas as regiões do país para oferecer modalidades paralímpicas, desde a iniciação até o alto rendimento.
O Meeting Paralímpico é organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e tem o objetivo de desenvolver o paradesporto em todo o território nacional, com a participação de novos talentos e atletas de elite. É realizado desde 2021, como uma atualização dos tradicionais Circuitos Loterias Caixa, que aconteciam desde 2005. Entre abril e agosto deste ano, serão realizadas etapas do Meeting Paralímpico Loterias Caixa em todos os estados e no Distrito Federal.
“É uma satisfação enorme ver o Meeting presente em todas as unidades federativas do país. Vemos tantas crianças e adolescentes tendo sua vida transformada por meio do esporte, e isso quer dizer que estamos mudando a sociedade. As crianças que estiveram aqui hoje vão voltar para casa não como uma pessoa com deficiência, mas como o campeão da família”, afirmou Yohansson do Nascimento, dono de seis medalhas paralímpicas e vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro.
No ano passado, o Meeting Paralímpico percorreu mais de 38 mil quilômetros pelo país, com a participação de 3.148 atletas nas disputas de alto rendimento e outros 3.267 nas competições escolares, universitárias, militares e dos Intercentros.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)