O segundo dia dos Jogos Paralímpicos foi recheado de medalhas para o Brasil. O país conquistou duas pratas, com o cavaleiro Rodolpho Riskalla no hipismo e com o esgrimista Jovane Guissone na espada categoria B, e dois bronzes na natação, com Daniel Dias, na prova dos 100m livre (classe S5) e no revezamento 4x50m livre 20 pontos.
O Brasil acumula, agora, oito pódios, sendo um ouro, três pratas e quatro bronzes. Ocupa a 10ª colocação no quadro de medalhas. China já lidera com sete ouros entre as 22 láureas alcançadas em dois dias. Comitê Paralímpico Russo e Grã-Bretanha têm 16 medalhas e seis ouros cada um, porém os britânicos têm mais pratas que os russos (7 x 4). Os Jogos Paralímpicos começaram em 24 de agosto e se encerrarão em 5 de setembro.
O cavaleiro Rodolpho Riskalla, 36, ficou com a medalha de prata no hipismo, na disputa individual do Grau IV (comprometimento leve em um ou dois membros, além de atletas com deficiência visual moderada). Em sua apresentação com o cavalo Don Henrico, da raça Hannoveraner, o paulistano obteve a pontuação de 74,659%, atrás apenas de Sanne Voets, montando o cavalo Demantur, da raça KWPN (que, na tradução livre do holandês significa Cavalo Real de Sangue Quente Studbook dos Países Baixos), que fechou a apresentação com 76,585%. O bronze ficou com a belga Manon Clayes, que montou um oldenburguer chamado San Dior (72.853%).
Dono de dois vice-campeonatos mundiais do hipismo paraequestre, Rodolpho Riskalla teve mais uma grande apresentação em Tóquio. Embalado por “Aquarela do Brasil” que tocava ao fundo durante sua apresentação, o cavaleiro fez uma boa passagem e mostrou ótimo controle de Don Henrico.
Com a prata em Tóquio, o Brasil soma agora cinco medalhas no adestramento paralímpico. O país já tinha conquistado outros quatro bronzes na modalidade. Dois com Marcos Alves, o Joca, em Pequim 2008 e outros dois com Sergio Froes Oliva nos Jogos Rio 2016.
Rodolpho Riskalla pode repetir esse feito e também fazer dois pódios em Tóquio: os oito melhores colocados do adestramento se classificaram para o “freestyle”, na próxima segunda-feira (30).
História
Medalha de prata no Mundial Paralímpico de Tryon, nos Estados Unidos, em 2018, Rodolpho era cavaleiro do hipismo convencional, com passagens pela equipe brasileira. Porém, contraiu uma meningite bacteriana em 2015 e teve partes da mão e das pernas (abaixo do joelho) amputadas. O atleta já havia acompanhado competições paraequestre e ingressou na modalidade dois meses após sua recuperação.
Muito antes de todos os competidores fazerem suas apresentações, Rodolpho já mostrava confiança na conquista de uma medalha por sua pontuação. “Teoricamente, [ficar] entre os três primeiros, é possível [com a pontuação conquistada]. Porque, no Mundial em 2018, quem ganhou fez 73.900. Eu fiz 73.400. Fiquei com a prata. Para este tipo de competição, eles são um pouquinho mais exigentes. Foi uma boa pontuação a que consegui aqui”, disse.
Esgrima Em CR
Jovane Guissone é um guerreiro prateado. Aos 38 anos, o gaúcho de Barros Cassal conquistou a medalha de prata na esgrima em cadeira de rodas, na categoria B da espada (para atletas com menor mobilidade de tronco e equilíbrio), na manhã desta quinta-feira (26), ao ser superado pelo atleta russo, Alexander Kuzyukov por 15 a 8, no Makuhari Messe Hall B.
“Fiz uma boa competição desde o início. Foi um combate bem duro nessa final, mas estou feliz com essa prata. Afinal, eram tantos competidores que estavam em busca de uma medalha e eu consegui”, disse Jovane Guissone, na zona mista, logo após o duelo. “Hoje meu filho faz aniversário e tinha prometido uma medalha de presente. Cumpri minha promessa”, comemorou o esgrimista.
