Os quatro atletas de Triatlo que representarão o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio estão em fase final de preparação. Três deles treinam em Rio Maior, Portugal, e a paulista Jéssica Messali, que se acidentou a menos de dois meses do início do megaevento, finaliza a preparação no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. Os Jogos de Tóquio serão realizados de 24 de agosto a 5 de setembro.
Os três triatletas que treinam em território europeu são: Jorge Fonseca (classe PTS4), Carlos Rafael Viana e Ronan Cordeiro (ambos da classe PTS5). Tais classificações são aplicadas a atletas com deficiências físico-motoras e paralisia cerebral andantes, sendo a PTS4 e a PTS5 para deficiências mais moderadas.
Jéssica Messali, da classe PTWC (para cadeirantes), que está no Brasil, chegou a fazer parte da sua preparação em Rio Maior, porém, após sofrer uma queimadura de terceiro grau, enquanto estava numa sauna, retornou ao território brasileiro. Já no país natal, a atleta passou por 10 cirurgias em 25 dias – para a retirada de pele morta e a amputação de sete dedos e meio.
Quando ocorreu o incidente, a atleta havia acabado de ganhar a medalha de ouro na Copa do Mundo de Triatlo, disputada na Espanha. Mesmo com os problemas enfrentados a meses dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, Jéssica afirmou que está muito feliz pela oportunidade de disputar sua primeira Paralimpíada.
“Eu me sinto realizada por ter conquistado a vaga. Eu me dediquei 100% nos últimos anos e colher o fruto dessa dedicação é muito especial para mim. Esta será a estreia paralímpica da categoria feminina na minha modalidade. E nesta estreia terá a bandeira brasileira, a qual irei representar com toda minha alma e o meu coração”, disse a atleta.
“Estou completamente recuperada, graças ao Dr. Bruno Lisciotto. Sem ele, minha ida aos Jogos Paralímpicos não seria possível. Devo tudo a ele”, continuou. Segundo Jéssica, desde 2017, ela estava se dedicando sete dias da semana ao Triatlo. “Eram de dois a três treinos por dia, entre natação, ciclismo, corridas, musculação, mobilidade e fisioterapia”, relatou.
A triatleta destacou que todo esse esforço estava rendendo ótimos frutos, como a medalha de ouro na Copa do Mundo: “Subi várias vezes ao pódio. Estava confiante em conquistar uma medalha em Tóquio. Minha performance estava impecável. Porém, com o incidente, não pude fazer treinos específicos. Isso interfere na minha performance, embora tenha me mantido ativa. Agora que estou com alta total, espero recuperar o tempo no CT Paralímpico até ir para o Japão. A minha força mental está mais afiada do que nunca. Retornar com tudo será crucial”, concluiu.
Natural de Jaboticabal, Jéssica ficou paraplégica após um acidente de carro em 2013. Logo após sua recuperação conheceu o ciclismo e obteve rápido destaque. Começou no triatlo em 2017.
A atleta viajará para Tóquio no próximo dia 19 de agosto. Sua prova será disputada dez dias depois, 29 de agosto, a partir das 18h30 (horário de Brasília).
Portugal
Enquanto Jéssica encerra a sua preparação no Centro de Treinamento Paralímpico, Jorge Fonseca, Carlos Rafael Viana e Ronan Cordeiro sairão de Portugal para o Japão no próximo dia 21 de agosto.
“Depois do Pan-Americano de triatlo nos Estados Unidos, no final de junho, viemos direto para a cidade de Rio Maior, em Portugal, onde há um Centro de Treinamento super bem equipado. Vamos completar dois meses de preparação em Portugal, bastante dedicados aos objetivos paralímpicos”, disse o treinador Ivan Razeira.
Segundo o técnico, a rotina em Portugal é composta por três a quatro sessões diárias de treinos nos esportes que compõem o Triatlo: natação, ciclismo e corrida. “Também fazemos treinamento de força. Fora isso, temos acesso à massoterapia e à fisioterapia, além de um spa para recovery [recuperação com banho de gelo, calor, sauna, etc.]”, explicou Ivan.
Ainda de acordo com o treinador, a rotina no Japão já será totalmente voltada para a prova. “O Triatlo exige uma série de reconhecimentos de percurso, check de materiais, etc. Basicamente, os atletas irão acordar diariamente, às 2h45, para a rotina matinal de treinos e deslocamentos entre a Vila e o local da disputa. O resto do dia será composto por períodos de descanso e atividades complementares”, pontuou.
Por fim, Ivan afirmou que a Seleção de triatlo possui chances reais de medalha nas quatro classes em que será representada. “A Jéssica, infelizmente, sofreu o acidente e está um pouco mais longe do pódio, porém com possibilidades. Os demais vão chegar muito bem na prova”, finalizou.
A delegação brasileira será composta por 260 atletas (incluindo atletas sem deficiência como guias, calheiros, goleiros e timoneiro), sendo 164 homens e 96 mulheres, além de comissão técnica, médica e administrativa, totalizando 434 pessoas. Jamais uma missão brasileira em Jogos Paralímpicos no exterior teve tamanha proporção. Na última edição fora do Brasil, em Londres 2012, o Brasil compareceu com 178 atletas, até então a maior. O número para a capital japonesa só é superado pela participação nos Jogos Rio 2016, já que o Brasil garantiu vagas em todas as modalidades por ser país sede e contou 286 atletas no total, ficando em 8º lugar no ranking de medalhas.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)