Os Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019 chegam ao último dia neste domingo, 1º de setembro, com a impressionante marca de 299 medalhas conquistadas pelo Brasil. Entre as quais, 120 de ouro, 97 de prata e 82 de bronze. Trata-se da melhor performance de uma missão brasileira nesta competição em todos os tempos.
Superou a campanha de Toronto 2015, ano que antecedeu aos Jogos Paralímpicos do Rio 2016, com 109 ouros de um total de 257 medalhas. Ao ultrapassar a marca estabelecida no Canadá, o Brasil abriu caminho para novos recordes. Neste domingo, 1º de setembro, último dia de Parapan em Lima, há pelo menos cinco finais com brasileiros já garantidos no pódio na bocha e no badminton. O ciclismo de estrada também será realizado nesta data, antes da cerimônia de encerramento, no Estádio de Atletismo da Videna (Vila Deportiva Nacional).
“O Parapan é muito desafiador porque os países vêm crescendo. Se você pegar os EUA, em Toronto 2015 foram 40 medalhas de ouro no total. Aqui em Lima, são 57 medalhas de ouro conquistadas. Argentina, foram 18 nos Jogos em Toronto e hoje já são 24. México crescendo, Chile já com 11 medalhas, crescendo muito também. Então isso torna ainda mais desafiadora a participação do Brasil que lidera, desde o Rio de Janeiro 2007, o quadro de medalhas”, comentou Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, bicampeão de futebol de cinco (para cegos), em Atenas 2004 e Pequim 2008.
Com a contagem atual, o Brasil já acumula mais ouros continentais do que os dois países mais bem colocados. Estados Unidos são os segundos no quadro de medalhas, com 57 ouros, acompanhados do México, 55.
Desde a sexta-feira, 30, nenhum outro rival teria condições de apear o Brasil do topo do quadro de medalhas. Mesmo na improvável hipótese de o país perder todas as disputas dali em diante e um único adversário ganhasse tudo, os brasileiros não deixariam de ser os primeiros no Parapan de Lima, quer seja pelo total de ouros, ou pelo de medalhas.
No início da tarde, os atletas brasileiros superaram a barreira das 257 medalhas no total. A nadadora potiguar Cecília Araújo sagrou-se campeã nos 100m livre da classe S8 e obteve o pódio de número 258 na capital peruana. Horas mais tarde, a eletrizante vitória da seleção de futebol de sete (para paralisados cerebrais) sobre a Argentina, por 5 a 3, no início da tarde deu o 109º ouro à delegação nacional. Foram três gols de Bira e dois gols de Evandro.
Cecília Araújo ficou emocionada quando soube que foi a responsável pelo pódio de número 258 do Brasil na capital peruana. “Feliz demais em saber que fui a responsável por ultrapassar a marca histórica de Toronto 2015, estou meio sem reação por isso. Eu estava lá em Toronto há quatro anos, e foi muito grande, mas nós estamos superando tudo. E, olha, virão muito mais até o final”, comemorou.
A potiguar de 20 anos tem paralisia cerebral (falta de oxigenação no cérebro durante o parto) e contribuiu para a campanha recordista em Lima com seis medalhas, contando com esta de sábado. Ela já foi ouro nos 100m livre, 400m livre, prata no revezamento 4x100m livre 34 pontos (a soma da classe funcional dos integrantes), bronze nos 100m peito e no revezamento 4x100m livre 34 pontos – este último fechou a competição de natação do Parapan de Lima, e a equipe brasileira contava com Laila Suzigan, Mariana Gesteira e Joana Neves.
Natação
O Brasil faturou cinco ouros somente na sessão da manhã em Toronto. Além de Cecília, Esthefany Oliveira foi campeã nos 200m medley (SM5), seguida da potiguar Joana Neves, e a cearense Edênia Garcia manteve a tradição iniciada em Mar Del Plata 2003 de sempre subir em pódios de Parapans com o ouro nos 50m costas da junção das classes S1/S2/S3. A prata foi da paulistana Maiara Barreto.
Pela tarde, Maria Carolina Santiago encerrou sua participação com o quarto ouro em quatro provas. Desta vez, nos 100m livre, com 59s73, novo recorde do Parapan. A paraense Lucilene Sousa foi a prata, ao chegar três segundos mais tarde. Curiosamente, as duas fizeram pódios duplos nas três provas que nadaram em Lima: 50m livre, 100m livre e 400m livre.