Na semifinal, em mais um duelo duríssimo, o brasileiro venceu o britânico Dimitri Coutya, atual líder do ranking mundial – Guissone ocupa o segundo lugar -, por 15 a 12. Na primeira fase, Jovane Guissone confirmou o favoritismo ao conseguir quatro vitórias em cinco duelos. Já nas quartas de final, o esgrimista derrotou o iraquiano Ammar Ali (15 a 10).
Com essa prata em Tóquio, Jovane Guissone faturou sua segunda na história dos Jogos Paralímpicos. Isso porque em Londres, em 2012, ele conquistou o ouro na espada. Dessa forma, o gaúcho segue com a responsabilidade de ser o único esportista, entre olímpicos e paralímpicos, a conquistar medalhas para o Brasil na esgrima.
No feminino, Carminha de Oliveira foi eliminada na espada individual categoria A (atletas com mobilidade no tronco; amputados ou com limitação de movimento). A paranaense de Foz de Iguaçu perdeu as quatro lutas que realizou.
Resultados da esgrima em CR:
(BRA) Jovane Guissone 2 x5 (UCR) Oleg Naumenko
(BRA) Jovane Guissone 5 x 3 (CHN) Daoliang HU
(BRA) Jovane Guissone 5 x 4(BLR) Andrei Pranevich
(BRA) Jovane Guissone 5 x 2 (HUN) Istvan Tarjanyi
(BRA) Jovane Guissone 5 x 1(RPC) Alexander Kurzin
(BRA) Jovane Guissone 15 x 10 (IRQ) Ammar Ali – quartas de final
(BRA) Jovane Guissone 15 x 12 (GBR) Dimitri Coutya – semifinal
(BRA) Jovane Guissone 8 x 15 (RPC) Alexander Kuzykov – Final
(BRA) Carminha Oliveira 3 x 5 (HKG) Yu Chui Yee
(BRA) Carminha Oliveira 3 x 5 (UKR) Natalia Mandryk
(BRA) Carminha Oliveira 0 X 5 (RPC) Iuliia Maya
(BRA) Carminha Oliveira 2 x 5 (Hun) Zsuzsanna Krajnyak
Natação
E a natação segue empilhando medalhas para o Brasil. No segundo dia de competições da modalidade, no Centro Aquático de Tóquio, Daniel Dias, nadador paralímpico mais vencedor da história, conquistou a 26ª e a 27ª medalhas em Jogos Paralímpicos. Aos 33 anos, o paulista ganhou o bronze na prova dos 100m livre (classe S5), com o tempo de 1min10s87. O ouro foi para o italiano Francesco Bocciardo (1min09s56), seguido do chinês Lichao Wang (1min10s45). No encerramento da sessão noturna no Japão, ele faturou a 27ª.
“Só tenho gratidão por tudo que está acontecendo. As coisas estão fluindo e hoje já foi mais leve. Na virada, eu vi os chineses na frente, mas disse que não seria fácil para eles. Consegui alcançar a minha meta. Quero viver cada momento, cada prova”, disse Daniel Dias, na zona mista do Centro Aquático, após a eletrizante prova dos 100m livre.
Na última quarta-feira, Daniel Dias já havia faturado o bronze nos 200m livre da classe S5. Desde os Jogos Paralímpicos de Pequim 2008, Daniel Dias sobe consecutivamente ao pódio. Já são 14 ouros, sete pratas e seis bronzes.
Daniel voltou à piscina na noite japonesa de quinta-feira para contribuir com o encerramento da sessão com mais um pódio para o Brasil. No revezamento 4x50m livre 20 pontos, veio o bronze com o quarteto brasileiro foi formado por Patrícia Santos (S4), Daniel Dias (S5), Joana Maria (S5) e Talisson Glock (S6) ao marcar o tempo de 2min24s82.
A medalha de ouro ficou com a China ao quebrar o recorde mundial por quase três segundos ao terminar em 2min15s49. O Brasil começou atrás na prova, mas Daniel Dias comandou grande reação que terminou com Talisson Glock em terceiro. A Itália conquistou a prata (2min21s45).
O revezamento 20 pontos significa que a soma dos números que se referem à classe dos atletas pode ser no máximo de 20, lembrando que de 1 a 10 eles se referem aos atletas com o maior grau de limitação físico-motora, enquanto que 10 é o de menor comprometimento.
