O jogador de goalball Leomon Moreno foi o primeiro atleta brasileiro da modalidade a representar um time estrangeiro. Desde o início de 2018, o jogador compete pelo Sporting Clube, de Portugal, além de defender a Seleção Brasileira e o time do Santos FC. Ainda no ano passado, o time português pediu que ele indicasse outro jogador brasileiro para entrar para o elenco. Sua escolha foi Romário Diego Marques, com quem ele joga na Seleção, no Santos FC e agora, também no Sporting.
"Ele me indicou para jogar a Liga Europeia. Vencemos todas as etapas e conseguimos ser campeões europeus em março. Para gente, isso é muito importante. Serve de experiência, jogar em outra equipe, com a metodologia de outro treinador. Só é um pouco puxado", comenta Romário, que nasceu com baixa visão e, aos 18 anos, a perdeu totalmente por conta da retinose pigmentar. Ele joga pela Seleção há 13 anos.
Mas o potiguar de Natal afirma que dá para conciliar tudo: "Passo dez dias aqui, na fase de treinamento do Brasil, depois mais oito dias treinando pelo Santos. Então são pelo menos 18 dias treinando em São Paulo. Quando tem a fase de Portugal, eu emendo. Não vou para casa, mas dá pra conciliar, sim. Infelizmente, quando o atleta quer vencer, tem que abrir mão de algumas coisas, como estar com os familiares e amigos", explicou Romário.
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Leomon concorda que é possível conciliar, pois as prioridades foram estabelecidas: "Pela Seleção, são compromissos periódicos, fases de treinamento. No Sporting, fazemos da mesma forma: fases de treinamentos para ir para competição. Então dá para coordenar as datas. Às vezes, até bate com alguma fase de treinamento da Seleção, mas desde o começo deixamos claro para o Sporting que, se batesse alguma data, teríamos que ficar no Brasil, que é a prioridade."
Nascido em Brasília, ele conheceu o goalball aos 7 anos, através dos seus irmãos mais velhos, que, assim como ele, têm retinose pigmentar e nasceram cegos. Além da Liga Europeia, a Champions League do Goalball, Leomon já participou de mais duas competições. Para ele, o mais importante de jogar em outro país é a evolução da modalidade.
"Eu aceitei a proposta logo de primeira. A gente traz muita experiência em ritmo de jogo, porque é totalmente diferente jogar um campeonato brasileiro de clubes e um campeonato europeu de clubes. No Brasil, temos no máximo quatro equipes em nível para chegar nas finais do brasileiro. Já nos campeonatos europeus, são todas as equipes no mesmo nível e, se não jogar bem, perde a partida e está fora. Então, temos que ter uma consistência e uma regularidade dentro dos jogos que nos leve a buscar os títulos."
Como em Portugal o idioma é o mesmo, na maior parte do tempo, os atletas brasileiros não tiveram muita dificuldade na comunicação. "Ano passado, em Berlim, teve uma competição, que, pela primeira vez, ficamos no time com um tcheco e um sueco. Então foi um pouco difícil. Mas como sabemos a base do inglês, que é usado em jogo, "right", "left", já facilita. O importante é conseguir se comunicar dentro de quadra", contam os jogadores.
Assessoria de comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)