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Cavaleiros brasileiros tentam ‘transformar’ prata em ouro nos Jogos Paralímpicos de Paris

Rodolfo Riskalla montado no cavalo Don Enrico sorri com a medalha de prata conquistada em Tóquio | Foto: Wander Roberto/CPB

O Brasil será representado por dois cavaleiros nos Jogos Paralímpicos de Paris. Após o país ganhar quatro bronzes e uma prata em edições anteriores, o brasiliense Sérgio Oliva, 42, e o paulistano Rodolpho Riskalla, 39, buscam o inédito ouro.

Ambos são medalhistas paralímpicos. Sérgio tem dois bronzes, conquistados nos Jogos do Rio 2016, nas provas de adestramento individual e no estilo livre individual grau I (atletas com comprometimento severo nos quatro membros).

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O brasiliense teve paralisia cerebral por falta de oxigenação na incubadora. Em 1989, começou no hipismo como forma de terapia, mas ficou apenas seis meses. Depois de praticar outros esportes, aos 13 anos, Sérgio tropeçou na saída do edifício onde morava e caiu na vidraça da portaria, cortando-se com os estilhaços.

O acidente lesionou os nervos na altura das axilas e Sérgio perdeu os movimentos do braço direito. Voltou a praticar o hipismo em 2002, em provas de salto e de adestramento, onde ficou até 2005, quando optou apenas pelo adestramento. Junto com Sérgio, outro brasileiro também tem duas medalhas paralímpicas na modalidade: Marcos Alves, o Joca, ganhou dois bronzes nos Jogos de Pequim 2008 – uma no adestramento individual e outra no estilo livre grau II (cadeirantes ou andantes com boa funcionalidade dos braços. Atletas com comprometimentos unilaterais severos ou com deficiência visual).

Prata histórica

Rodolpho Riskalla tem a prata em Tóquio 2020, na disputa do adestramento individual grau IV (comprometimento leve em um ou dois membros. Atletas com deficiência visual moderada). É o melhor resultado até hoje do hipismo brasileiro em uma edição de Jogos Paralímpicos.

Rodolpho era cavaleiro do hipismo convencional, com passagens pela equipe brasileira. Porém, adquiriu meningite bacteriana em 2015 e teve parte da mão e das pernas (abaixo do joelho) amputadas. O atleta já havia acompanhado competições de paraequestre e resolveu ingressar na modalidade dois meses após sua recuperação. Atualmente Rodolpho reside na Alemanha, mas considera a França como a sua segunda casa.

“Agora bem perto dos Jogos, já estamos mais em uma fase de concentração, sabemos o que fazer, o cavalo sabe o que fazer. É manter a rotina, descansar, deixar a energia para quando chegar lá. E vou chegar no dia 27, para participar da cerimônia de abertura no dia 28, faço questão de estar lá. Em Tóquio não foi possível [por causa da pandemia de Covid-19], vai ser especial”, afirmou Rodolpho.

Rodolpho teve o melhor resultado do ciclo atual na modalidade, com dois bronzes no mundial de hipismo paralímpico disputado em agosto de 2022, na cidade de Herning, na Dinamarca. Ele ficou em terceiro nas categorias estilo livre e prova técnica individual grau IV. Em Paris, ele disputará uma nova categoria, a grau V (comprometimento leve em um ou dois membros; atletas com deficiência visual leve).

“No meu grau está uma situação que ninguém sabe muito bem como será a prova, como será a disputa. Ninguém sabe muito bem como será a performance. A campeã paralímpica em Tóquio (Sanne Voets) está com o mesmo cavalo (Demantur), mas com três anos a mais, isso influencia também. Vamos batalhar para estar no pódio e acho que a maior chance é no estilo livre”, disse Rodolpho.

O evento na Dinamarca foi o último com a montaria Don Henrico, propriedade da ex-amazona olímpica alemã Ann-Kathrin Lisenhoff, que se aposentou. Foi com Don Henrico que Rodolpho ganhou a prata em Tóquio. Agora o conjunto é formado com Denzel, sua nova montaria.

“A mudança do conjunto sempre acaba influenciando um pouco, é uma equipe. Eu já tinha anos junto com o Don Henrico, então sempre é mais difícil achar um cavalo novo e performar bem tão rápido. Mas acho que temos chance de pódio, de estar entre os três melhores. Entre os cinco na briga, e apertar ali para estar no pódio”, disse Rodolpho.

O Brasil já disputou seis edições paralímpicas no Hipismo. Em Paris 2024, o programa de provas estreia no dia 3 de setembro e vai até 7 de setembro, véspera do encerramento da do megaevento.

Competem no hipismo homens e mulheres que tenham deficiência físico-motora ou visual. A estreia paralímpica da modalidade ocorreu nos Jogos de Nova Iorque (EUA), em 1984. Três anos depois foi realizado o primeiro Mundial, na Suécia. A modalidade só voltaria ao programa oficial nos Jogos Paralímpicos de Sidney 2000. A única disciplina do hipismo no programa paralímpico é o adestramento, com as seguintes provas: individual, estilo livre individual e por equipes.

O Brasil será representado por 280 atletas, sendo 255 com deficiência, de 20 modalidades nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. É a maior delegação brasileira já anunciada para uma edição dos Jogos fora do Brasil.

Antes, a maior equipe nacional era de 259 convocados ao todo em Tóquio 2020. Já o recorde de participantes do país foi nos Jogos do Rio 2016, ocasião em que o Brasil sediou o megaevento e contou com 278 atletas com deficiência em todas as 22 modalidades já classificadas automaticamente.

Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)

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