Outros resultados
A potiguar Joana Neves ficou na oitava posição nos 100m livre da classe S5, com o tempo de 1min27s62, a campeã foi Tully Kearney, da Grã-Bretanha, bateu o recorde mundial da prova com 1min14s14. A chinesa Li Zhang foi prata (1min17s80) e a italiana Monica Boggioni acabou com o bronze (1min22s43).
Em mais uma prova com quebra de recorde mundial, o catarinense Talisson Glock terminou em sexto lugar nos 200m medley da classe SM6 (2min45s17). O ouro e a nova marca foram do colombiano Nelson Crispin Corzo (2min38s12). A prata ficou com o russo Andrei Granichka (2min45s22) e o bronze com o chinês Hongguang Jia (2min50s33).
Nos 400m livre da classe S11, Matheus Reine acabou na quinta posição com o tempo de 4min44s64. O ouro ficou com o holandês Rogier Dorsman (4min28s47), a prata com o japonês Uchu Tomita (4min31s69) e o bronze com o chinês Dongdong Hua (4min34s89).
Na penúltima participação brasileira do dia, Rhuan Souza foi o quinto colocado (1min10s99) nos 100m peito da classe SB9, prova vencida pelo italiano Stefano Raimondi (1min05s35). Os russos Artem Isaev (1min07s45) e Dmitrii Bartasinskii (1min08s32) completaram o pódio.
Tênis De Mesa
A mesa-tenista brasileira Joyce Oliveira é a primeira classificada da modalidade para as fases eliminatórias do individual nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Na madrugada desta quinta-feira (26), no Ginásio Metropolitano, ela derrotou a jordaniana Faten Elelimat, por 3 a 0 (11/7, 11/9 e 11/7), garantindo o segundo lugar no grupo D da classe 4 feminina. A próxima adversária, nas oitavas de final, será conhecida posteriormente.
“Estou feliz, mas ainda não acabou. Tenho que me concentrar, para continuar passando de fases”, disse a atleta.
Já Cátia Oliveira (classe 1-2) enfrentou a polonesa Dorota Buclaw e foi derrotada por 3 sets a 1 (11/8, 10/12, 9/11 e 10/12). Mesmo assim, a brasileira se classificou para as quartas de final, pois a polonesa venceu seu último jogo, diante da finlandesa Aino Tapola.
No masculino, Carlos Carbinatti derrotou o sul-africano Theo Cogill por 3 sets a 0 (11/8, 14/12 e 11/5). Com o resultado, Carbinatti continua na briga por uma vaga nas quartas de final da classe 10. Para conseguir o objetivo, terá que vencer o austríaco Krisztian Gardos, nesta sexta-feira, 27, à 1h40, pela última rodada do grupo D.
Quem também conquistou mais uma vitória em Tóquio foi Israel Stroh, na disputa do tênis de mesa da classe 7. Em outro duelo emocionante, o paulista virou para cima do egípcio Mohamed Youssef por 3 sets a 1, parciais de 5/11, 11/8, 11/7 e 11/7. Israel vai encerrar sua a participação na fase de grupos contra o australiano Jake Ballestrino, ainda nesta quinta-feira, às 23h (de Brasília).
Bruna Alexandre, da classe 10 Grupo B, também venceu. A mesa-tenista bateu a australiana Mleissa Tapper por 3 sets a 0, com parciais de 11/7, 11/2 e 11/6. A atleta volta à quadra na sexta-feira (27), às 4h (horário de Brasília), contra Tzu Yu Lin, de Taipei.
David de Freitas também avançou para a próxima fase da classe 3. O brasileiro perdeu para o tailandês Yuttajak Glinbancheun por 3 sets a 0, parciais de 11/5, 14/12 e 13/11. Mas, como tinha superado o sueco Alexander Oehgren por W.O na primeira rodada, ele seguiu adiante no torneio.
Na classe 3, Marliane Santos perdeu para Alena Kanova, da Eslováquia, por 3 sets a 0, parciais de 14/12, 11/5 e 11/7. A brasileira encerra sua participação na competição, após ter sido derrotada para a sul-coreana Jiyu Yoon.
Luiz Manara, da classe 8, também se despediu dos Jogos ao sofrer sua segunda derrota no torneio. O brasileiro levou a virada contra Linus Karlsson, da Suécia, e perdeu por 3 sets a 1, parciais de 14/16, 14/12, 11/4 e 11/9.