A mineira Laila Suzigan obteve seu segundo ouro e terceira prata de um total de sete medalhas, desta feita nos 200m medley e nos 100m livre, respectivamente. O paulistano Lucas Mozela foi o campeão nos 100m peito (SB9), despedindo-se de Lima com três ouros e uma prata. Nas cinco últimas provas individuais do programa da natação do Parapan, o Brasil subiu ao pódio em todas. Em três delas, em dobradinhas. Wendell Belarmino foi prata nos 100m peito (SB11), acompanhado de José Luiz Perdigão. Douglas Matera (S13) foi vice-campeão duas vezes neste sábado, nos 100m livre e nos 200m medley – neste último, foi seguido por Guilherme Silva, medalhista de bronze. Gabriel Geraldo saiu-se mais rápido nos 100m livre (S2) e o bronze ficou com Bruno Becker.
Assim como Talisson Glock nos 200m medley (SM6) e bronze nos 100m livre, e Gabriel Cristiano nos 100m livre (S8). No revezamento 4x100m livre (34 pontos), a equipe masculina, composta por Phelipe Rodrigues, Talisson Glock, Vanilton Filho e Ruiter Silva foi campeã. O pernambucano Phelipe deixa Lima com o status de maior medalhista do Brasil na competição, com oito medalhas, sendo sete de ouro.
Goalball
As seleções brasileiras de goalball masculino e feminino confirmaram o favoritismo, porém, cada uma à sua maneira. As mulheres foram campeãs em partidas dramáticas, enquanto que os homens atropelaram todos os concorrentes.
Depois de uma vitória nos últimos segundos da segunda prorrogação contra o Canadá, na noite da sexta-feira, 30, pela semifinal no gol de ouro, por 4 a 3, o time de Daílton Freitas voltou a repetir o placar. Ante às canadenses, o gol triunfal saiu em jogada da fluminense Victoria Nascimento, na decisão, coube à carioca Ana Carolina Custódio por fim à agonia no tempo extra e decretar o ouro ao Brasil.
“Foi um momento de muita superação. Superação do meu cansaço, de toda a dificuldade que estávamos enfrentando na partida. A garra, a união, a determinação predominaram naquele momento e conseguimos construir o gol decisivo”, disse a atleta.
O time nacional masculino aplicou 12 a 9 nos Estados Unidos, com nove gols do melhor jogador do mundo, o brasiliense Leomon Moreno: “O ouro aqui em Lima foi o nosso recado para falar que em Tóquio 2020 é isso que vamos buscar também, nada menos do que isso”, disse.
Mais resultados
Leylianne Samara venceu a cubana Idalianna Quintero por 32 a 25 e faturou a medalha de bronze na categoria K44 até 58kg feminina. É a primeira medalha do dia do Brasil na modalidade.
Matheus Assis e Christian Porteiro conquistaram duas medalhas de bronze para encerrar a participação do Brasil no halterofilismo dos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019. Eles ficaram em terceiro lugar, respectivamente, nas categoria até 107kg e acima de 107kg. Debora Menezes foi medalhista de prata na categoria até 58kg K44, após derrota na decisão do ouro para a mexicana Daniela Martinez, por 7 a 4.
Na estreia do esporte no programa esportivo do Parapan, o Brasil conquistou ouros com a paraibana Silvana Mayara, na categoria até 58 quilos, em final verde-amarela contra a potiguar Cristhiane Nascimento, e o paulista Nathan Torquato (até 61 quilos) além de duas pratas e um bronze.
O Brasil termina a modalidade como líder absoluto do quadro de medalhas. Foram 16 pódios, com seis de ouro, três de prata e sete de bronze. O México, segundo maior medalhista, conseguiu 7 (três de ouro e quatro de prata).
No badminton, Eduardo Oliveira venceu Ricardo Cavalli em uma final nacional na classe SU5 masculina. O duelo foi equilibrado e terminou 2 sets a 1, com parciais de 21-16, 19-21 e 21-12. Leonardo Zuffo perdeu por 2 a 0 para o peruano Pedro de Vinatea, em confronto que contou com a presença do presidente do Peru, Martín Vizcarra, e arquibancadas lotadas. Até o momento, são três ouros e quatro pratas.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)