Quem também fora é Jennyfer Parinos, da classe 9. A brasileira foi derrotada pela polonesa Karolina Pek por 3 sets a 1, parciais de 11/9, 11/4, 9/11 e 11/5, o seu terceiro revés em três jogos.
Outros jogos:
(BRA) Paulo Salmin 0 a 3 (CHN) Shuo Yan – Classe 7 Grupo A
(BRA) Israel Stroh 3 a 1 (EGI) Mohamed Sayed Classe 7 – Grupo E
08h00 (BRA) David Andrade de Freitas 0 a 3 (TAI) Yuttjak Glinbancheun Classe 3 – Grupo E
08h40 (BRA) Luis Filipe Manara 3 a 1 (SWE) Linus Karlsson – individual Class 8 Grupo
08h40 (BRA) Marliane Amaral 3 a 0 (SVK) Alena Kanova – Classe 3 Grupo C
09h20 (POL) Karoline Pek 3 a 1 (BRA) Jennyfer Parinos – Classe 9 – Grupo B
Halterofilismo
Os brasileiros do halterofilismo estrearam em Tóquio, nesta quinta-feira (26), com o potiguar João França Júnior, da categoria até 49kg, no Fórum Internacional de Tóquio. Ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019, o atleta terminou a prova na 6ª colocação – levantando 139 kg.
Já a mineira Lara Aparecida de Lima, prata na categoria até 41 kg nos Jogos Parapan-Americanos Lima 2019, terminou em sétimo lugar – levantando 88 kg.
Por fim, o brasileiro Bruno Carra não chegou a brigar por medalhas na categoria até 54kg. O paulista falhou nas três tentativas que teve para levantar o peso em 157kg.
Ciclismo
O primeiro ciclista brasileiro a entrar no Izu Velódromo foi Carlos Alberto Soares, na prova do contrarrelógio 3000m C1, em que os atletas competem em bicicletas convencionais. Esta classe é direcionada aos competidores com deficiência físico-motora e amputados. O ciclista terminou na 10ª colocação, com o tempo de 4m26s763.
Medalhista de prata (estrada) e bronze (contrarrelógio) nos Jogos Rio 2016, Lauro Chaman terminou em 9º lugar nos 1000m (C4), prova que não é a sua especialidade. O paulista ainda compete na pista em mais duas provas. Ainda na quinta-feira (26), tem a disputa da perseguição individual. Já na sexta-feira (27) será a vez da prova do sprint por equipes.
André Grizante também disputou a prova da C4. O brasileiro perdeu rendimento e seu tempo final foi 1min13s441, o que lhe deixou no 21º e último lugar.
Goalball
O Brasil sofreu um duro golpe no goalball masculino. No encontro entre duas seleções medalhistas nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, o time verde e amarelo, bronze em casa, acabou derrotado para os EUA, prata na última edição, por 8 a 6. Os gols brasileiros foram marcados por Leomon Moreno (3), Parazinho (2) e Romário (1).
Em um jogo equilibrado e com várias alternâncias no placar, os brasileiros até estiveram algumas vezes à frente mas, após desperdiçar dois pênaltis, a equipe acabou derrotada pelos norte-americanos.
Depois de estrear com uma goleada contra a atual campeã paralímpica Lituânia e perder para os norte-americanos, o Brasil volta à quadra diante da Argélia, nesta sexta-feira (27), às 8h30 (horário de Brasília). “A Argélia é uma seleção que não pode dar mole. A gente vai entrar com força total e com foco, como sempre. Da primeira à última bola, vamos entrar arregaçando. Precisamos de uma postura diferente”, disse Parazinho.
Apesar do resultado negativo, o Brasil está em segundo no Grupo A, com três pontos. A seleção está com a classificação encaminhada para as quartas de final. Uma vitória contra os argelinos praticamente garante o time na próxima fase.
Já a Seleção feminina volta à quadra ainda nesta quinta-feira, às 22h30 (horário de Brasília), contra o Japão. No primeiro jogo, o Brasil acabou derrotado pelos Estados Unidos por 6 a 4. O time está no Grupo D, ao lado, também, de Turquia, Japão e Egito.
Transmissão
Os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 contarão com a transmissão ao vivo dos canais SporTV e da TV Brasil.
Patrocínio
A delegação brasileira tem o patrocínio das Loterias Caixa.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)